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terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

O exemplo de Dorothea Dix

 


A intrépida senhorita Dix

Os médicos proporcionaram a Dorothea Dix, uma professora de 29 anos que viveu na América no início do século passado, uma vida bastante curta, mas frutífera. Os médicos acreditavam que se ela conseguisse se recuperar do sangramento contínuo que sofria, sem dúvida ficaria inválida.

Ela foi para a Inglaterra para se recuperar. Lá ela leu o Novo Testamento repetidas vezes com a intenção de descobrir o que Cristo queria que ela fizesse.

Ela encontrou a resposta quando voltou para casa e seu pastor lhe pediu que ensinasse a Bíblia às presidiárias da prisão feminina na cidade de East Cambridge, Massachusetts.

Enquanto ensinava numa cela, ouviu gritos agudos que não vinham de muito longe.

“Duas pessoas malucas”, comentou uma das mulheres. “Eles deveriam colocar uma mordaça nelas.”

Dorothea insistiu que o carcereiro lhe mostrasse onde estavam “os malucos”. Ele os encontrou em uma cela de pedra fria, em farrapos e acorrentados. Uma delas era uma pobre senhora de setenta e cinco anos que estava quase nua. O outro, ainda adolescente, de dezoito anos, estava machucado de frio.

—Ajude-nos! —suplicaram a Dorothea.

—O que eles fizeram para merecer esse tratamento? — Dorothea perguntou ao carcereiro.

—Nada, senhorita —, ele respondeu. —Eles são loucos.

Dorothea Dix foi embora, mas logo voltou com roupas de inverno e alguns cobertores. Quando pediu a instalação de um fogão em sua cela, simplesmente lhe disseram que não valia a pena se preocupar com os direitos humanos dos loucos.

Mas a senhora Dix estava apenas começando. Ela coletou montanhas de dados que mostravam até que ponto os doentes mentais eram maltratados e os apresentou ao Congresso de Massachusetts:

“Senhores”, começou, “quero revelar-lhes como são tratados os doentes mentais neste Estado: são privados de liberdade em armários, porões e currais; estão acorrentados, nus; são espancados com varas e tratados com chicotes.”

Seu discurso comoveu toda a Nova Inglaterra. Alguns a chamaram de sensacionalista, outros de mentirosa. Mas começaram a levantar-se vozes apelando a reformas.

Ela foi a outros estados e descobriu que os doentes mentais eram tratados de forma semelhante. Ignorando quem a ridicularizava, ela instigou a construção de hospitais e a aprovação de reformas.

Depois foi para outros países, para Canadá, Escócia, Inglaterra e Itália, exigindo reformas. Ela encontrou um manicômio em condições atrozes em um prédio próximo ao Vaticano. Ela disse isso ao Papa e mudanças imediatas foram feitas.

Aos oitenta anos ela ficou inválida. Recebeu honras nos últimos cinco anos de sua vida e foi visitada por muitas personalidades famosas. Quando ela morreu, um superintendente do hospital disse:

—Uma das mulheres mais distintas e trabalhadoras que os Estados Unidos produziram acaba de morrer.

O segredo do seu destemor estava no capítulo 25 do Evangelho de Mateus.

Hoje, no século XXI, todas as nações do mundo juraram defender os direitos humanos, o que é mais ou menos cumprido nos órgãos oficiais dos Estados, mas não podemos afirmar que o coração do homem seja, hoje, diferente de como o consideram muitas passagens da Sagrada Escritura. Ainda existem terroristas e sádicos de todo tipo, e as diferenças sociais fazem com que as pessoas honestas reconheçam que os conceitos mais elevados dos ensinamentos de Jesus não têm sido praticados no mundo de uma forma geral, mas que o egoísmo humano produziu a grande diferença entre as nações ricas e as nações pobres, e enquanto em alguns, o que poderia literalmente remediar a fome e a miséria destes últimos é literalmente desperdiçado em luxos e armas, em outros é desperdiçado em trivialidades inúteis ou tremendamente mortais. A tudo isso se está tentando corrigir devido à influência indireta de cristãos sinceros. Embora milhões de pessoas se recusem a aceitar Cristo como seu Salvador pessoal, não podem negar que a moralidade cristã regeneraria o mundo se fosse praticada como Jesus a ensinou.

