sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Sabenças & Sentenças da Missão: Frases e provocações missionais de Sammis Reachers (E-BOOK GRATUITO)



Amados irmãos, acabo de publicar o pequeno (pequeno mesmo, pois trata-se de um livrinho de bolso) Sabenças & Sentenças da Missão: Frases e Provocações Missionais de Sammis Reachers. O livro reúne uma coleção de frases e reflexões, pequenos insights publicados aqui e ali ao longo de quase 15 anos. Frases de inspiração e exortação, edificação e provocação, para temperar sua caminha cristã com pitadas de sal e pimenta, tudo mixado em 53 suaves páginas. 


O livro em formato PDF pode ser baixado GRATUITAMENTE pelo Google Drive, CLICANDO AQUI.



Se você desejar o livrinho impresso, ele custa apenas 14 reais, já com o frete incluso. Escreva para meu e-mail ( sreachers@gmail.com ).


terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Missões de curto prazo – Separando “turistas” de comprometidos


Tendo em mente o pouco impacto positivo, ou mesmo a carga negativa deixada por algumas missões de curto prazo mal planejadas e realizadas, Sherwood Lingenfelter, Decano da Escola de Missões Mundiais do Seminário Teológico Fuller, tem uma dica interessante, senão radical.

"A melhor coisa a fazer com as missões de curto prazo seria torná-las mais difíceis para as pessoas irem", diz ele. “Em vez de tentar fazer com que todo mundo vá, apresente um desafio e veja quem se comprometerá com um tempo maior de oração e preparação para ir”. Buscando realizar missões de curto prazo culturalmente relevantes e com impacto de longo prazo, Lingenfelter conta sobre uma viagem de curto prazo que ele fez ao Chade. Quando anunciou inicialmente a viagem, 45 alunos demonstraram interesse. Ele então convidou o grupo para vir orar com ele semanalmente, por um semestre inteiro. Ao final do semestre, apenas oito jovens permaneceram. Lingenfelter diz que “um pequeno grupo é melhor porque é possível treiná-los com antecedência e treiná-los durante a viagem, durante a missão”.


Adaptado a partir de Short Term Missions: A trend that is growing exponentially, de Don Fanning.


segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Missões Urbanas: Frases de Alan Basilio

 


Alan Basilio é um jovem pastor fluminense, atualmente sediado na cidade de Guaramirim - SC. Ele tem desenvolvido há anos um ministério prolífico de ação e pregação, capitaneando a Missão Raabe, que alcança moradores em situação de rua, prostitutas e outros invisibilizados. Alan tem ainda um trabalho focado no treinamento missionário para ações nas cidades. Publicou recentemente o livro A Justiça do Reino.

Facebook: https://www.facebook.com/alanbasiliorj


Aqui, reunimos um pouco das frases - edificantes e exortativas - do autor.


Quem faz das ruas o seu púlpito, tem a cidade como igreja.


Os homens querem uma igreja na cidade, Deus quer a cidade como igreja.


A cidade precisa de uma igreja espiritualmente ativa, humanamente sensível e socialmente missionaria.

 

A igreja precisa ser pai e mãe dos órfãos da cidade.


A paternidade pregada dentro da igreja precisa ser para assumir os órfãos que estão pelas ruas da cidade.

 

Falar de missão na cidade é falar de um Evangelho que atinge Nicodemos, Zaqueu, o Gadareno e o cego a beira do caminho.

É um Evangelho que desce ao gueto e entra no condomínio de luxo.

A igreja não pode cometer o mesmo erro da sociedade.

A sociedade esqueceu o morador de rua, a prostituta e o viciado, mas a igreja não pode esquecer do rico, do empresário e nem do playboyzinho.


Não estamos construindo paredes, muros e colunas, mas juntas, medulas e ligamentos. Não estamos construindo em um lugar, mas em alguém. O nosso posto de trabalho é o homem, a alma abatida e o espírito angustiado.


Igreja não é lugar de encontrar Deus. Igreja é lugar onde aqueles que já encontraram Deus se encontram. Deus mora nas RUAS com o que tem fome, frio e sede.


Se a igreja local não cumpre a sua parte na grande comissão, na evangelização de sua comunidade, então não existe muita diferença entre uma comunidade sem igrejas e uma comunidade com igrejas que não evangelizam. Pois a grande necessidade da atual sociedade [urbana brasileira] não é a de mais igrejas, mas de igrejas que cumpram o propósito pelo qual foram estabelecidas, que é o de anunciar a verdade de Cristo em um mundo corrompido pela mentira, a de anunciar salvação a um mundo condenado a morte, a de levar a luz em um mundo de trevas, a de revelar os céus a um mundo seduzido pelo inferno.


