Bartolomeu Ziegenbalg
(1682-1719), nascido na Saxônia, nos anos de adolescência (aos 16 anos) passou
por um reavivamento da fé. Em 1703, iniciou seus estudos de Teologia em Halle.
Antes de encerrar seus estudos, em 1705, foi chamado para a obra missionária e
enviado junto com seu colega Plütschau para Tranquebar, uma colônia
dinamarquesa no sudeste da Índia.
Dedicou-se ao gamo étnico
tamil, aprendeu sua língua, cultura e mentalidade religiosa. Anunciou-lhes o
evangelho e defendeu-os contra os interesses comerciais do comandante da
colônia. Experimentou grandes dificuldades e sofreu o ódio dos colonos europeus
que lá moravam, teve oposição dos hindus e dos católico-romanos, que se
julgavam "donos" da vida religiosa do povo tamil. Como a companhia comercial
não podia fazer algo abertamente contra a missão, visto ser realizada por mando
do rei dinamarquês, queria manter os missionários sob controle e torná-los sem
êxito. O comandante consentia em que fossem tratados com palavrões e na base de
socos. Como defendeu uma cristã tamil contra um funcionário sem escrúpulos da
companhia, a consequência foi seu aprisionamento por mais de quatro meses. A
perseguição durou dez anos. Somente quando Ziegenbalg mesmo foi à Europa,
recebeu ajuda para que o comandante fosse substituído. Apesar de sua pouca
idade e experiência, teve a tenacidade necessária para aquele longo período de
luta.
O primeiro missionário
evangélico na Índia foi um pioneiro que teve de abrir caminho, experimentando
tudo por conta própria. Não haviam princípios missionários pré-estabelecidos a
serem seguidos. Ele não se contentou em pregar o evangelho em português, a
língua então usada no sul da Índia. Percebeu que, para penetrar profundamente
na alma tâmil, era necessário comunicar a mensagem na língua materna. Depois de
um ano conseguiu realizar sua primeira pregação em tamil. Traduziu o Novo
Testamento, publicado em 1714, e o Antigo Testamento até o livro de Rute.
Começou uma escola com os filhos dos escravos tamis e com os órfãos.
O método missionário
desenvolvido abrangia: escolas, orfanato, tradução da bíblia, editora,
treinamento de professores e pregadores nativos, anúncio do evangelho de forma
contextualizada, cânticos em melodia e métrica tamil, catequização dos jovens, e
tudo visando a conversão pessoal a Cristo. Ziegenbalg julgou importante
pesquisar as religiões da região antes de evangelizar. Julgava que o testemunho
só poderia ser relevante a partir do conhecimento apurado da realidade
espiritual dos nativos. Dedicou-se a conhecer sua forma de pensar e sentir.
Escreveu pelo menos tias livros sobre as religiões, um hinário tâmil, uma
gramática e um dicionário tâmil, enquanto seu colega escreveu sobre a medicina
popular dali. Suas obras de pesquisa foram vistas como irrelevantes em toda
Europa, visto que a primeira foi publicada somente mais de dois séculos após
sua morte, em 1926. Depois de anos de fraqueza física e de injusta e severa
crítica destrutiva por pane do comitê da missão em Copenhagen, à obra
missionária, o coração de Ziegenbalg não aguentou, caindo em grave enfermidade,
vindo ele a morrer com apenas 34 anos de vida. Quando da sua morte. os cristãos
tamis eram cerca de 250. Ele tinha sido usado como semeador da boa semente do
evangelho. Não teve tempo para ver muitos frutos, mas ocupa lugar de honra
entre os representantes mais destacados da história missionária evangélica. Ele
pregou o evangelho levando em conta o conhecimento natural de Deus existente
entre os nativos e a visão de vida tamil, tendo como objetivo a criação de uma
igreja luterana própria para aquela cultura. Ziegenbalg tem sido chamado de
"protótipo do missionário evangélico".
Marlon
Ronald Fluck
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