Samuel Vila – Gran diccionario enciclopédico de anécdotas e ilustraciones


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

A música no contexto da missão

 Luiz Carlos Ramos  - https://www.luizcarlosramos.net/

Introdução

A música tem caráter universal. Se pensarmos em melodia, harmonia e ritmo, elementos nucleares da expressão musical, podemos constatar que o próprio Universo é música. Dizem os cientistas que as estrelas pulsam, que o cosmo se move harmonicamente, que se se prestar bem a atenção, pode-se ouvir o eco do “big bang”.

E, segundo os poetas, o próprio Deus é música: “No princípio era a música, e a música estava com Deus, e a música era Deus…” (Carlos A. R. Alves). O fato de que, na narrativa bíblica, ao criar o mundo, Deus o faz mediante a sua palavra (“Disse Deus…” – Gn 1.3), já é um indício de que nós somos o resultado de um canto primordial, de um hino primevo, de uma música divina.

Não é de se admirar, então, que se diga que o cântico tenha caráter existencial, na medida em que não somente expressa o “tom” da nossa existência, como tem a capacidade de sugerir, condicionar e até mesmo criar diversas condições vitais.

Um dos mais extensos blocos literários da Bíblia, e que ocupa a região central das suas edições habituais, é o livro dos Salmos. Muito embora se diga que a Bíblia é a Palavra de Deus descida dos céus a nós, particularmente nos Salmos, quem toma essa palavra é o ser humano orante, que eleva aos céus as suas súplicas, as suas dores, os seus louvores, as suas ações de graças. Sabe-se que a maioria dos salmos se prestavam ao canto, particularmente ao canto congregacional. São canções que inspiram e instruem o povo em suas peregrinações, em suas celebrações cúlticas e em seus momentos devocionais.

As Escrituras Sagradas também falam em hinos, os quais a tradição eclesiástica fez questão de preservar e, principalmente, entoar. Os hinos, um pouco diferente dos cânticos e dos salmos mencionados há pouco, têm um caráter teológico profundo e evidente. Expressam as verdades eternas, reveladas para o sustento da nossa fé e o louvor da glória de Deus.

Em diferentes épocas da história da Igreja, particularmente durante os seus períodos de maior crescimento e vigor, foram os hinos evangelísticos que deram o ritmo do testemunho e marcaram o passo do avanço missionário. Tais hinos, de caráter testemunhal, proclamam, em alto e bom som, as boas novas de salvação, e funcionam como arautos do Evangelho de Jesus, chamado Cristo.


A música na Vida: uma questão existencial

A música faz parte da vida. Não há cultura no mundo que não tenha na música uma parte constitutiva de sua formação social. Também é praticamente impossível pensarmos na existência da própria Igreja sem a música. Individualmente, cada um, cada uma de nós poderia traçar uma memória da sua história de vida apenas recordando as músicas que cantava ou ouvia nas diferentes fases do seu desenvolvimento.

Assim, quando uma criança nasce, desde o colo da mãe, é embalada ao som das cantigas de ninar. Na Igreja, essa criança é recebida com afeto por ocasião do seu Batismo que, geralmente, é acompanhado de significativos cânticos que exclamam: “vinde, meninos/as, vinde a Jesus…”. A criança ainda não entende o que se diz, nem o significado das letras das canções que lhe entoamos, mas já reage com evidente expressão de contentamento. Ela não compreende o conceito, mas entende o sentido: ela é bem vinda, ela é amada… A música, nesta fase, é marcada pelo seu caráter celebrativo.

Durante a infância e a puberdade, além do caráter divertido, próprio das canções de roda e todas as que acompanham suas brincadeiras, a música também assume um caráter formativo, pedagógico. As músicas ensinam lições novas e reforçam conteúdos antigos. A música ajuda a se aprender outra língua, a decorar conceitos, e até a assimilar doutrinas.