A igreja nunca atrairá o ímpio oferecendo a ele o que ele já tem no mundo. O tesouro da igreja é outro e essa é a nossa missão. Mostrar que nós temos algo diferente de tudo que o mundo tem para oferecer e que esse tesouro só pode ser encontrado em Cristo por meio da Sua igreja.


Cada cidade tem sua própria identidade e características únicas.
Mesmo as cidades mais pobres e miseráveis possuem pobrezas e misérias distintas uma das outras.
Isso se dá por conta da cultura que é agregada à realidade da cidade.
Então duas cidades extremamente pobres nunca serão exatamente iguais.
A mesma fórmula é empregada também quando se trata de cidades economicamente mais ricas.
Por isso é necessário uma exegese da cidade.
Precisamos entender que a forma de amar sempre será igual independente da cultura ou do poder aquisitivo da cidade, mas a forma de servir a cidade não.
Essa deve sofrer alterações para melhor se adequar à realidade que nós nos propomos a servir.
Os pobres não são todos iguais só por serem pobres.
Encontramos diferenças até mesmo entre as necessidades dos pobres.
Da mesma forma os ricos não são todos iguais só por serem ricos.
Precisamos aprender com Deus a servir coletivamente a cidade e individualmente a necessidade de cada morador dela, seja pobre ou seja rico.


A narrativa bíblica nos mostra que um justo pode tanto salvar uma cidade, quanto condenar toda uma geração.

domingo, 30 de outubro de 2022

BRASIL: O Celeiro de Missões que não deu certo?

 


Raquel Elana

Enquanto reescrevo a conclusão deste livro (O Guia do Missionário), não posso deixar de mencionar o grande milagre que o Senhor nos concedeu ao libertar da prisão meu pastor de campo, Andrew Brunson. Ele passou 2 anos encarcerado numa prisão gelada da Turquia, acusado injustamente de terrorismo, depois de servir fielmente 23 anos nesta nação.

Durante seu tempo no confinamento, Andrew conta que passou boa parte na solitária. Foram dias de angústia e depressão em que muitas vezes pensou na morte. Tudo começou a mudar, contudo, quando ele percebeu que através de sua prisão, milhões de cristãos estavam orando por ele e pela Turquia. De fato, o que aconteceu foi um movimento de oração global sem precedentes na História Moderna da Igreja.

Pastor Andrew conta que certo dia, enquanto falava com Deus, foi levado a orar por duas nações: A China e o Brasil. Ele disse que enquanto orava pela China, a palavra “Brasil” saía de sua boca e nem ele mesmo entendia por quê. Foi então que percebeu que o Senhor deseja usar a Igreja Brasileira para a colheita no Oriente Médio. Isto para ele foi uma visão muito clara.

Confesso que a primeira vez que o ouvi falar sobre isso fiquei muito surpresa. Pensei comigo mesma, por que Deus lembraria a um pastor americano encarcerado, do Brasil?

Muitos de nós ainda se lembram das profecias de um passado não muito distante onde se dizia que o Brasil seria levantado como um Celeiro de Missões para o Mundo. Você se lembra? Porém, depois de anos no campo, lutando com a escassez de obreiros, especialmente que pudessem juntamente comigo ministrar na língua árabe, desacreditei desta promessa.

Enquanto tomávamos café, durante sua visita ao Brasil, perguntei ao Pastor: se a promessa era verdadeira e se o Senhor estava nos lembrando desta Palavra, por que os brasileiros não estavam indo ao campo? Qual era nosso problema? Ele então disse: "Os brasileiros não estão dispostos a sacrificar': E eu acrescentaria que este problema não inclui só os brasileiros. Na verdade, os cristãos de hoje não estão dispostos a sacrificar, mesmo os que se dispõem ao trabalho missionário.

Mesmo na Missão, não estamos preparados para sacrificar. De forma voluntária, a maioria não escolheria sacrificar sonhos, família e a própria vida para que o Evangelho do Reino se torne conhecido entre os Não- -Alcançados. Mas esta mentalidade pode mudar. E como os heróis da fé do passado, podemos continuar crendo que o Senhor fará cumprir Sua Palavra, levantando a Igreja Brasileira num novo mover missionário. Levantando você, vocacionado, candidato ou jovem missionário. Seja você resposta do clamor do mundo. Posso dizer que para mim tem valido a pena, mesmo em meio às dores e ao sofrimento. Vale a pena servir ao Senhor e ser parte deste plano glorioso de redenção entre todas as famílias da terra.


