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sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Mãe, Tu Deste o Melhor (sobre mães de missionários) - Myrtes Mathias



Alguns colocam o dinheiro no gazofilácio, outros deixam propriedades em testamento para que a Obra prossiga, e (aleluia!) ainda outros entregam a vida, certos de que receberão aqui cem vezes tanto, e, no porvir, a vida eterna.
Mas hoje, no dia dos cravos vermelhos e brancos, das canções de glorificação à maternidade e dos presentes preparados por mãos infantis, eu me dirijo a ti, que colocaste sobre o altar mais que a própria vida, quando entregaste a Deus a filha da tua carne e do teu coração.
Que história linda não estará escrita atrás dessa entrega? Desde o momento em que descobriste que estavas para ser mãe, que de renúncia não te foi exigida? A espera, a confecção das camisolinhas e casaquinhos, as noites à beira do berço, a angústia, quando o termômetro marcava alguns graus a mais na temperatura daquela coisinha pequenina e linda que Deus te dera para guardar? Os remédios e alimentos na hora certa, o primeiro dia de aula, os primeiros vestidos de mocinha, os sacrifícios para dar a ela um preparo melhor, os sonhos que começaram a voltar com a mesma intensidade de teu tempo de moça. A filha ocupando o papel principal... um casamento vantajoso, um lar feliz, netos... o novo ciclo que se reiniciaria.
E, então, lá do alto, a voz soou a teus ouvidos como aquela que fez estremecer Abraão:
- A tua filha para o meu serviço... o campo não pode esperar...
Eu te posso ver, mãe, num banco de igreja, vendo marchar à frente a filha do teu amor, ao som do:
“Nem sempre será para o lugar que eu quiser, que o Mestre me tem de mandar...”
Posso imaginar a luta que se travou em teu coração Tu mesma lhe havias ensinado a entregar o melhor; tu mesma lhe havias faiado do grande campo sem ceifeiros, mas, talvez, nunca tivesses pensado que ela — a tua menina — seria a escolhida. No entanto, lá estava ela, entre outros, os olhos úmidos de emoção, uma expressão tão linda como a de um anjo.
Bem sei por que choraste quando te foram felicitar. Tu sabias que isto significaria não ouvir por muito tempo os passos queridos no fim da tarde, muitos anos se passariam antes que aquele riso moço ressoasse outra vez a teus ouvidos como uma canção.
Aonde a levaria aquele Deus que tu mesma lhe colocara no coração? Quando estaria de volta? Naquelas distâncias, quem lhe prepararia a comida? lhe ouviria as confidências? Quem a aceitaria incondicionalmente, sempre, sempre?
As interrogações eram tantas, tantas, que tu mesma te sentiste sobre o altar, devolvendo a Deus a muita felicidade que ele te dera a salvação, o lar, o amor, a graça de ser mãe. Era justo, apesar de tuas lágrimas, e tu lhe cantaste aleluias por levar para longe de ti a menina do teu coração.
Isso foi há muito tempo, lembra-te, mãe? Mas a tua saudade ainda é a mesma, o desejo de tê-la junto a ti é mais intenso que nunca. Só por isso vou contar-te um segredo que te fará feliz: lá tão longe, ela pensa em ti com um amor maior no coração.
Mas, sobretudo, que se pode comparar à bênção de sabê-la abençoando o mundo? fazendo felizes centenas, milhares de vidas? fazendo maior a glória de Deus? Tua renúncia, mãe, é tua participação nessa obra que nem aos anjos foi dada a executar.
Mas, por que sei que muitos falam sobre tua filha, escrevem sobre ela, oram por ela, e poucos, talvez, se lembrem da tua renúncia de 24 horas por dia dos teus cabelos que ficaram brancos; das rugas que te surgiram no rosto; dos teus passos que se tornaram mais lentos, sem que ela esteja a teu lado para dar-te o braço e levar-te à igreja nessa manhã de domingo, é que te beijo as mãos, e afirmo, sem exagero, e sem querer plagiar o poeta, porque sei que haverá no céu uma recompensa especial para todas aquelas que, como tu, sabem entregar o melhor:
- A filha é missionária, mas a mãe é santa!

Do livro Deus Precisa de Você (JUERP).

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