MUITOS
CRISTÃOS BEM-INTENCIONADOS ACREDITAM que as igrejas deveriam mencionar o
aborto. Alguns dizem que ao falar do aborto, nós faremos as pessoas se sentirem
culpadas. Todavia, a razão para se falar do assunto é prevenir o aborto
e a culpa que ele traz, bem como oferecer ajuda e esperança àqueles que se sentem
culpados e precisam ser libertos. O fato de nossas igrejas estarem cheias de
pessoas que se envolveram em aborto não é razão suficiente para se manter em
silêncio. Na realidade, é o melhor argumento para se tratar da questão face a
face e oferecer toda a perspectiva, ajuda e apoio que podemos.
Um
seminarista em minha igreja me disse algo que sempre ouvi de um jeito ou outro:
“Questões como o aborto são simplesmente um desvio da coisa principal”.
–
Qual é a coisa principal? – indaguei.
–
A Grande Comissão – respondeu ele. – Ganhar pessoas para Cristo. É isso que
temos a obrigação de fazer. Tudo o mais é desvio – ele completou.
Ele
estava se referindo às palavras de Cristo em Mateus 28.19,20: “Portanto ide, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo; ensinando-os à observar todas as coisas que eu vos tenho mandado”.
UM HOMEM CHAMADO WILLIAM
Há
duzentos anos viveu um inglês chamado William, um sincero oponente à escravidão
que boicotou o açúcar proveniente das Índias Ocidentais porque era produto da
escravidão. William sentiu que Deus queria que ele fosse à Índia, onde ficou
chocado por descobrir que muitos hindus expunham seus bebês à morte. Também
abandonavam o fraco, doente e o leproso. O governo britânico na Índia fingia
não ver porque não queria interferir na cultura e religião, mas William
sentiu-se compelido a interferir porque as pessoas estavam morrendo.
Certo
dia, William presenciou uma prática chamada sati, em que as viúvas eram
queimadas vivas na pira funerária de seus maridos mortos. Após presenciar uma
morte dessas, ele pôs-se à frente de um grupo reunido para queimar viva uma
mulher e disse a eles que aquela prática estava errada. Liderou um grupo de
missionários em protesto. Preparou debates públicos sobre o assunto para trazer
a perspectiva de Deus à luz.
Na
manhã de domingo de 6 de dezembro de 1829, após anos de ativismo, William recebeu
o decreto oficial proibindo a queima de viúvas. Ele tinha o compromisso de
pregar na igreja aquela manhã, porém não o fez. Em vez disso, dedicou o dia
inteiro à tradução do decreto para a língua bengali, porque sabia que vidas
estavam em risco.
Alguns
criticavam William por suas ações morais e políticas. Eles diziam: “Não é para
isso que você está aqui. Não é este o seu chamado. Concentre-se na coisa
principal. Apenas pregue o evangelho e ore”.
Quem
era esse ativista social tão preocupado com moralidade, leis e em salvar vidas
humanas? Seu nome era William Carey, “o pai das Missões Modernas”. Quando
pensamos na Grande Comissão e o movimento moderno de missões, nenhum outro nome
é tão relevante como o dele.
Carey
foi à Índia para ganhar pessoas para Cristo e discipulá-las, não apenas
compartilhando o evangelho, mas vivendo-o – o que incluía intervir para salvar
vidas e trabalhar arduamente para mudar a opinião pública e leis injustas.
Randy Alcorn, no livro Por Que Ser a Favor da Vida? (Arte Editorial & CERVI, 2010).
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