Quando chega a adolescência e a juventude, a música desempenha um papel mais militante. A música não somente diverte e instrui, mas com freqüência também assume um caráter de confissão de fé. Representa uma “bandeira” ostentada pelo jovem que expressa suas convicções, seu sentimento de pertença a determinado grupo, sua motivação, sua opinião política, seu inconformismo e sua disposição para transformar o mundo.

Quando a paixão se instala de maneira mais duradoura com o namoro, o casamento e, mais tarde, as bodas, busca-se na música a expressão do compromisso assumido (com o cônjuge ou com uma causa). Na idade adulta, o caráter de diversão, de formação e de afirmação, dá lugar a um tipo de relação com a música, inclusive na Igreja, que busca coerência, constância, lealdade, responsabilidade… Canções de caráter volúvel e passageiro já não satisfazem. Busca-se inspiração, não mais nas “paradas de sucesso”, mas nas “canções eternas”, naquelas cuja qualidade estética e significados resistem ao tempo, tal como as pessoas maduras pretendem enfrentar as vicissitudes da vida.

Finalmente, quando chega a velhice, e as lutas contra as enfermidades ganham proeminência, e a morte iminente é a única certeza, a música se reveste de especial significado. Muito ao contrário de serem esquecidas ou descartadas, elas passam a ter força como nunca tiveram. É nessa hora que aquelas canções ouvidas desde a infância, tais como as canções de ninar, as canções de roda, as músicas da juventude… mas principalmente os hinos cantados na Igreja, adquirem uma força e um sentido antes inimaginados. Na hora da dor e da morte, não haveremos de querer aprender cânticos novos, nem de ouvir as novidades das “paradas de sucesso”… Haveremos, antes, de querer retornar aos hinos da nossa infância e da infância da nossa fé, porque essas canções são aquelas cujo caráter de consolação e alento nos ajudarão a transpor os últimos limites da nossa existência.


A música na Igreja: uma questão congregacional

Como já dito, não se pode conceber a Igreja sem a música. Ela está presente em todas os momentos e de diferentes formas nas várias atividades e expressões eclesiais.

Nas reuniões, mesmo aquelas administrativas, das diversas instâncias da Igreja (crianças, jovens, mulheres, homens, concílios e assembléias…), a música é entoada para marcar o aspecto devocional e comunitário do encontro. O cântico evidencia o fato de estarmos diante de Deus e de que buscamos nEle as forças para os nossos atos. Ao cantarmos a uma só voz, expressamos a nossa comunhão e a nossa disposição para atuarmos em cooperação.

Nas atividades educativas da Igreja, tais como a Escola Dominical, cursos de formação e grupos de discipulado, o cântico revela seu aspecto didático-pedagógico. Não se canta o que está em contradição com os ensinamentos propostos (pelo menos não se deveria!), ao contrário, os cânticos inspiram, confirmam e reafirmam os princípios teológico-doutrinários assumidos e ensinados pela Igreja.

Mas é principalmente nos cultos que a música revela toda a sua força e sentido. Sendo o culto o encontro celebrativo entre Deus e o ser humano, isto é, entre o eterno e o efêmero, entre o infinito e o finito, a música pode muito bem ser entendida como uma maravilhosa síntese desse encontro: a sublimidade da melodia, a beleza da harmonia e o envolvimento proporcionado pelo ritmo, tudo isso associado a sentido expresso pela letra, revelam o aspecto litúrgico daquilo que se canta nos cultos. Além disso, a música estabelece um vínculo como raramente se consegue entre razão-emoção-afetividade. A música fala ao coração, mas também fala ao nosso entendimento, além de sensibilizar nosso afeto, tornando-nos capazes de perceber “verdades” que, sem a música, talvez, nunca teríamos alcançado (cf. 1Co 14.15: “Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente.”).


