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domingo, 16 de abril de 2023

Por Que, às Vezes, Alguns Missionários Fracassam - E o que a igreja pode fazer a respeito

 John Kayser

editorabetania.com.br

Certa ocasião, um amigo meu foi enviado para as Filipinas como missionário, e ainda quando ia do aeroporto para seu novo lar, teve um grande choque cultural. Ele se recusava a sair da base da missão, foi ficando retraído e passou a se comportar de um jeito meio esquisito. Os líderes da missão chegaram a pensar em mandá-lo de volta para casa.

Entretanto, depois de quatro dias de sua chegada, dois amigos missionários o pegaram pelo braço e o forçaram a ir dar uma volta com eles. Então, eles o levaram ao mercado, onde ele pôde entrar em contato com cheiros, sons, ver os lugares, e tudo o mais. Também o levaram a um restaurante típico do local, e o fizeram experimentar a comida. Durante esse tempo, eles compartilharam com ele as suas próprias experiências, e isso começou a mudar o seu modo de pensar, fazendo com que ele percebesse que as coisas não eram tão ruins assim. Esses amigos estiveram com ele em todo o tempo durante o seu primeiro ano. No final, ele acabou servindo ao Senhor naquele campo por mais de 25 anos.

Inicialmente, isso tinha tudo para ser um fracasso missionário; contudo, o esforço daqueles dois missionários conseguiu mudar tudo.

As razões por que os missionários às vezes fracassam são muito complexas. A seguir, alguns dos fatores que podem causar conflitos e fracassos iniciais, segundo alguns pesquisadores:

1. Questões Pessoais, como falta de disciplina, falta de conhecimento e habilidades, necessidades físicas, espirituais ou emocionais, baixa autoestima, e estar sempre na defensiva.

2. Questões Interpessoais, incluindo a incapacidade de se relacionar com colegas missionários e líderes de campo, bem como dificuldade de resolver conflitos tanto com a liderança, como com pessoas locais.

3. Estresse e Mudanças relacionados à adaptação cultural e linguística, desafios com a educação das crianças, fatores estressantes da comunicação e questões referentes à mudança e relocação em uma nova cultura.

4. Questões Transculturais, incluindo a incapacidade de se relacionar com a cultura ou outras pessoas, recusa ou incapacidade de mudar e adaptar-se a diferentes maneiras de trabalhar, pensar e falar, e falta de flexibilidade para trocar de função e ministérios.

5. Questões Ministeriais da Missão, tais como desafios do trabalho, falta de dons ministeriais, falta de visão e expectativa exagerada (expectativas que tenham sido manifestas).

Embora tudo isso pareça negativo, devemos entender que servir em missões transculturais é uma das transições mais difíceis que uma pessoa pode fazer. Por isso, o papel da igreja é vital, tanto como parceira no envio, como apoiando o missionário.

Então, o que a igreja pode fazer para manter seus missionários no campo? É muito importante envolver-se completamente com eles, independente de qual estágio do processo de filiação na missão eles estejam.

Primeiro, ensine os jovens a terem disciplina em sua vida pessoal e espiritual. Procure transmitir-lhes visão de trabalho com povos não alcançados e providencie para que tenham experiência com evangelismo (antes de irem para o campo). Incentive-os a serem pessoas flexíveis, por causa da variedade de experiências ministeriais que eles terão em vários contextos, bem como a ter disposição para servir debaixo de liderança, e junto com outras pessoas.

Segundo, avalie juntamente com eles o seu chamado para missões e seu andar com Deus. Este é um chamado sagrado – precisamos honrar o desejo deles em servir dessa maneira. Invista no crescimento de sua capacidade de administrar, interações interpessoais, e dons ministeriais. Obviamente, isso significa que haverá atividades e ministérios fora da igreja – em comunidades e em contextos transculturais.

Terceiro, caminhe com eles através do processo de candidatura, nos primeiros anos no campo, e também no seu ministério a longo prazo. Não deixe a tarefa de acompanhá-los somente para a organização missionária; escreva pra eles, ore por eles, visite, aconselhe, incentive. Conheça seus planos de ministério, expectativas, programação e disciplinas diárias; isso não será invasivo se você os estiver enviando e apoiando. Conecte-os à missão, fazendo com que saibam da parceria que ela pretende com eles. É muito bom quando o missionário, sua igreja, e a organização conseguem se unir para desenvolver o ministério.

E, por fim, certifique-se de que em suas viagens de furlough (um tipo de férias pra levantar sustento e visitar mantenedores e familiares), os missionários consigam separar algum tempo para o seu descanso pessoal. Eles frequentemente voltam ao campo mais exaustos do que quando partiram, e isso por causa de todo o esforço para manter e desenvolver sua equipe de mantenedores, e as visitas que precisam fazer.

Acima de tudo, crie equipes de oração que os apresentem constantemente ao Senhor, para que possam superar essas dificuldades, e para que o Espírito os dirija e os faça frutificar.

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JOHN KAYSER nasceu e foi criado na Etiópia, e juntou-se à Bethany International em 1993, como consultor de treinamento missionário. Seu modelo de treinamento estimulou mais de 300 escolas de treinamento missionário, em dezenas de países.

Photo: Ben White


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