Raquel Elana, no livro O Guia do Missionário - Um manual de sobrevivência para o campo missionário transcultural (Editora Descoberta). O livro pode ser adquirido diretamente com a autora (veja AQUI), e os lucros ajudarão na obra que ela realiza no Oriente Médio.


terça-feira, 18 de outubro de 2022

Programa Conversa de Missões - O universo missionário brasileiro em perspectiva

 


Apresentado por Sylvia Maia de Souza, o programa Conversa de Missões traz, a cada edição, algum tema de importância para a obra missionária da igreja de Cristo. Sempre contando com convidados especiais - missionários, missiólogos, pastores e outros - o universo de missionário abarcado pela igreja brasileira, no Brasil e no mundo, é posto em perspectiva. 

Os programas vão ao ar às segundas-feiras, no horário das 20h. Com duração de 1h20 em média, já são mais de 120 programas disponíveis. Um verdadeiro tesouro de informação e edificação.

Conheça e se inscreva no canal: https://www.youtube.com/c/conversademiss%C3%B5es


Alguns programas para sua apreciação:






quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Três poemas missionais de Sammis Reachers



 Descalços

 

Andamos nossos passos nazarenos

Numa comissão feita de restaurações

De encontro ao abraço que do alto sol

nos aquece com seu banho morno

 

Somos luas nômades, vinte séculos

De cisma e audácia bordados:

Ágapes em busca de âmagos, almas

Arautos de uma missão sem centros

 

Nossa força nem é fé, nem esperança

Apenas, mas estarmos sempre confortáveis

No desconforto: rosas e lótus e girassóis

De amor sempre indiviso, sempre irisado.



A integralidade da missão

 

A vereda do arauto

É um mais que

solfejar esperanças.

 

É enfornar, cozinhar

e transportar os tijolos

empregados na construção

crística, ou seja, comunitária

de um abraço.

 


Ambrósio de Pádua, o Cão

 

Entrando em seus aposentos

- um catre e um Livro -

E cerrando sobre si o ferrolho,

O principal dos pecadores

Arrancava de seu corpo as vestes,

De seus ossos as honras da missão

Antes de inclinar seus joelhos

De pó até o pó, nu sobre o abismo:

 

Como pano ou ilusão quaisquer

Poderiam mascarar suas misérias?


Os poemas podem ser livremente compartilhados e republicados, sem necessidade de autorização do autor.


domingo, 25 de setembro de 2022

ALGUNS PRECEITOS PRINCIPAIS DE MISSIOLOGIA BÍBLICA

 


 William H. Smallman


1. Deus deseja que toda pessoa e todo povo sejam reconciliados com Ele.

2. O método principal de Deus no mundo é a igreja local.

3. Deus já providenciou TODOS os recursos necessários para as igrejas efetuarem obediência frutífera à Grande Comissão.

4. A diversidade cultural de hoje é devido à maneira de Deus encher a terra. Ele mesmo criou a variedade de línguas, e as usou para guiar pessoas juntas, e povos à parte.

5. TODA sociedade na terra é capaz de entender e abraçar o evangelho em termos de seu próprio idioma cultural, e de gozar a presença de igrejas bíblicas adaptadas ao ambiente cultural.

6. Toda comunicação é a troca de símbolos. Os comunicadores transculturais devem, então, aprender a usar os sistemas de símbolos em vigor no ambiente cultural onde divulgam o evangelho.

7. Deus gosta de se comunicar por encarnação, isto é, por se integrar na população da qual Ele foi alienado. Encarnação, então, é o nosso método de preferência para apresentar Cristo ao mundo. Ele vive em nós, e se manifesta à medida que vivemos entre os povos.

8. O âmago da religião é agir na VERDADE sobre DEUS, e não só melhorar o conforto dos ansiosos nem se harmonizar com o ambiente hostil. O alvo da religião é a reconciliação com o Único Deus Verdadeiro. Existem muitas religiões falsas.

9. Em algumas sociedades, decisões importantes sio feitas individualmente. Mas em muitas sociedades, decisões importantes se fazem coletivamente por discutir as questões até chegarem ao consenso. Decisões comunais são válidas, e são ratificadas pelos indivíduos envolvidos dentro da sociedade.