A música na Evangelização: uma questão missionária

São famosas as campanhas missionárias promovidas pela Igreja ao longo de sua história de crescimento. Quando a Igreja quer proclamar a sua fé e repartir seu testemunho, serve-se da música com notórias vantagens. Entretanto, não se trata de qualquer música, mas de um tipo de hinologia muito particular, cujo caráter kerigmático seja a principal tônica. Os hinos evangelísticos, como já apontado, juntamente com a pregação da Palavra, ajudam no processo de assimilação sintético de uma fé que tem aspectos racionais, emocionais e afetivos. Os hinos alcançam “regiões” do coração humano que os melhores argumentos lógicos jamais atingiriam. A história das missões também é a história do hino evangelístico.

Quando a igreja deve exercer sua função pública e, ao lado de sua mensagem evangelística, praticar a cidadania, o sopro do Espírito Santo faz com que transcenda os limites restritos das edificações religiosas e ganhe as praças públicas. Aqui também, quando tratamos do aspecto profético da Igreja, a música é parte integrante. Há hinos que se constituem em verdadeiros símbolos de resistência, ou de transformação, ou de compromisso solidário. A Igreja canta quando atua ao lado das crianças de rua, quando reivindica melhores condições de vida junto aos operários, quando busca reconquistar a dignidade com os que estão privados da terra ou de teto, quando chora o abandono com os sofredores de rua, enfim, quando a Igreja cumpre sua missão de vestir os nus, visitar os prisioneiros, amparar os forasteiros, alimentar os famintos, etc. (cf. Mt 25.31-46)

A Igreja não somente evangeliza e profetiza, mas também educa e ensina. A ordem do Cristo ressurreto dada aos discípulos é clara: “fazei discípulos de todas as nações […] ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.19-20). A música é uma das formas mais didáticas de ensinar, ou ainda mais, de educar, porque o faz com a razão e com o coração. Quando cantamos, não somente pronunciamos palavras, mas as sentimos. Ainda que não tenha a pretensão consciente, toda música tem um aspecto catequético ou pedagógico. Ensinar um hino é ensinar uma tradição, uma idéia, um conceito, uma doutrina, uma cosmovisão, um estilo de vida. Aqui vale uma advertência quanto ao cuidado com que tais cânticos devem ser escolhidos, particularmente no contexto da Igreja, pois eles podem reforçar idéias bastante contraditórias em relação ao Evangelho de Jesus: algumas canções podem carregar concepções individualistas, ou belicistas, ou ainda discriminatórias e preconceituosas. Saber o que se canta é tão importante quanto saber como se canta.


A título de conclusão: a missão da música

Há elementos que fazem com que certas músicas sejam melhores que outras. Alguns desses elementos são bastante subjetivos, entretanto, outros são mais objetivos e podem ser discutidos aqui.

afinação: ora, é evidente que uma música afinada é mais bonita que aquela que é entoada desafinadamente. Daqui depreende-se que todo esforço para se buscar a afinação, principalmente no canto congregacional, será justificado. Mas associado ao conceito de afinação, podemos invocar o compromisso do cantante com aquilo que canta. À medida que um hino nos venha de um passado, próximo ou longínquo, ele carrega consigo uma tradição, uma história, uma memória. Sem consciência do passado não há consciência do presente e, muito menos, perspectiva de futuro. Buscarmos a afinação da nossa fé é ainda mais importante do que buscarmos a afinação das nossas vozes, para que o nosso canto soe como um louvor e glorifique ao nosso Pai que está nos céus.

O pulso: toda música é concebida a partir de um contexto cultural e histórico concreto. Assim, o andamento, o ritmo, a cadência de uma canção denunciam o seu contexto vivencial (ou, como gostam de dizer os eruditos, o seu sitz im leben). Rejeitar uma cultura significa excluí-la dos nossos momentos de intercessão e celebração. Assumir o pulso cultural da nossa terra nada mais é do que, a exemplo do Filho de Deus, encarnarmo-nos também nós em nossa terra e entre nossa gente para que, também aí, se manifeste as obras de Deus (ver Jo 9.1-3)

dinâmica: as músicas mais bonitas não são aquelas que são entoadas de maneira plana, sem coadunação da forma com seu conteúdo. Se a letra de um hino celebra temas alegres, a dinâmica musical deve ser coerente com isso; se a letra expressa pesar e dor, da mesma forma a dinâmica deve corresponder a essa intenção. Por isso a música alterna seus movimentos do pianíssimo ao fortíssimo, para que a coerência entre forma e conteúdo seja perfeita. Note-se aqui, que a tônica é a sincronia entre o compromisso de fé expresso pela letra e o sentimento do executante da melodia. Não se espera que o compromisso destoe do sentimento de quem canta. Buscar essa coerência é tarefa de todos os que, na Igreja e na vida, cantam sua fé.

