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segunda-feira, 14 de maio de 2018

Don Richardson: Zelo paulino pelos povos não-alcançados


É difícil esperar que a igreja manifeste um zelo paulino por todos os povos ainda não-abençoados, se nós mesmos fracassarmos em infundir na igreja as perspectivas históricas que incentivaram o próprio Paulo a esse elevado nível de zelo. Para usar um exemplo correspondente, os físicos que trabalham com as propriedades da energia física nos contam que nenhuma partícula atômica pode ser acelerada até alcançar altas taxas de energia a não ser que: (1) seja uma partícula carregada desde o início; (2) seja envolvida por um campo magnético poderoso; e (3) essa partícula seja movida pelo campo magnético ao longo de um túnel muito comprido, o "acelerador".
Por analogia, primeiro precisamos nos tornar “partículas carregadas” mediante nossa conversão individual a Jesus Cristo. A seguir, é necessário que sejamos envolvidos por um campo magnético circunjacente - o poder do Espírito Santo permeando o Corpo de Cristo. Depois, esse campo magnético deve nos mover ao longo de um túnel bem comprido - o propósito de 4.000 anos de Deus na história - o qual é definido por uma única coisa - a aliança abrâmica. Porém, a importância dessa aliança jamais pode ser enfatizada em excesso. Sentir-se ligado a esse objetivo de 4.000 anos de Deus é tornar-se um indivíduo profundamente “carregado”. Não se pode imaginar um estímulo mais forte do que esse, no sentido de motivá-lo a buscar o cumprimento do plano de Deus para o mundo.
Sugerir que Deus não está mais interessado em cumprir suas duas antigas promessas a Abraão seria supor também que a mente divina mudou - Ele de alguma forma esqueceu que estava ligado por juramento, obrigado a cumprir essas duas promessas anteriormente feitas.
Lembre-se da resposta da Epístola aos Hebreus: “É impossível que Deus minta” (ou esqueça 6.18).
É isto então que quero dizer com a “conexão de 4.000 anos”.
Ver-se como um instrumento no propósito de 4.000 anos de Deus, a fim de conceder bênçãos a todos os povos, é livrar-se imediatamente de todos os sentimentos de insignificância, indecisão e falta de objetivo. Essa imensa perspectiva histórica, mediante o campo magnético espiritual nela infundido, começa na mesma hora a acelerar-nos em direção ao maior destino que qualquer ser finito pode desejar.
Certifique-se primeiro de que você é uma partícula carregada - um crente sincero em Jesus Cristo. Caso contrário, o campo magnético e o acelerador não terão qualquer efeito sobre você. Eles simplesmente o deixarão onde está.
Milhões de cristãos ouviram milhares de pregadores transmitirem inúmeros sermões baseados nos cânticos sublimes do Apocalipse, os quais foram cantados por entes celestiais, a fim de celebrar n grande reunião dos remidos no céu. Você encontrará isso registrado no livro do Apocalipse de João, o último livro da Bíblia. Mas bem poucos desses pregadores ou de seus ouvintes parecem ter compreendido o que João queria realmente nos dizer ao citar, por exemplo, os 24 anciãos entoando um desses cânticos: “Digno és (O Cordeiro do Deus)... porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra" (Ap 5.9-10, grifo acrescentado).
O que João estava realmente nos comunicando quando descreveu sua visão esplendorosa de “grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro” (Ap 7.9)?
Do mesmo modo, quando um anjo lhe disse: “É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis” (Ap 10.11), qual o significado que você percebe?
O que vem à sua mente quando, em Apocalipse 11.9, ele declara que “muitos dentre os povos, as tribos, as línguas e as nações” irão contemplar o milagre das duas testemunhas? E quando afirma que a besta (o anticristo) recebeu autoridade temporária para exercer domínio sobre cada tribo, povo, língua e nação (veja Ap 13.7)?
O que se destaca em sua descrição de outro anjo que proclama o "evangelho eterno...a cada nação, e tribo, e língua e povo” (Ap 14.6)?
Certamente, João não está descrevendo apenas a consumação da história, mas o cumprimento final do propósito específico de Deus na história, ou seja, abençoar todos os povos da terra através do Descendente de Abraão - Jesus Cristo! João poderia ter descrito com a mesma facilidade as cenas mencionadas mediante um único substantivo grego para designar a humanidade. Em vez disso, ele explora todo o vocabulário da língua grega, reunindo todos os substantivos disponíveis, a fim de indicar os tipos de subdivisões étnicas da humanidade que foram os alvos originais da “bênção” abrâmica, ordenados por Deus.
Em outras palavras, João está nos dizendo, mediante tais profecias, que Deus irá manter seu antigo propósito até o fim – quando ficará livre da obrigação que impôs sobre si mesmo com aquele juramento feito no passado. Pois essa é a "imutabilidade do seu propósito”!

Don Richardson
Trecho do livro O Fator Melquisedeque (São Paulo: Vida Nova, 1995).


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