Samuel Zwemer assumiu o
compromisso de ser missionário durante o seu último ano na faculdade, em 1887.
Assim que se formou, ele organizou, juntamente com vários outros
universitários, uma viagem missionária para a Península Arábica. Depois de 23
anos de ministério no Bahrain e no Kuwait, ele decidiu focalizar seu ministério
na área de palestras e produções escritas, as quais se espalharam em toda a
região do Cairo, no Egito. Durante este período, ele escreveu muitos livros e
artigos de excelente qualidade, tornando-se o pioneiro em lançamentos de
trabalhos de estudo e treinamento voltados para ajudar a igreja no processo de
evangelização de mulçumanos. Por muitas destas razões, Samuel Zwemer é
considerado o primeiro apóstolo para o mundo árabe. Este trecho foi extraído do
artigo que ele escreveu em 1911.
O desafio de alcançar os campos
do mundo que ainda não conhecem a Jesus requer uma fé muito grande e, portanto,
também um grande sacrifício. Nossa disposição para nos sacrificar por um
empreendimento é sempre proporcional à fé que temos nesse empreendimento. É
essa fé que nos torna hábeis para transformar o apenas possível em algo real.
Uma vez dominado pela convicção
da necessidade de fazer uma determinada coisa, não há nada que possa deter um
ser humano na luta pela conquista de suas metas. Temos a nossa "ordem para
marchar", conforme disse O Duque de Ferro de Wellington, Arthur Wesley,
nosso Primeiro Comandante a não estar ausente, o impossível torna-se não
somente prático, como também imperativo. Charles Spurgeon, pregando no texto
bíblico que diz "Foi me dada toda a autoridade... E eu estarei sempre com
vocês", usou estas palavras: "Aqui vocês têm um fator que é
absolutamente infinito, então que relevância quaisquer outros fatores podem
ter? 'Eu farei o máximo que puder,' disse alguém. Qualquer insensato pode fazer
isto. Aquele que crê em Cristo faz exatamente o que os demais não podem fazer:
tentar realizar o impossível e ser capaz de, através de Cristo,
desempenhá-lo."
Frequentes retrocessos e
aparentes fracassos nunca desanimam o verdadeiro pioneiro. Os martírios
ocasionais são apenas um novo incentivo. A oposição é um estímulo para um
melhor desempenho das atividades. Grandes vitórias nunca foram possíveis sem
grandes sacrifícios. Se a conquista de Port Arthur exigisse balas humanas, não
poderíamos esperar tirar os Port Arthurs e os Gibraltars do mundo não cristão,
sem que houvesse mortes. Será que realmente importa quantas pessoas morrem ou
quanto dinheiro gastamos em abrir portas fechadas e em ocupar diferentes campos
se cremos que missões são pelejas e que a glória do Rei está em jogo? Guerras
sempre envolvem sangue e tesouro. Nossa única preocupação deve ser nos manter
em ataque e vencer a qualquer custo, sem nos importarmos com os sacrifícios que
possam ser requeridos de nós ao longo do caminho.
Os campos desocupados do mundo
precisam passar pelo Calvário antes de poder vivenciar o dia de Pentecostes. Raimundo
Lúlio (Ramon Lull), o primeiro missionário a ir ao mundo mulçumano, expressou
esse mesmo pensamento na língua medieval, quando escreveu: "Assim como um
homem faminto anseia em preparar um alimento para saciar sua grande fome,
também Teu servo sente um grande desejo de morrer para poder glorificar-te. Ele
se apressa de dia e de noite para completar a sua obra, a fim de poder
renunciar a seu sangue e a suas lágrimas, entregando a ambos para serem
derramados por Ti".
Uma Saudade Invertida
Os campos do mundo ainda não
alcançados pelo Evangelho esperam por aqueles que estejam dispostos a se isolar
em favor da causa de Cristo.
As palavras que nosso Senhor
Jesus Cristo dirigiu aos apóstolos no momento em que lhes mostrou Suas mãos e o
Seu lado feridos impactaram de forma especial o trabalho missionário:
"Assim como o Pai me enviou, eu os envio" (João 20:21). Ele veio ao
mundo porque este era um grande campo missionário desocupado. "Veio para o
que era seu, mas os seus não o receberam" (João 1:11). Ao chegar, teve
como manifestação de boas-vindas apenas insultos, deu a Sua vida, entregou-se
em sofrimento e desceu de Seu trono à Cruz, embora sua única expectativa fosse
que o seguíssemos.