consonância: em música, trata-se do intervalo ou acorde agradável, que gera distensão e harmonia. Etimologicamente, o termo refere-se ao ato ou efeito de soar concomitantemente. Em muitas ocasiões se pode notar como uma melodia singela e despretensiosa pode se tornar algo arrebatador e impressionante pelo efeito da harmonização. Trata-se de uma arte que exige muito estudo, esforço e talento. Na Igreja, quando não há concordância, acordo, nem conformidade, não haverá hinologia que seja consonante. Para que um grupo de pessoas entoe harmonias “harmônicas”, é preciso que (1) cada um conheça bem a sua voz; (2) que cada um ouça as demais vozes enquanto entoa; (3) que ninguém cante mais forte, ou mais alto, do que os demais; e (4) que todos observem as instruções do Maestro, cuja função é fazer surgir, da combinação das partes, aquela música única e arrebatadora, expressiva e impressionante.

fermata: este é um elemento curioso previsto pela teoria musical, porque, enquanto a escrita e a notação indicadas nas partituras servem para delimitar sua execução dentro de padrões previstos por seus autores ou arranjadores, quando o sinal indicativo da fermata surge, o resultado ou efeito do que será executado passa a depender inteiramente do executante. Este, sentindo o momento, poderá retardar o ritmo, alongar uma nota, sustentar um acorde, enfim, expressar a intenção do seu coração, da sua intuição, de acordo com o momento exato em que a música está sendo tocada e/ou cantada. Daqui resulta que toda partitura é diferentemente interpretada não só por diferentes musicistas, instrumentistas, cantores e cantoras, mas que um mesmo musicista ou cantor pode interpretar diferentemente uma mesma música em diferentes ocasiões. Ainda que as partituras obedeçam a regras bem definidas, haverá sempre uma abertura para aspectos imponderáveis e imprevisíveis da dinâmica existencial. Toda música, neste sentido, é um compromisso com a liberdade.

Creative Commons License
A música no contexto da missão by Luiz Carlos Ramos is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.


domingo, 4 de fevereiro de 2024

Retrospectiva Editorial 2023 - Tudo o que publicamos, e onde fomos publicados

 

Como fazemos anualmente desde, hum, 2012?, resumimos aqui todas as nossas publicações (livros, recursos etc.) e iniciativas do ano. É uma oportunidade para o leitor rememorar e/ou conhecer materiais e iniciativas que lhe podem ser úteis - afinal, a maioria dos recursos são gratuitos. Vamos, assim, à retrospectiva editorial 2023!


Em janeiro publiquei o livro Citações Missionárias. Fruto de ampla pesquisa, o livro, único no gênero em nossa língua, reúne mais de 2000 citações sobre 40 temas relacionados à missão cristã, acomodadas em mais de 270 páginas.

A tiragem inicial do livro já está esgotada. Mas espero em algum momento fazer não nova tiragem, mas uma nova edição, ampliada. Você pode ver mais sobre o livro AQUI.



Em maio lancei o Volume 2 do e-book Saindo da Zona de Conforto em 200 Frases. O volume 1 é, de meus pequenos e-books, o mais vendido na Amazon, e já era tempo de um segundo volume. Confira AQUI.



No mesmo maio, fiz minha estreia na plataforma de livros impressos Uiclap. E aproveitei para unir os dois volumes do Saindo da Zona de Conforto... num único livro. Você pode ver, e adquirir o seu (eu recomendo como presente) AQUI.



