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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A paciência de Cristo e a pressa da Igreja


André Filipe, Aefe
“O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento (…) Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda” – 2Pe.3.9,11-12.
Dizem que um noivado dura alguns meses e uma eternidade. A brincadeira diz respeito ao aumento da expectativa dos noivos na medida em que vai chegando o dia do casamento, e o último mês parece não acabar! Essa é a expectativa própria do encontro de pessoas que se amam. A segunda carta de Pedro parece nos apresentar, em uma linguagem poética, uma maneira como Cristo e sua igreja estão em ardente expectativa pelo encontro definitivo.
Em 2Pe.3.9, Pedro responde àqueles que diziam que Cristo estava demorando a retornar. Teria o Cristo esquecido de sua igreja? Pedro mostra que Jesus, na verdade, ao contrário de estar indiferente à sua igreja, Cristo possui grande paciência para aguardar que todos os eleitos recebam o Espírito Santo por meio da pregação da Palavra. O que Pedro quer nos mostrar é que Cristo não volta enquanto sua igreja não esteja completa. Cristo não volta enquanto o evangelho não for pregado em todos os povos. Há uma ardente expectativa de Cristo pelo avanço do evangelho, e não uma indolência para retornar.
Da mesma maneira, o seu povo não fica amortecido. Por sua vez, a igreja espera também com grande expectativa pelo retorno de seu Noivo, e ela faz isso vivendo uma vida santa e piedosa (2Pe.3.11-12). Esta vida piedosa diz respeito não apenas à questão moral, mas também à intensa atividade de evangelização no mundo. Quando a igreja evangeliza e envia missionários, e quando pessoas no mundo todo se arrependem, o evangelho vai sendo completado e, em linguagem poética, o retorno de Cristo é apressado! Enquanto prega, o crente está com um olho no mundo e um olho nos céus, pois cada alma convertida a Cristo é um vislumbre do retorno de Jesus.
É claro que nenhum dos comprados pelo sangue de Cristo irá se perder. O que Pedro está nos mostrando é o coração de um noivo e de uma noiva com grande expectativa para o reencontro. Ele, aguardando pacientemente pela noiva, e a noiva trabalhando arduamente para estar pronta para as bodas! Isso são missões. Cristo aguarda com ardente paciência a evangelização mundial, e a igreja trabalha com ardente pressa pelo grande encontro. É essa a visão e o coração de uma igreja missionária.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

R$ 1,30, nada mais?!


“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” Mt 28:19 
O Senhor nos comissionou para fazer discípulos de todos os povos, tribos, etnias, línguas e nações. Desde que recebemos essa ordem já se passaram dois milênios e continua havendo muita terra para ser conquistada. Os desafios são muitos, por exemplo:
  – Há 24.000 povos no mundo, faltando 6.800 para serem alcançados pelo Evangelho.
  – Há 6.909 línguas no mundo, sendo que 2.432 delas não têm Bíblia
  – 85.000 pessoas morrem a cada dia sem nunca terem ouvido de Cristo.
  – 500 milhões de chineses nunca ouviram ao menos o nome “Cristo”.
  – Das 600 mil cidades e vilas da Índia, 500 mil delas não possuem obreiros cristãos.
Diante do exposto a igreja brasileira pode fazer muito mais para encarar esses desafios, afinal somos a terceira maior igreja do mundo, com mais de 300.000 templos. Infelizmente precisamos de 100.000 crentes para sustentar um único missionário na Janela 10-40 e investimos em média apenas R$ 1,30 por pessoa ao ano para missões transculturais. O mais triste é saber que mais de 99% das igrejas brasileiras não adotou único missionário transcultural.
Isto é inadmissível e vergonhoso. Algo tem que ser feito para mudar este quadro. Creio que estamos cometendo o mesmo pecado que os filhos de Israel cometeram nos tempos de Josué, quando sete tribos foram negligentes em possuir a terra, apesar de Deus já ter dado a terra (Js. 18:2 e 3). Creio que podemos chamar este pecado de Grande Omissão, conforme Tg. 4:17.
Oswald Smith pastoreava uma igreja que tinha mais de 800 missionários e que escreveu muitos livros impactantes, tais como: Paixão pelas AlmasEvangelizemos o Mundo, Clamor do Mundo, etc. Ele cunhou, com muita coragem, a triste frase: “O primeiro e maior obstáculo para missões são os pastores…” Aqueles que tem a incumbência de descobrir vocacionados, orientá-los, treiná-los, enviá-los aos campos não alcançados e sustentá-los dignamente, seriam os maiores obstáculos para missões?
Precisamos ter coragem para mudar a nossa prática como igreja de Jesus. Com um pouco mais de criatividade e ousadia podemos seguir o exemplo dos irmãos morávios, que enviavam 1 missionário para cada 12 membros da igreja.
Imagine se cada igreja brasileira com 100 membros enviasse apenas um missionário bem preparado e dignamente sustentado aos povos não alcançados? Graças a Deus que a igreja brasileira tem as condições para isso, portanto, oremos ao Senhor para que desperte os vocacionados para alcançar os confins da terra.
 BertrantPr. Bertrant Vilanova
(Dados extraído do site:www.horizontes.com.br)