10. O objetivo do trabalho missionário é a salvação de almas e o estabelecimento de novas igrejas, em vez do melhoramento duma sociedade. Mesmo assim, a redenção e transformação de cidadãos vai sempre melhorar a sociedade de dentro para fora. Nossa ajuda compassiva, em nome de Cristo com os problemas sociais, pode despertar uma consciência de precisar de Cristo. Tais esforços podem se desempenhar juntos.

11. Os missionários estrangeiros são sempre o elemento temporário, de fora da vida das igrejas que eles estabelecem. O propósito é descobrir e desenvolver a liderança dentro da sociedade para dirigir as igrejas pelo longo prazo.


Do livro Missiologia: Mensageiros de Cristo para o Mundo.


terça-feira, 13 de setembro de 2022

Dica de leitura: O Guia do Missionário - Um manual de sobrevivência para o campo missionário transcultural

 

Prova da maturidade do movimento missionário brasileiro é a publicação de livros de instrução teórica e prática, baseados em estudos e EXPERIÊNCIAS de nossos autores, realizados nos mais diversos lugares do mundo. Isso demonstra que nosso esforço missional se retroalimenta, completando o ciclo de mobilização - preparo - envio - cuidado - manutenção. Autores-missionários como Jairo de Oliveira e Raquel Elana são a prova viva desta maturidade.

Nesta segunda edição (revista e ampliada) de seu O Guia do Missionário - Um manual de sobrevivência para o campo missionário transcultural, a missionária Raquel Elana, que possui graduações em Teologia e Jornalismo, além de larga experiência servindo em diversos países do Oriente Médio, oferece um completo panorama das etapas e processos sobre o preparo e a atuação missionária. 

Escrito numa linguagem clara e direta, a autora apresenta dicas práticas e exemplos reais de como proceder (ou não) na jornada pré, intra e pós-campo. Embora um livro focado nas práticas, a autora não descuida dos assuntos da alma, e transcorre sobre problemas diversos que a missão transcultural pode apresentar para o missionário no seu trato individual e relacional. Uma leitura oportuna tanto para vocacionados quanto para missionários já em atuação, além de pastores, mobilizadores e qualquer cristão que entenda que a obra missionária é obrigação de todos, seja como enviadores, mantenedores ou missionários de apoio ou de campo.

Dois trechos do livro, sobre chamado, mobilização e mantenedores:


"O chamado de Deus sobre você é o que o capacita a desafiar, na unção do Espírito, igrejas e multidões à obra missionária. Exercite sua fé e creia que Aquele que chama é o mesmo que providencia. Não perca seu tempo amargurado ou transferindo responsabilidades. Trabalhe e lute pelo cumprimento da promessa de Deus em sua vida. A responsabilidade final é sua e não das igrejas, organizações o quem quer que seja."


"Missionário: Antes que você se levante convidando amigos e igreja para que se disponham a sustentá-lo na oração, ore. Primeiramente, ore para que Deus levante as pessoas certas. Depois disto torne-se um intercessor (ou intercessora) em favor de cada um deles. Assim, através do seu clamor, o Espírito Santo manterá a chama acesa no coração deles e fará além daquilo que você possa imaginar. Uns poderão ser chamados ao ministério e outros ainda poderão enviar recursos."


O livro possui 272 páginas, e foi publicado pela Editora Descoberta. Pode ser adquirido no site da editora, CLICANDO AQUI.



sábado, 3 de setembro de 2022

Informações para Missões - Conferência Virtual


 Informações para Missões - Mission Information Workers

Conferência virtual 


Na semana de 19 a 22 de setembro de 2022, todos os dias, das 10h às 12h de Brasília, a Comunidade Global de Informações para Missões (CMIW), o Harvest Information Standards (HIS) e a Rede Lausanne de Pesquisa e Informação Estratégica estarão patrocinando uma conferência virtual. O objetivo da conferência é:

Acelerar o desenvolvimento da comunidade de informações para missões (individualmente e em conjunto) fazendo contribuições debaixo de oração, com coração piedoso, respeitosas, cruciais e amplamente compreendidas para a missão da igreja de Deus na próxima década ou mais.

A conferência abordará vários temas, tais como:

1. Treinamento e Capacitação

2. A Iniciativa de Dados Globais

3. Lausanne 4

4. Comissão de Missão da WEA

5. Padrões de dados sobre a Seara pelo HIS

6. Os Surdos e as Informações para missões


Teremos tradução em português. Participe! Faça sua inscrição: https://bit.ly/3Tad71l


terça-feira, 23 de agosto de 2022

A Escória da Sociedade Evangélica Brasileira do Século XXI


D. Botelho

 "Vocês já têm tudo o que querem! Já se tornaram ricos! Chegaram a ser reis — e sem nós! Como eu gostaria que vocês realmente fossem reis, para que nós também reinássemos com vocês! Porque me parece que Deus nos colocou a nós, os apóstolos, em último lugar, como condenados à morte. Temo-nos tornado um espetáculo para o mundo, tanto diante de anjos como de homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, mas vocês são sensatos em Cristo! Nós somos fracos, mas vocês são fortes! Vocês são respeitados, mas nós somos desprezados!