Em julho finalmente publiquei meu primeiro romance, A Ordem Luterana da Cruz Combatente. Finalmente pois a história nasceu em 2015, e desde então suportando esporádicos acréscimos, acertos e muita, muita gaveta, até finalmente vir à luz. 

O livro pode ser adquirido em formato e-book na Amazon, AQUI; e o impresso pode ser adquirido no site da editora UICLAP, AQUI, ou diretamente comigo (bem mais em conta).



Em agosto lançamos um e-book gratuito: As Mais Belas Citações Sobre a Gratidão. O e-book reúne 250 citações selecionadas sobre este tema poderoso para curar e ressignificar nossas vidas. Você pode baixar gratuitamente pelo Google Drive, clicando AQUI.

Há uma versão equivalente na Amazon (onde não é possível disponibilizar livros de graça, salvo por curtíssimo espaço de tempo). Você pode adquiri-lo, ou ler gratuitamente caso tenha a assinatura Kindle Unlimited, AQUI.



Em setembro foi a vez de O Livro e o Prazer da Leitura em 600 Citações, livro impresso e publicado na editora UICLAP. O livro é uma edição ampliada de O Livro e o Prazer da Leitura em 400 Citações, e-book que publicamos pela Amazon em 20xx. O livro, de 112 páginas, pode ser adquirido AQUI.



Em outubro veio a lume mais uma edição das Separatas a Esmo. Desta vez, uma pequena antologia de poemas sobre o livro e a leitura, no rastro da antologia acima, O Livro e o Prazer da Leitura... trazendo poemas presentes na obra, e outros mais. Você pode baixar o seu exemplar gratuitamente AQUI.



No mesmo outubro foi a vez da antologia de frases do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard. O livro saiu em duas versões: Como e-book gratuito, reunindo (pouco mais de) 150 citações, e como e-book na Amazon, com 250 citações. Para baixar gratuitamente o primeiro, clique AQUI. Para adquirir a versão da Amazon, clique AQUI.



Em novembro, uma antiga antologia ganhou nova edição, ampliada e mais, versão impressa. Trata-se do livro/e-book 1000 Citações sobre Amor, Esperança e Fé.

Você pode baixar gratuitamente o seu exemplar AQUI.

E, caso queira adquirir a versão impressa do livro, está à venda no site da UICLAP, AQUI.



PUBLICAÇÃO AUTORAL (CONTOS, POEMAS, ARTIGOS ETC.)

Abaixo, a nossa produção autoral, na forma de poemas, contos, artigos e crônicas publicadas em revistas e antologias, a maioria premiada em concursos literários.



Em abril a Revista Sepé publicou cinco de meus poemas, AQUI.



Ainda em abril, meu conto Onório do Bairro Antonina foi selecionado no concurso Contos Fantásticos Niteroienses, da Vira-Tempo Editora. O concurso resultou na publicação de um livro em formato impresso e também digital.



Em junho, foi publicada a antologia decorrente do 1º Concurso Tilden Santiago de Ecologia e Política (ocorrido em 2022), no qual fui honrado com o segundo lugar na categoria Poesia.



Em agosto, o irregularissimamente temporodisposto fanzine Samizdat chegou a seu sexto número. O humílimo reúne alguns contos, poemas e até frases de minha autoria. Você pode baixar gratuitamente o seu exemplar AQUI.

Aproveitei para lançar um compilado com as seis edições do fanzine num único volume. Baixe AQUI.



Em outubro, esse vasto mês, marcamos presença na edição #15 da badalada revista Mystério Retrô, capitaneada por Tito Prates. O texto foi o conto Estranho Horror na Senzala da Fazenda Colubandê. Você pode adquirir a revista impressa AQUI.



Ainda em outubro, no dia 30 obtivemos o terceiro lugar na categoria crônica (nacional), no concurso Varal Literário, promovido pela Câmara de Vereadores de Divinópolis - MG. O texto premiado foi a crônica "Dia de Eleição" (você pode ler o texto AQUI).