Devemos seguir as Suas pegadas. O
missionário pioneiro, ao superar obstáculos e dificuldades, tem o privilégio
não apenas de conhecer a Cristo e o poder da Sua ressurreição, mas também de
participar da comunhão do Seu sofrimento. Tanto o povo do Tibet ou da Somália,
como o da Mongólia ou do Afeganistão, da Arábia ou do Nepal, do Sudão ou da
Abissínia e de todo o mundo pode ser chamado para declarar, assim como disse
Paulo: "Agora me alegro em meus sofrimentos por vocês, e completo no meu
corpo o que resta das aflições de Cristo, em favor do seu corpo, que é a
igreja" (Colossenses 1:24; confira também Marcos 12:44 e Lucas 21:4). O
que é isto senão a glória do impossível! Quem, naturalmente, preferiria deixar
o calor e o conforto da lareira e do lar, bem como o amor da família, para sair
em busca de uma ovelha perdida, cujo lamento mal podemos ouvir no uivar da
tempestade? No entanto, tal é a glória da tarefa que nem as obrigações e necessidades
do lar podem impedir aqueles que alcançaram a visão, e o espírito do Grande
Pastor. Por termos sido feitos por Deus Suas ovelhas, bem como também são
considerados todos aqueles que estão perdidos, e não Seus empregados, devemos
nos preocupar em reunir ao rebanho todas aquelas que se desviaram de volta aos
cuidados do nosso Bom e Eterno Pastor.
Embora a estrada seja áspera e
íngreme, vou para o deserto para encontrar as minhas ovelhas. "Para mim
não há nada mais sensível e nem mais patético", diz Doutor Forsyth,
"do que a maneira na qual missionários desaprendem a amar seus respectivos
antigos lares, morrendo para a sua terra nativa, passando a unir seus corações
às pessoas a quem serviram e alcançaram; sendo assim, eles não poderiam
descansar na Inglaterra, devendo regressar para enterrar os seus ossos onde
dedicaram os seus corações para Cristo. Quão vulgar parece o patriotismo comum,
comparado a esta saudade invertida, esta paixão por um reino que não tem
fronteira e não faz acepção de raça, a paixão de um Cristo sem teto!" 4
James Gilmour na Mongólia, David
Livingstone na África Central, Grenfell no Congo, Keith Falconer na Arábia, Dr.
Rijnhart e Miss Annie Taylor em Tibet, Chalmers em Nova Guiné, Morrison na
China, Henry Martyn na Pérsia, e todos os outros que, como eles, sentiram esta
"saudade invertida" não podem explicar este entusiasmo de chamar de
"seu" àquele país que se encontrava em grande necessidade do
Evangelho. Com este novo ânimo, todos os demais entusiasmos vieram a acabar;
diante desta visão, todas as demais visões se desvaneceram; este chamado afogou
todas as demais vozes. Eles foram os pioneiros do Reino, os exploradores de
Deus, ávidos por atravessarem fronteiras, descobrir novas terras ou conquistar
novos impérios.
O Espírito Pioneiro
Os pioneiros de Deus partiram à
luta armados não com uma simples machadinha e uma mera pá, mas com a poderosa
espada do Espírito e com o fogo transformador da Verdade: eles abriram o
caminho àqueles que viriam depois deles, glorificaram também durante a
tribulação e suas cicatrizes foram o selo de seus apostolados. Parafraseando o
apóstolo pioneiro, devemos sempre ter como lema a seguinte frase: "trago
em meu corpo as marcas de Jesus" a fim de sermos aprovados "como
servos de Deus... em açoites, prisões e tumultos; em trabalhos árduos, noites
sem dormir e jejuns."