Até agora estamos passando fome, sede e necessidade de roupas, estamos sendo tratados brutalmente, não temos residência certa e trabalhamos arduamente com nossas próprias mãos. Quando somos amaldiçoados, abençoamos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, respondemos amavelmente. Até agora nos tornamos a escória da terra, o lixo do mundo". Apóstolo Paulo

Em termos sintéticos podemos afirmar com muita convicção que o missionário brasileiro transcultural é a escória da sociedade evangélica.

Neste momento de grande frustração, desilusão e decepção, desejamos tornar público o nosso desabafo, será que temos direito a isso?.

Cremos que seriam necessários mais apologistas para defender esta classe que é esquecida, desprezada, ignorada, menosprezada e por que não dizer que é até mesmo rejeitada.

Não nos foi implorado para fazer tal declaração, mas diante da crua realidade vista em nossa pátria, nesta conjuntura, há uma demanda intrínseca em nossas vidas que não pode se emudecer diante dos fatos aqui relatados.

É verdade que há alguns raros privilegiados, apoiados por igrejas e pastores sérios que amam a causa missionária.

Mas são exceção.

O que quero chamar a atenção aqui é para a maioria humilhada, sofrida, resignada e distinta categoria de milhares de missionários que, embora imprescindíveis para a expansão do reino de Deus na terra, hoje é desprezada e abandonada.

 

O que é um missionário transcultural?

 

É aquele que trabalha com outra cultura diferente da sua.

Ele não precisa ir para outro país para ser incluído em tal classificação, pode trabalhar com povos indígenas, que possui mais de 100 tribos sem nenhum obreiro, ou outras etnias: bolivianos, chineses, árabes, japoneses ou haitianos que moram aqui.

Ele não precisa aprender outra língua para ter tal ministério, pois pode trabalhar em Guiné Bissau, Angola, Moçambique ou Portugal, países que têm culturas totalmente diferentes da nossa.

Infelizmente, desvirtuaram o termo "missionário" nos dias de hoje no contexto brasileiro.

Missionário é o tele-evangelista, a esposa do pastor, o obreiro de obra social, o líder de alguma congregação ou de um grupo de oração.

Cremos que foi por isso que os missiólogos brasileiros cunharam um novo termo, "missionário transcultural", para definir a classe esquecida, menosprezada e rejeitada e que precisa do nosso amor.

Ele deve receber o nosso carinho e apoio tanto quando estão nos campos como quando retornam à pátria. Devemos recebê-lo com muito apreço em nossos lares e igrejas, pois a Bíblia diz que alguns sem saber receberam anjos.

Este grupo de servos dedicados tem pago um alto preço, pois deixa família, amigos, irmãos, língua, cultura e país para se embrenhar em lugares difíceis e inóspitos para levar a mensagem de esperança, alegria e salvação, até mesmo disponilizar a bíblia na língua do povo.

Eles podem e devem figurar na lista do escritor aos Hebreus que os inclui na classificação daqueles de quem o mundo não era digno deles.

 

Por que mencionamos e o classificamos como escória?

 

Por definição, escória é a bolha, borra ou resíduo áspero proveniente da combustão de certas matérias e que para nada servem a não ser lixo, portanto, a escória representa o lixo de uma sociedade.

Talvez você questione: não seria um exagero considerar o “missionário transcultural” como escória da sociedade evangélica brasileira?

Contra fatos não há argumentos, então vejamos alguns deles expostos:

 

1 – Raramente, os pais cristãos brasileiros, desejam para seus filhos a carreira ministerial de missionário, pois subsiste a ideia, segundo Tonica, uma catedrática de missões, de que o missionário é “mártir, mendigo e maluco”.

Poderíamos acrescentar ainda que muitos o consideram um ignorante. Alguns líderes contestam o investimento no projeto REGIÃO, que contempla a graduação e pós graduação universitária como estratégia para evangelizar os estudantes em países "restritos".

