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terça-feira, 9 de novembro de 2021

O Ocidente Pós-Cristão e o Sul Global


O Ocidente Pós-Cristão e o Sul Global

 David Mathis

No processo de buscar todas as nações, Paulo levou o evangelho a Filipos (At 16) e, mais além, e pelos próximos dezessete séculos, o cristianismo se enraizou, particularmente, no Ocidente (Europa e América do Norte). A Reforma do século XVI aprofundou raízes em muitos aspectos, mas as terríveis guerras religiosas do século XVII alimentaram o "iluminismo" do século XVIII e, com ele, no decorrer do tempo, o modernismo e o secularismo.

Hoje, o Ocidente, outrora o reduto do cristianismo global, está se tornando cada vez mais (e aceleradamente) pós-cristão. Há bolsões de bênçãos significativas e grande esperança para o avanço nos dias a frente, mas, em geral, a igreja que, antigamente, estava no centro da sociedade ocidental, agora está na periferia (o que, na economia de Deus, pode ser algo muito bom para a igreja ocidental).

Entretanto, o declínio do cristianismo no Ocidente não significou o declínio global para o evangelho. Jesus edificará a igreja.

E lembre-se, Jesus nunca mente. Os últimos cinquenta anos produziram um desenvolvimento global impressionante e histórico, ao mesmo tempo que o cristianismo prosperava na África, América Latina e Ásia, algo que muitos estão chamando de “o sul global”. Os números podem ser enganosos, pois registram apenas os cristãos professos, mas mesmo permitindo inflação significativa, a tendência geral é surpreendente:

• Em 1900, a Europa abrigava mais de 70 por cento dos cristãos professos do mundo, mas em 2000, abrigava menos de 30 por cento. Nesse entretempo, a América Latina e a África passaram a abrigar mais de 40 por cento.

• Em 1900, a África tinha 10 milhões de cristãos professos, ou seja, cerca de 10 por cento da população. Mas em 2000, o número era de 360 milhões, ou seja, cerca de metade da população africana. Esta, talvez, assinale a maior mudança de afiliação religiosa na história do mundo. 1

• “O número de cristãos praticantes na China está se aproximando do número nos Estados Unidos.” 2

• “No domingo passado, [...] mais cristãos crentes frequentaram a igreja na China do que em toda a chamada ‘Europa cristã.’” 3

• “Em suma, a igreja cristã passou por uma maior redistribuição geográfica nos últimos cinquenta anos do que em qualquer outro período comparável de sua história, com exceção dos primeiros anos da história da igreja”. 4

Associando-se com o Sul Global

Essa tendência incrível faz alguns perguntarem se o Ocidente parou de enviar missionários. Não caberia agora ao sul global terminar a missão? A resposta clara é não. Em primeiro lugar, não descarte o poder de parcerias entre o Ocidente e o sul global para o avanço do evangelho. Porém, em segundo lugar, essas parcerias não devem significar apenas enviar dinheiro ocidental, mas também pessoas ocidentais, pois ir é necessário para discipular.

De acordo com o Projeto Josué, que monitora o progresso global do evangelho entre os povos não alcançados do mundo, estima-se que há sete mil grupos de povos não alcançados no mundo, num total de cerca de dezessete mil povos etnolinguísticos. 5 O Projeto Josué lista mais de 1.500 destes povos não alcançados nomeando-os de não engajados, o que significa que, atualmente, não há nenhum trabalho missionário entre eles. Com muito trabalho ainda a ser feito, terá de haver a parceria evangelística da igreja global — ocidental, hispânica, asiática, africana, do leste europeu, russa, brasileira, do Oriente Médio e mais —, para que a mensagem de Jesus seja levada até a última fronteira do mundo missionário, aos povos mais hostis ao evangelho. Como Michael Oh nos mostra no Capítulo 4, as missões dos dias de hoje já não são do Ocidente para o Oriente e do Norte para o Sul, mas “de todas as terras para todas s terras”.

Esta nova situação global cria a promessa de novas formas de parceria para enviar pessoas e recursos, dando origem, também, a novas possibilidades e problemas no Ocidente.

 

1.      Philip Jenkins, “Believing in the Global South”, First Things (Dezembro de 2006): p.13.

2.      Mark Noll, The New Shape of World Christianity: How American Experience Reflects Global Faith (Downers Grove, IL: IVP Academic, 2009). P.10

3.      Ibid.

4.      Ibid.

5.      www.joshuaproject.com

 

Trecho do livro Cumprindo a Missão: Levando o Evangelho aos Não Alcançados e aos Não Engajados (Org. John Piper e David Mathis, CPAD).

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