Thomas Valpy French, Bispo de
Lahore, ao qual Dr. Eugene Stock chamara de "o mais distinto de todos os
missionários da missão Church Missionary Society (Sociedade Missionária da
Igreja)", possuía o verdadeiro espírito pioneiro e conhecia a glória do
impossível. Depois de quarenta anos de abundante e frutífero trabalho na Índia,
ele renunciou ao bispado e traçou planos evangelísticos para alcançar o
interior da Arábia com a Verdade de Jesus. Thomas era um gigante intelectual e
espiritual. "Viver com ele era beber da fonte de uma atmosfera espiritualmente
tonificante. O mesmo bem que o ar de Engadine (popular cidade turística na
Suíça) faz ao corpo, faz a intimidade com ele à alma. Estar em sua presença era
um aprendizado. Ele achava que não havia nada a que um homem não devesse
renunciar—lar, esposa ou saúde, quando o chamado de Deus se fazia claro. Por
outro lado, todos sabiam que Thomas apenas requeria deles aquilo que ele mesmo
havia feito e estava sempre fazendo".
Quando Mackay, de Uganda, em seu
extraordinário apelo por uma missão cristã voltada aos árabes de Omã (país
situado
na Arábia) convocou "meia dúzia de jovens rapazes das universidades
inglesas para se aventurar em fé",6 este veterano de sessenta e seis anos
de idade, com coração de leão, foi o único a responder, prontificando-se a
servir na batalha. Era a glória do impossível! No entanto, um pouco antes de
morrer na capital de Omã (Muscate), ele escreveu: "Se eu não conseguir
levantar um servo fiel e bem versado para lidar com o povo árabe, nem guiá-lo
pelo interior para obter os poucos suprimentos básicos necessários dos quais
preciso, posso tentar ir a Bahrain, Hodeidah e Sana, e, se isto não der certo,
tentarei o norte da África mais uma vez, em especial algumas regiões
montanhosas pois, sem uma casa própria, o clima seria horrível para mim—pelo
menos durante os meses de calor—e o trabalho acabaria ficando parado. Mas Deus,
por favor não permitas que eu desista, nem mesmo temporariamente, dos meus
planos para o interior; a menos que todas as portas sejam fechadas, seria pura
loucura tentar realizá-los. 6
"Eu não desistirei",
disse — e não desistiu até morrer. Nesta mesma visão, tampouco a Igreja de
Cristo poderia desistir da obra pela qual ele e tantos outros deram suas vidas
em Omã: ela prossegue.
A Ambição Apostólica
As províncias não evangelizadas
da Arábia e do Sudão aguardam por homens cujo espírito se pareça com o do Bispo
French, pois a ambição de alcançar regiões além dos centros já ocupados, mesmo
quando aqueles mesmos centros estão inadequadamente providos de pessoal e
necessitados de reforço, não é corajosa ou fantástica, mas verdadeiramente
apostólica.
"Sempre fiz questão",
disse Paulo, "de pregar o evangelho onde Cristo ainda não era conhecido,
de forma que não estivesse edificando sobre o alicerce de outro. Mas antes,
como está escrito: Hão de vê-lo aqueles que não tinham ouvido falar dele, e o
entenderão aqueles que não o haviam escutado" (Romanos 15:20-21). Ele
escreveu isto ao partir da importante cidade de Corinto, e prosseguiu
atribuindo a tais coisas a "culpa" por ainda não haver visitado Roma,
dizendo que esperava fazê-lo quando fosse à Espanha! Se, ainda no primeiro
século, o maior limite do Império Romano já fazia parte do seu projeto de
evangelismo, através do qual as Boas Novas de Cristo haviam sido pregadas desde
Jerusalém até Ilíaco (na antiga região da Iugoslávia), certamente, no início do
século vinte, não devemos ter uma ambição menor que a de entrar em todos os
campos ainda não alcançados por Jesus no mundo, para que "aqueles que
ainda não tinham ouvido falar dele possam ouvir, passando a entendê-lo aqueles
que não o haviam escutado".
Não existem registros que provem
que algum Apóstolo tenha sido audaciosamente coagido a ir para o exterior. Cada
um deles atendeu ao chamado missionário da mesma forma como um amado atenderia
a um compromisso marcado com sua noiva: tudo foi instintivo e natural. Eles
eram igualmente controlados por um objetivo comum, porém possuíam visões de
caráter individual, as quais os conduziram aos lugares onde eram
especificamente necessários.