 

2 - Quando alguém escolhe a carreira ministerial, é enfaticamente desencorajado pela maioria dos pastores, amigos crentes e familiares. Imediatamente, os mais próximos mostram outras áreas onde ele possa servir, normalmente dentro da igreja local. Se ele persistir na visão transcultural não encontrará o apoio necessário para que possa prosseguir no ministério, isso ocasiona muitas desistências. Essa ideia é do tempo do Egito antigo onde o faraó disse que não deveria adorar aqui e quando o povo insistiu sair sua resposta foi que não deveria ir longe.

 

3 – Persiste a ideia de que o missionário é um ET ao escolher tal carreira, pois ele vai para os lugares que ocorrem desastres, fomes, pestes, desgraças, calamidade e onde o povo é oprimido. A maioria dos crentes foge de tais situações desconfortáveis. Há motivos para lhe ser impingido tal estereótipo, pois os desafios os motiva para ir aos lugares e situações mais perigosas, age como uma andorinha na expectativa de reverter os quadros tristes.

O apóstolo Paulo ao ver a fome que assolava a igreja na Judeia rodou o mundo da época para sanear tal situação, além de ir aos lugares mais difíceis e perigosos.

Jesus ao ver a multidão sofredora chorou! Esse sentimento de compaixão é inerente à vida do missionário.

 

4 - Os motivos para não investir no missionário são os mais diversos: alguns consideram a causa missionária como uma “loucura”; outros acham que o missionário é um “preguiçoso que não trabalha”; tem gente que acha que ser missionário é viver passeando devido a necessidade de se deslocar para diversos lugares levando a mensagem; há ainda os que questionam o fato de um missionário não pastorear igrejas, esquecem que ele é um desbravador ou pioneiro e que, muitas vezes, o pastoreio pode não ser a vontade de Deus para ele.

 

5 – Outra imagem persistente é a do missionário como um coitado a quem qualquer coisa serve e come qualquer coisa, aquele que ganha roupas e sapatos usados; que não pode possuir um carro novo e uma casa própria. Tal estigma contribui para justificar o não investimento em Missões. Muitos irmãos acreditam que o missionário não precisa de um bom sustento, pode passar fome e até morrer no campo, e não sentem nenhum remorso por pensar assim.

A realidade mostra que a média de investimento do crente brasileiro é de um vergonhoso valor de R$ 1,66 anual e que cerca de 99% da igreja brasileira não possui um missionário transcultural.

 

6 - Muitos pastores são sinceros e dizem que não querem que o missionário compartilhe suas experiências com a igreja, porque julgam o missionário como alguém em busca de dinheiro e não como alguém em busca de uma oportunidade para compartilhar o poder do Evangelho para salvar o pecador mais renitente.

 

7 - A prosperidade do Brasil, que está entre  uma das 10 maiores economia mundial, levou a maioria dos crentes a um “anestesiamento” a ponto de não querer ouvir os relatos dos campos. Um missionário na Indonésia, maior país muçulmano, com 768 línguas e culturas em 17.000 ilhas, nos disse que a maioria das pessoas lhe dá somente dois minutos para compartilhar suas experiências, mesmo sendo uma pessoa dinâmica e bem preparada.

Sabemos que o que tem motivado muitos crentes no momento é a marca do carro, o apartamento ou a casa a serem adquiridos; o curso a ser feito ou o lugar das próximas férias. A maioria dos evangélicos e líderes está tão centrada em si mesma que não se interessa nem em ouvir os relatos dos campos.

 

8 - O crescimento astronômico das igrejas no Brasil e a prosperidade da nação levaram a um aumento na arrecadação das mega igrejas. Esta grande entrada de dinheiro nas igrejas leva alguns pastores presidentes a receber valores abusivos de 200 salários mínimos mensais, adquirir carros importados, mansões, fazendas, jatinhos e helicópteros.

Será que isso ocorreu por causa da grande influência da "Teologia da Prosperidade" e do pensamento egoísta que não contempla o coração generoso de servir ao Senhor com os bens que foram entregues por Ele para expansão do Seu Reino na terra e abençoar os menos privilegiados?

 

9 - O quadro econômico atual mostra que, em alguns anos, o valor do salário mínimo, saltou de US$ 75 para US$ 200, mas que antes do aumento chegou US$ 300. Isso poderia ter levado a quadruplicar o número de missionários, mas não foi o que ocorreu.

As estatísticas revelam que no final dos anos 80 havia um crescimento de 12,8% no envio de missionários, mas que em meados da década passada esse percentual caiu para 3,5%.

Qual é a realidade no momento?