sábado, 3 de janeiro de 2015

Células ou missões? Como duas práticas bíblicas podem ser concorrentes?


Luis Fernando Nacif Rocha
Entender de ondas não é algo só para surfistas. A igreja é um campo fértil para o surgimento de ondas, ainda que elas não sejam todas tão bem-vindas, como as ondas na praia são para os surfistas. Enquanto alguma sondas vêm suprir necessidades básicas da Igreja, para depois perder sua foça, outras ondas acabam terminando mais como uma inundação danosa.
Quando alguns falam sobre o movimento de células ou grupos pequenos, o enxergam como uma onda inicialmente boa que acabou arrebentando sobre a Igreja, de forma especial sobre o movimento de Missões Transculturais. Mas colocar esse peso sobre o trabalho de células é tentar apontar um erro cometendo outro.
Levar o Evangelho a todas as nações( missões Transculturais) é indiscutivelmente algo bílbico. Porém, viver o Evangelho na intimidade do lar em comunhão, edificação e evangelismo através de células é também bíblico, então estamos em um impasse. Como duas práticas bíblicas podem ser concorrentes? Só há uma resposta: não são!
A meu ver não há ambiente mais propício para se viver tanto a simplicidade, quanto o poder do Evangelho do que em um grupo caseiro. Amo e acho imprescindível nos reunirmos em cultos públicos para celebrarmos juntos o amor de Deus dentro de um templo. Mas acho simplesmente fantástico ver a diversidade da Igreja em ação nas células, onde cada um pode ter a oportunidade de exercitar seu dom espiritual em um grande banquete preparado pelo Espírito de Deus.
Se a vivência nas células é assim tão boa, Missões não só pode como deve ter nelas uma importância especial. E isso pode ser feito de formas bem simples e práticas.
Intercessão missionária
As células têm um potencial fantástico de mobilização para a intercessão e não é diferente em relação a Missões Transculturais. O departamento de Missões pode estabelecer uma canal de comunicação com as células, alimentando-as com informações sobre o avanço do evangelho entre as nações, os desafios da Igreja de Cristo em países onde há grand eperseguição, atualizações sobre a Janela 10x40 e regiões em guerra. Os momentos de oração comunitária nos cultos são multiplicados exponencialmente à medida que as células intercedem diariamente por esses motivos.
Cuidado Missionário
A comunhão entre os irmãos, ponto alto na vivência dos grupos caseiros, pode ser usada em benefício do cuidado integral dos missionários. A partir de orientações da liderança, as células podem ser desafiadas a adotar as famílias de misisonários. Se cada célula adota uma ou duas familias no campo com contatos através da troca de cartas e vídeos, isso não só acende a visão missionária da igreja como renova a alma dos missionários, que não se sentem solitários na frente de batalha.
Treinamento missionário
De modo geral o trabalho de plantação de igreja em um campo transcultural é feito através de um evangelismo por relacionamentos, estabelecimento de estudos bíblicos, discipulado e uma treinamento de liderança para formação da igreja local.
O interessante é que este é exatamente o processo de formação, pastoreio e multiplicação de uma célula, fazendo dela um dos melhores ambientes para se treinar um vocacionado. A célula é um ótimo teste ministerial para o vocacionado, para que se firme a máxima de que " só é benção longe quem é benção perto."
A diferença entre o surfista mediano e o excelente é que o último não costuma reclamar do tamanho da onda. seja ela pequena ou daquelas de dar frio na barriga só de olhar, ele tira as melhores manobras possíveis.
Alimentar uma suposta tensão entre células e missões é perder a riqueza daquilo que Deus tem colocado à nossa disposição. Ao invés de pensar em células ou missões, façamos da nossa igreja células em missões.