No início do cristianismo, não há
um espírito calculista. A maioria dos Apóstolos morreu fora da Palestina,
embora a lógica humana teoricamente os proibisse de deixar o país até que este
fosse cristianizado. O instinto calculista é a morte da fé e, se os Apóstolos
permitissem que isto controlasse sua motivação e as suas ações, teriam dito:
"A necessidade em Jerusalém é tão grande e as nossas responsabilidades
para com o povo do nosso próprio sangue é tão óbvia que precisamos cumprir o
princípio do ditado que diz que 'a caridade começa em casa.' Depois que
conquistarmos o povo de Jerusalém, da Judéia e da Terra Santa em geral, então
teremos tempo suficiente para irmos para o exterior; mas os nossos problemas
políticos, morais e religiosos estão tão mal resolvidos aqui, neste local, que
é manifestamente absurdo nos curvarmos diante de uma ‘nova terra’”.
Foi justamente a grandiosidade da
tarefa e a sua dificuldade que emocionaram a Igreja primitiva. Sua
impossibilidade aparente era a sua glória, assim como seu caráter mundial era o
seu esplendor. O mesmo é verdade hoje. "Eu estou satisfeito",
escreveu Neesima do Japão, "em meditação sobre o maravilhoso crescimento
do cristianismo no mundo, e creio que, se este encontrar algum obstáculo, avançará
ainda mais rápido e veloz, do mesmo modo que os córregos correm mais rápidos,
quando encontram algum impedimento em seu percurso". 8
Esperança e Paciência
Aquele que lavra o solo virgem
deve lavrar com esperança, pois Deus nunca decepciona Seus lavradores. A
colheita sempre acompanha a semeadura. "Quando chegamos ao nosso
campo", escreve o missionário Hogberg da Ásia Central, "era
impossível reunir até mesmo poucas pessoas para ouvir as boas novas do
Evangelho. Não podíamos reunir crianças para a escola bíblica dominical. Não
podíamos pregar o Evangelho, nem distribuir folhetos. Ao edificarmos um novo
campo missionário, também construímos uma pequena capela e então nos
perguntamos: será que algum dia esta sala estará repleta de mulçumanos ouvindo
o Evangelho? Hoje, nossa pequena capela tem estado cheia de ouvintes e ainda
necessita de um espaço maior! Dia após dia, pregamos com o máximo de energia
que podemos, e os mulçumanos não mais se opõem a ouvir a verdade do Evangelho.
'Antes de sua vinda aqui, ninguém falava ou pensava em Jesus Cristo, agora
todos ouvem o Seu nome em todo lugar', disse-me um seguidor de Maomé. No início
do nosso trabalho, eles jogavam fora, queimavam ou devolviam os evangelhos, mas
agora eles os compram, beijam os livros, tocando-os à testa e comprimindo-os
contra o coração, demonstrando assim a mais elevada honra que um mulçumano pode
demonstrar por um livro".
O lavrador pioneiro deve ter
muita paciência. Quando Judson encontrava-se deitado e acorrentado num
calabouço burmês, um companheiro de cela lhe perguntou com desdém sobre a
perspectiva da conversão dos pagãos e ele calmamente respondeu: "As
perspectivas são tão promissoras quanto as promessas de Deus". 10
Não existe um país hoje que seja
tão inacessível cujas dificuldades sejam maiores dos que as existentes no caso
em Burma, quando Judson os enfrentou e os venceu.
O Desafio da Porta Fechada
Sabendo que as perspectivas para
a evangelização de todos os campos ainda não alcançados por Cristo são tão
promissoras quanto as promessas de Deus, por que deveríamos esperar mais tempo
para evangelizá-los? "A evangelização do mundo nesta geração não é uma
expressão ambígua", diz Robert E. Speer, "nem é um lema para ser
proferido descuidadamente. Ela é sim o chamado de Jesus Cristo a todos os
discípulos para morrer na cruz, seguindo os passos de Jesus que, embora fosse
rico, pelo nosso bem se fez pobre, para que por meio de Sua pobreza pudéssemos
ser ricos. Em outras palavras, é o apelo de Cristo que todos considerem sua
própria vida como nada sendo, para que possa usá-la como Ele usou a Sua, em
prol da redenção do mundo".11 Quem fará isto pelos campos ainda não
evangelizados?
Os estudantes voluntários hoje
não devem descansar até que seus específicos lemas encontrem aplicação prática
nos campos mais negligenciados e de difícil acesso, assim como também nos
países maduros para a colheita, e o chamado para os que colhem é em um número
cada vez mais crescente. O apelo da pobreza extrema é até mais forte do que o
da oportunidade. O oportunismo não é a última palavra em missões. A porta
aberta chama, mas é a porta fechada que desafia aquele que tem o direito de
entrar.