Em novembro, o texto Cantiga das Crianças Fruteiras foi selecionado para integrar a Coletânea de Contos e Poemas Infantojuvenis da Editora Philia.



Já está acabando! Em dezembro foi lançada, pelo incansável e impagável Mané do Café, a tradicional & multifocal Folhinha Poética, edição 2024. Comparecemos nesta festa da literatura que é a Folhinha, com o poema Paz para praticar meu perenal ofício. Você pode baixar a sua AQUI.



Por fim, em dezembro participamos também da antologia de textos natalinos Natal, Nascimento de Jesus: E o Verbo Era Deus, organizada por um conterrâneo gonçalense, Carlos Henrique Barcellos Chuveirinho. Nossa inserção se deu através de um trecho de meu poema/projeto O Poema Sem Fim.


Tivemos também algumas lives durante o ano.

Em julho participei de uma live no programa Do Livro Não Me Livro, de Monique Machado. Falei sobre literatura e meus livros em geral, com destaque para o romance A Ordem Luterana da Cruz Combatente. Confira:



Em outubro participei da live dedicada aos autores presentes na Revista Mystério Retrô 15, de Tito Prates. Mas não sei se ou onde ela ficou gravada .



E no dia 01 de dezembro participei do programa Conversa de Missões, com Sylvia Maia, falando sobre a escrita como ferramenta de evangelização e mobilização missionária. Confira:



Ao longo do ano, publiquei alguns contos de variada temática como A Adaga de Kali (Segunda Guerra Mundial em Burma); The Arcade Fire, um conto em homenagem à era de ouro dos fliperamas com jogos de luta; Nonato, o Sociopata Ressocializador (conto de humor mordaz em forma de crônica).



Também publiquei diversas resenhas de jogos de videogame antigos em meu blog Azul Caudal, atividade - despretensiosa e agradável - que tomo como uma alegre higiene mental. Algumas dessas crônicas/resenhas foram também publicadas no site e/ou revista Muito Além dos Videogames, onde sou um dos redatores. Confira uma listagem dessas resenhas AQUI.


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Como sempre, encerramos nossa retrospectiva rogando por suas orações. Se você tem sido abençoado, edificado, instruído; se você tem se divertido e crescido através de nossos textos, livros e trabalho, lhe convido a orar por nós, para que o Senhor nos dê sabedoria, ânimo, inspiração do alto e paz para seguirmos servindo.

Para 2024, se o Senhor assim desejar, a igreja será honrada com novas antologias para sua edificação, e a mobilização missionária, em especial, poderá contar com uma valiosa compilação de recursos.

Na produção autoral, não tenho previsões, mas caso o tempo colabore, devo publicar um novo volume de contos (o primeiro saiu no já distante 2015). E quem sabe um novo volume de poemas. Mas, se não vierem à luz, bem está, pois meu foco primordial é servir a igreja através das antologias, onde a voz de muitos pode ser condensada em benefício coletivo.

A Deus seja dada toda a glória!


sábado, 3 de fevereiro de 2024

O preconceito religioso manifestado no Censo 2022 do IBGE

 

 O título deste post é um chamariz. Utiliza a burla do ridículo e do óbvio para atrair.

Outra burla, igualmente obscena, tem sido utilizada pelo órgão oficial, e reproduzida por entes de imprensa e pessoas por todo o pais, na última semana. Ela, a burla, soa literalmente assim:

Brasil possui mais templos religiosos do que escolas e hospitais somados.

Você eventualmente deve ter visto essa "notícia", em suas redes sociais ou sites noticiosos.

O preconceito aqui é axiológico, nasce com a expressão, o próprio "raciocínio" que ela promove.

Religião é coisa de foro íntimo, particular. Templos religiosos, do terreiro de candomblé ao templo budista, passando pelo motivo velado fundamental do ódio, os templos evangélicos, são erigidos com o dinheiro dos fiéis, ou de seus idealizadores. Sim, muitos templos sequer "se pagam", e aquele que os mantém o faz por fé. Outros sim, excedem-se no lucro, e malversam algo que deveria ser sagrado. Mas em ambos, em todos esses âmbitos, eu e você, que dirá o poder público, temos pouco ou nada a ver com isso. 