Pouquíssimas igrejas sustentam integralmente um missionário, a maioria depende do apoio de diversas igrejas e pessoas, o que ocasiona um outro problema: quando volta do campo para descansar, o missionário ainda tem o trabalho estafante de visitar a todos para manter o sustento.

Alguns chegam a ter o sustento cortado quando estão de volta à sua pátria. Até líderes de missões super dimensionaram as estatísticas acrescentando na lista de missionários transculturais os que trabalham no sertão, ribeirinhos e outros não transculturais. Uma lástima!

 

10 - Para cada grupo de 100.000 crentes brasileiros temos um missionário transcultural na Janela 10-40, região onde se encontra 95% dos povos não alcançados da terra. 99% das igrejas no Brasil não tem um missionário transcultural.

 

O contraste é visto na igreja moraviana do século XVIII, que não tinha os mesmos recursos financeiros, informações e meios tecnológicos como avião, internet, TV, carros, computadores, mas havia um missionário para cada 12 membros.

O que os diferenciava é que possuíam uma paixão e compaixão inatas.

Eles chegaram aos cinco continentes e o exemplo deles nunca mais foi repetido na história.

As palavras a seguir foram proferidas pelo apóstolo Paulo em continuação ao texto bíblico inicial registrado em 1 Corinthians capítulo quatro da NVI.

 

"Não estou tentando envergonhá-los ao escrever estas coisas, mas procuro adverti-los, como a meus filhos amados".

 

Que o Senhor ajude a igreja e os líderes a reconhecer e valorizar o ministério transcultural! Que aqueles que verdadeiramente amam ao Senhor possam investir na formação, envio e cuidado dos missionários!

Que o estigma aqui exposto possa ser mudado para que o término da tarefa da evangelização mundial possa ser realizado ainda nesta geração!

 

No amor do Senhor das nações,

D. Botelho

HORIZONTES AMÉRICA LATINA - www.mhorizontes.org.br 

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Cooperação e Missões - Barbara Burns

 

Barbara Helen Burns - https://barbaraburns.com.br/


II Congresso Brasileiro de Missões

9-13 de novembro de 1998

Perguntas Para Discussão: 1) Por que falar de cooperação? 2) Quais as desvantagens de Cooperação? 3) Quais as vantagens?

Introdução

  • “O futuro de missões está baseado na formação de redes internacionais mais do que em organizações multinacionais. Redes edificam pessoas, não programas; enfatizam parceria e espírito de servo, não hieraquia; edifica a igreja local, não prejudica-a” (Paul Hiebert, em Kraakavik e Welliver, sd, p. xiii)
  • “Cooperação Interdependente”
  • Como nunca na história da Igreja Evangélica no Brasil havia cooperação como dentro do movimento missionário (consultas, conversas, amizade, projetos).

Por que Cooperar em Missões

  • Razões Bíblicas (Ef 4 e 2 Fp 2, Rm 12, 1 Cor 12, Salmo 133, João 17)
  • Mais riqueza de idéias – criatividade
  • Cada um pode enfatizar o trabalho na área forte, no dom dele
  • Compartilhar recursos
  • Nenhuma organização pode fazer tudo. Preenchimento da faltas dos outros
  • Menos erros – um corrige o outro (Provérbios)
  • Evita duplicação e competição
  • É a razão da AMTB, APMB e ACMI – construção de um forum onde há ajuda mútua e troca de idéias e recursos. APMB: apostilas, idéias, crescimento do conhecimento, artigos, consultas)
  •  Exemplos:

1. Mongólia – 100 anos atrás 50 missionários foram martirizados. Em 1991 tinha 2 – 3 agências trabalhando. Hoje há 35 ministérios de mais que 10 nações. Já publicaram o NT, traduziram e mostraram o filme Jesus para milhares, há rádio e televisão e 10-12,000 pessoas assistindo cultos em mais que 30 igrejas evangélicas (Phil Butler, 1996:29).

2. Ahmed, no norte da África, ouviu programa de rádio. Escreveu, pedindo curso por correspondência. Outra missão foi alertada, e começou enviar o material. Eles alertaram outra missão, que enviou alguem pessoalmente para levar Ahmed à salvação. Depois Ahmed foi para uma escola bíblica noturna em uma outra cidade, de outra missão ainda, e agora está trabalhando  em uma igreja começada por uma ainda outra missão! (Phil Butler, 1993:2)

Com Quem Cooperar em Missões?