Os campos não evangelizados do
mundo têm, portanto, uma reivindicação de peso e urgência peculiares:
"neste século vinte da história cristã não deveria haver campos não
evangelizados. A igreja tem a obrigação de remediar este estado lamentável com
o mínimo de atraso possível". 12
Construa e Não Apenas Ganhe uma
Vida
Os campos ainda não alcançados
pelo Evangelho de Cristo representam um desafio a todos aqueles cujas vidas
estão desocupadas daquilo que é o melhor e mais elevado, estando ocupadas
somente com as coisas fracas ou com as coisas básicas e irrelevantes. Existem
olhos que nunca foram iluminados por uma grande visão, mentes que nunca foram
presas por um pensamento altruísta, corações que nunca se compadeceram dos
erros de alguém e mãos que nunca se cansaram ou se fortaleceram ao levantar um
grande peso. Para tais, o conhecimento destes milhões de pessoas sem Cristo em
terras ainda desocupadas deveria vir como um novo chamado da Macedônia e uma
visão surpreendente da vontade de Deus para si. Conforme observa o Bispo Brent,
"nunca sabemos qual medida de capacidade moral está à nossa disposição até
tentarmos expressá-la por meio de uma ação. Uma aventura de algumas proporções
não é excepcionalmente tudo que um jovem precisa para determinar e fixar o
poder da sua virilidade". 13
Existe um teste mais heroico para
o poder da virilidade do que o trabalho pioneiro no campo missionário? Ali está
uma oportunidade única àqueles que nem casa, nem em nenhum outro lugar puderam
encontrar espaço e liberdade suficientes para a capacidade latente de sua mente
e alma. Existem centenas de universitários cristãos contentando-se em apenas
passar suas vidas exercendo Direito ou algum outro ofício que garanta sua
subsistência, embora tenham força e talento suficientes para entrar e prosperar
nestes campos ainda não evangelizados. Existem jovens médicos que podem ir até
algum novo campo missionário para socorrer a milhares dos que "sofrem as
atrocidades do paganismo e do islã" e erguer o peso da sua dor, mas que
agora encerram seus esforços em alguma * "Útica fechada" (Útica é uma
cidade localizada no estado de Nova York onde, para a lei da competição, a arte
da cura é a mais desprezível e é muitas vezes meramente medida em termos
lucrativos).
O Bispo Phillips Brooks uma vez
rejeitou o desafio de uma grande tarefa, usando estas palavras: "Não orem
por uma vida fácil; orem para ser homens mais fortes. Então não só a realização
do seu trabalho será um milagre, mas vocês também". 14 Ele não poderia ter
escolhido palavras mais apropriadas para falar sobre a evangelização dos campos
do mundo ainda não alcançados com a maravilhosa Luz de Jesus, com todas as suas
desconcertantes dificuldades e suas gloriosas impossibilidades. Só Deus pode
nos conceder poder para realizar a tarefa. Ele foi suficiente para aqueles que
saíram a espalhar o Evangelho no passado, e é suficiente para aqueles que fazem
isto hoje.
Ao colocar-nos face a face com
estas milhões de pessoas que vivem nas trevas e em degradação moral,
levando-nos a conhecer o estado das suas vidas pelo testemunho indescritível
daqueles que visitaram os seus países, esta grande tarefa inacabada, ou melhor,
esta tarefa ainda não iniciada chama hoje aqueles que estão dispostos a
suportá-la e realizá-la.
Não um Sacrifício, Mas um
Privilégio
Quando David Livingstone visitou
a Universidade de Cambridge, em 4 de dezembro de 1857, ele fez um profundo
apelo àquele continente, o qual era então quase totalmente um campo não
evangelizado. Suas palavras, as quais foram, de certa forma, seu testamento aos
universitários a respeito da África, podem concluir bem este texto:
"Da minha parte, nunca parei
de me alegrar por Deus ter me nomeado para tal missão. As pessoas falam sobre o
sacrifício que eu fiz por dedicar tanto tempo da minha vida à África. Poderia
isso ser chamado de sacrifício quando simplesmente estou tentando devolver ao
nosso Deus uma pequena parte de uma grande dívida que nunca nenhum de nós
poderemos pagar? Seria isso um sacrifício, mesmo quando traz sua própria
recompensa em atividades saudáveis, através da consciência de fazer o bem, da
paz à mente e de uma esperança promissora para um destino glorioso no futuro?