Já escolas e hospitais dizem respeito a todos, pois são pagos com impostos. Seus gestores, funcionários públicos em sua maioria, estão a serviço da sociedade e por esta remunerados. Perdão, sei que essa pedagogia chega a ser ultrajante. Mas é para dar a dimensão da situação a que chegamos.

Como comparar a esfera particular com a esfera pública? Qual a relação que se busca promover ao comparar a existência de templos religiosos com a de escolas e hospitais? Fica implícito o caráter maniqueísta, de contrapor algo "positivo" a algo "negativo"; ou necessário/desnecessário, ou qualquer outra maniqueismada que se queira.

Vamos deitar um outro vestido ao raciocínio. Você viu alguma postagem ou reportagem (já não são a mesma coisa, diluídas na sopa de ideologias espúrias de seus veiculadores, uns pagos e diplomados, outros entusiastas de sofá?), sim, você viu por acaso reportagem ou postagem (que dirá recenseamento), seja do próprio IBGE, da Folha, de seu primo ateu, de seu professor marxista, nesta linha:


BRASIL TEM MAIS BARES DO QUE ECOLAS E HOSPITAIS


Viu?

Falo agora aos evangélicos. Já é tempo de levantar do canto do ringue e combater o preconceito aberto e velado que muitos vomitam ou excretam sobre nós, dia após dia. O comentário judicioso no grupo de família, escola, trabalho; a postagem tendenciosa do amigo, dO Globo ou do IBGE; o olhar repetidamente atravessado (foco no repetitivo, é sintomático) em qualquer ambiente, da empresa aos coletivos...

Eu costumo aplicar um método desconstrutivo para explicitar o preconceito das falas, preconceito que mal conseguem esconder. O truque, quase socrático em sua rusticidade, consiste na simples substituição de palavras e expressões.

Quando ouvir: "Pastor é tudo ladrão" (vários o são, conheci alguns pessoalmente) troque o "pastor" por "preto", e pergunte à pessoa se ela concorda com a mudança. "Preto é tudo ladrão". Dá até cadeia, hum? Sim, e muito justificadamente. Mas o que muitos não sabem ou não querem fazer valer é que o primeiro comentário e congêneres também. Para o bom funcionamento (e exposição do preconceituoso) vale qualquer substituição, por opção sexual (gay, lésbica, hétero, etc.), por etnia, classe profissional, nacionalidade. A ideia é a de que, quando atingida, a pessoa reflita sobre a própria intolerância que, acredite, muitas vezes é semi-voluntária e segue o abjeto padrão mental do pre-conceito: Economia mental, esforço simplificador para não esforçar-se em raciocinar, em pensar por si mesmo. Sem desconsiderar o ódio gratuito ou pago, mas execute a manobra ao rigor da Lei: presuma inocência.

Além da antiga Lei que protege a liberdade de culto - e o respeito à fé alheia, há poucos dias se comemorou o Dia de Combate à Intolerância Religiosa, firmado pela Lei 11635/07. Tal lei ou data surgiu num contexto de proteção aos cultos de matriz africana, que têm sofrido preconceito histórico, desde sua introdução (ou criação, no caso da umbanda) em nosso país. Mas a primeira Lei não protege apenas estes, assim como a segunda não visibiliza apenas a sua causa. Toda intolerância religiosa deve ser judicializada. E judicializar, você sabe, segue o mesmo processo: Gravam-se falas, "printam-se" comentários, arregimentam-se testemunhas. 

Emitir opinião contrária não é crime. A intolerância se mostra quando os termos são agressivos, quando o ódio vaza do canto das bocas, quando o padrão se repete.

O mal se combate em campo. Tomemos a iniciativa, pois a bovinidade só interessa aos açougueiros, aos carrascos. 


Sammis Reachers

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Publicado originalmente no blog Cidadania Evangélica. A reprodução deste texto é liberada em qualquer meio e plataforma, desde que creditada a fonte.