No Brasil

1. Igrejas

1.1 Igreja – Igreja: precisa de reunir recursos para o sustento; Conferências (ex. 1ª de Santo André); PAM;

1.2 Igrejas – Escolas: No preparo, o básico acontece na igreja, mas a escola é necessária para um contacto mais profundo e mais abrangente da teologia e da especialização em missiologia.

1.3 Igrejas – Agências: Se cada igreja enviasse seus próprios missionários, seria uma confusão só! A igreja necessita do conhecimento e das ferramentas da Agência em l) saber mais sobre qualificações do missionário, 2) burocracia do envio e 3) coordenação e supervisão do trabalho no campo. A igreja deve enviar pessoas adequadas – sem mentir no formulário ou nas conversas sobre a pessoa!

2. Escolas

2.1 Escolas – Escolas: podem montar programas em que cada uma oferece uma especialidade. Pode oferecer cursos de reciclagem e especialização de curto prazo. Pode enviar professores para outras escolas (no campo também) para ajudar. Pode deixar o seu material didático disponível para outras escolas e professores.

2.2 Escolas – Igrejas: A escola necessita da igreja. Somente a igreja pode trabalhar o caráter, o ministério, o desenvolvimento dos dons da pessoa. Deve ter um constante contato com as igrejas dos alunos, para dar relatórios, planejar currículo e experiências práticas,

2.3 Escolas – Agências: A escola deve deixar espaço para as agências poderem apresentar seus desafios. Devem consultar as agências para decisões curriculares e objetivos e direções no preparo. A escola deve ter em mente a finalidade do treinamento – o campo através da agência.

3. Agências

3.1 Agência – Igreja: A agência nunca deve se desligar da igreja. O candidato e a agência precisam da base eclesiástica e da comunidade e apoio e amor da igreja. Aceitação do candidato deve ter pleno apoio da igreja local. Decisões sobre os candidatos e os missionários no campo devem ser feitas em conjunto, não isoladas. A agência deve ajudar a igreja a entender a realidade e as necessidades do campo. Necessita de diálogo, conhecimento pessoal, aperfeiçoamento.

3.2  Agência – Escola: A agência deve consultar a escola sobre o nível do candidato. A agência não deve tentar treinar o candidato sozinha. Há muitos recursos de estudo teológico e missiológico no Brasil para cada agência missionária tentar fazer tudo isoladamente! Ou enviar pessoas sem nenhum estudo formal… Deve abrir oportunidades de estágios.

3.3  Agência – Agência: É importante, pois nossas agências não são tão desenvolvidas ainda para serem independentes. Devemos ter projetos em comum, alcançar povos com estratégias cooperativas, ajudar os missionários de outras agências com visitas e ministério pastoral e socorro em casos de emergência.

No Campo

1. Exemplo negativo da Rússia

2. Do ponto de vista do nacional, quando cada um faz separado.

3. Muitas possibilidades: Missão – Igreja Nacional; Missionários – Nacionais; Várias agências com projetos em comum; Missionários de várias agências (isto acontece mesmo..); Agências internacionais, com pessoas trabalhando juntas que vêm de muitas nacionalidades. A necessidade de identificação e contextualização nos relacionamentos e trabalho.

4. Servir os outros

5. Tudo isso requer HUMILDADE e ESPÍRITO DE SERVO.

 Como Cooperar em Missões: pontos práticos

1. Dicas dadas em página xiii em Partners  (veja Bibliografia)

2. Reuniões

3. Textos, currículos, programas, descobertas

4. Recursos financeiros

Critérios de Cooperação

1. Não é cooperação apenas para dizer que coopera.

2. Exige planejamento e esforço

3. Deve ter os mesmos alvos – um projeto em comum.

4. Os alvos devem ser realistas.

5. Devem ser biblicamente compatíveis (vamos mandar ou apoiar pessoas ou projetos que não vão contribuir para o Reino de Deus?)

6. Não é para uma organização “engolir” outra, mas fortalecer uma a outra.

7. Não deve minimizar ou ignorar diferenças.

Portanto é necessário:

1. Alvos Definidos

2. Organização e administração planejado e concordado

3. Papeis de cada parte definidos

4. Humildade e apoio mútuo

Bibliografia

BURNS, Barbara. “O Desenvolvimento do Currículo Missiológico Brasileiro.” Capacitando para Missões Transculturais, Nº 6, 1998, pp 9-10.

BUTLER, Phil. “An Open Letter to North America’s Mission Agency Leadership” e “Do Strategic Partnerships Really Make a Difference: Case Studies in Partnership With Some Remarkable Outcomes”. Mission Frontiers,  v. 18, Nº 9-10 (September-October 1996) pp. 26-30.


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