Lance fora tal opinião e pensamento! Isto não é um sacrifício em absoluto. Ao
invés disso, diga que é um privilégio. A ansiedade, a enfermidade, o sofrimento
ou perigo, de vez em quando, com a renúncia de conveniências e donativos comuns
desta vida, podem nos fazer parar, levando nosso espírito a hesitar e nossa
alma a submergir: permita que isto dure somente um instante! Tudo isto não é
nada comparado à glória que será revelada no futuro em nós e para nós. Eu nunca
fiz sacrifícios."
"Eu suplico que dirija sua
atenção à África. Eu sei que daqui a alguns anos eu serei impedido de entrar
naquele continente, o qual agora está aberto. Não deixem que ele se feche
novamente! Regressarei à África para tentar abrir um caminho ao comércio e ao
cristianismo: dê continuidade ao trabalho que comecei, pois eu o deixarei aos
cuidados de vocês". 15
Notas
1 Sermão
de Charles Spurgeon em Our Omnipotent Leader in The Evangelization of the World
10 Nosso Líder Onipotente, em A Evangelização do Mundo), (Londres, 1887
2
Tadayoshi Sakurai, Human Bullets, The experience of a Japanese officer at Port
Arthur and a revelation of Japanese patriotism and obedience. (Balas Humanas,.
A Experiência de Um Oficial Japonês em Port Arthur, e uma revelação do
patriotismo e da obediência japonesa).
3 Raymond
Lull, "Liber de Contemplations in Deo," Samuel M. Zwemer's Raymund
Lull: first missionary to the Moslems (Em Samuel M. Zwemer's Raymund Lull: o
primeiro missionário entre os mulçumanos), (Nova York e Londres: Funk and
Wagnalls, 1902), p. 132.
4 P.T.
Forsyth, Missions in State and Church: Sermons and Addresses (Missões em Estado
e Igreja: Sermões e Palestras) (Nova York: A. C. Armstong, 1908), p. 36.
5 Mrs. J.
W. Harrison, Mackay of Uganda (Mackay de Uganda►, pp. 41 7-430.
6 S. M.
Zwemer, Arabia:The Cradle of 'siam; studies in one geography people and
politics of one peninsula with an account of Islam and mission work... (Arábia:
O Berço do Islã; estudos sobre uma geografia, povo e política de uma península,
com um relato sobre o islamismo e trabalho missionário...) Nova York: F. H.
Revell, 1900►, p. 350.
7 Charles
H. Brent, Adventure for God (Aventura para Deus), (Nova York: Longmans, Green,
1905), pp. 1 1-12.
8 Robert
E. Speer, Missionary Principies and Practice: a discussion of Christian
missions and of some criticisms upon them (Princípios e Práticas Missionárias:
um debate sobre missões cristãs e algumas críticas sobre estas►, (Nova York: F.
H. Revell, 1902), p. 541.
9 S. M.
Zwemer, Letter to Commission No. 1 (Carta à Comissão Número 1), World
Missionary Conference (Conferência Missionária Mundial►, Edimburgo, 1910.
10 Arthur
Judson Brown, The Foreign Missionary: an incarnation of a world movement 10
Missionário Estrangeiro: uma encarnação de um movimento mundial) (Nova York:
Fleming H. Revell, 1932), p. 374.
11 Speer,
na obra citada, p. 526.
12 Report
of World Missionary Conference (Relatório sobre a Conferência Missionária
Mundial), Edimburgo, 1910, Vol. 1.
13 Brent,
na obra citada, p. 135. d
14
Phillips Brooks, Twenty Sermons (Vinte Sermões) (Nova York: E. P. & Co.,
1903), p. 330.
15
William Garden Blaikie, Personal Life of David Livingstone... (A Vida Pessoal
de David Livingstone...) (Nova York: Harper & Bros., 1 895n), pp.243-244.
Extraído
de The Unoccupied Mission Fields of Africa and Asia (Os Campos
Missionários Desocupados na África e Ásia), Student Volunteer Movement for
Foreign Missions (Movimento Estudantil Voluntário para Missões
Internacionais), Capítulo 8, pp. 215-231, 1911. Public Domain, Copyright 2001
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