sexta-feira, 8 de março de 2024

A LUTA CONTRA O ABORTO: Desvio da Grande Comissão ou parte dela?

 

MUITOS CRISTÃOS BEM-INTENCIONADOS ACREDITAM que as igrejas deveriam mencionar o aborto. Alguns dizem que ao falar do aborto, nós faremos as pessoas se sentirem culpadas. Todavia, a razão para se falar do assunto é prevenir o aborto e a culpa que ele traz, bem como oferecer ajuda e esperança àqueles que se sentem culpados e precisam ser libertos. O fato de nossas igrejas estarem cheias de pessoas que se envolveram em aborto não é razão suficiente para se manter em silêncio. Na realidade, é o melhor argumento para se tratar da questão face a face e oferecer toda a perspectiva, ajuda e apoio que podemos.

Um seminarista em minha igreja me disse algo que sempre ouvi de um jeito ou outro: “Questões como o aborto são simplesmente um desvio da coisa principal”.

– Qual é a coisa principal? – indaguei.

– A Grande Comissão – respondeu ele. – Ganhar pessoas para Cristo. É isso que temos a obrigação de fazer. Tudo o mais é desvio – ele completou.

Ele estava se referindo às palavras de Cristo em Mateus 28.19,20: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os à observar todas as coisas que eu vos tenho mandado”.

 

 UM HOMEM CHAMADO WILLIAM

 

Há duzentos anos viveu um inglês chamado William, um sincero oponente à escravidão que boicotou o açúcar proveniente das Índias Ocidentais porque era produto da escravidão. William sentiu que Deus queria que ele fosse à Índia, onde ficou chocado por descobrir que muitos hindus expunham seus bebês à morte. Também abandonavam o fraco, doente e o leproso. O governo britânico na Índia fingia não ver porque não queria interferir na cultura e religião, mas William sentiu-se compelido a interferir porque as pessoas estavam morrendo.

Certo dia, William presenciou uma prática chamada sati, em que as viúvas eram queimadas vivas na pira funerária de seus maridos mortos. Após presenciar uma morte dessas, ele pôs-se à frente de um grupo reunido para queimar viva uma mulher e disse a eles que aquela prática estava errada. Liderou um grupo de missionários em protesto. Preparou debates públicos sobre o assunto para trazer a perspectiva de Deus à luz.

Na manhã de domingo de 6 de dezembro de 1829, após anos de ativismo, William recebeu o decreto oficial proibindo a queima de viúvas. Ele tinha o compromisso de pregar na igreja aquela manhã, porém não o fez. Em vez disso, dedicou o dia inteiro à tradução do decreto para a língua bengali, porque sabia que vidas estavam em risco.

Alguns criticavam William por suas ações morais e políticas. Eles diziam: “Não é para isso que você está aqui. Não é este o seu chamado. Concentre-se na coisa principal. Apenas pregue o evangelho e ore”.

Quem era esse ativista social tão preocupado com moralidade, leis e em salvar vidas humanas? Seu nome era William Carey, “o pai das Missões Modernas”. Quando pensamos na Grande Comissão e o movimento moderno de missões, nenhum outro nome é tão relevante como o dele.

Carey foi à Índia para ganhar pessoas para Cristo e discipulá-las, não apenas compartilhando o evangelho, mas vivendo-o – o que incluía intervir para salvar vidas e trabalhar arduamente para mudar a opinião pública e leis injustas.

Randy Alcorn, no livro Por Que Ser a Favor da Vida? (Arte Editorial & CERVI, 2010).


 

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