O “ide” foi comissão exclusiva da Igreja. Esteve ausente no período anterior. Israel deveria obedecer a Deus e viver a fé, mais do que difundi-la. Fora chamado para guardar mandamentos e não para pregá-los ao mundo.
O kerigma (proclamação) era de judeu para judeu. Os profetas tinham uma mensagem para seu próprio povo e ainda que algumas vezes a mensagem transcendesse as fronteiras estava de alguma forma relacionada a ele. Verdade é que foi dito a Abraão “em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.1), mas o judaísmo não tornou-se em momento algum uma religião missionária. Seriam sua fé no Deus único e sua firme obediência os instrumentos de Deus para influenciar os povos em volta.
Claro que o espírito missionário já tinha suas sementes nos livros sagrados da Antiga Aliança. O livro dos Salmos por exemplo, estavam repletos de referências às nações adorando a Deus ( Sl 57.9; 72.11; 117.1). Também nos profetas isto era patente ( Is 61.11; Jr 4.2; Ez 38.23). Todavia, era mais a afirmação de um fato que haveria de ocorrer do que de uma missão a ser levada a efeito. Sementes para o tempo futuro.Missão e consciência missionária estratégia Assim como pode existir consciência missionária sem missões, também pode haver missões sem consciência missionária. Prova disto, é que Israel de fato exerceu um papel missionário, mesmo sem Ter qualquer incumbência neste aspecto. Mulheres como Raabe e Ruth, eram gentias que foram convertidas ao Deus de Israel, logo nos primórdios da nação e não se deve pensar que eram casos únicos.
Se a diáspora judaica não é fruto de uma visão missionária de Israel com certeza foi fruto de uma estratégia missionária de Deus. Ao serem espalhados entre as nações da terra, eles plantaram uma fé monoteísta em diversos povos. Daniel e seus amigos são exemplos clássicos. No contexto de Atos este fato é óbvio. Os prosélitos, gentios convertidos ao judaísmo, formaram a ponte que iria levar o cristianismo aos gentios (At 2.10 6.5 13.43).
Em seu Fator Melquisedeque, Don Richardson apresenta exemplos de povos afastados que guardavam vestígios da fé em um Deus único e sua ação redentora. Culturas politeístas tinham traços da fé bíblica que muitas vezes foram usados pelos missionários para explicar o Evangelho, como fez Paulo no Aéropago.
Se esta fé é resultado do inerente monoteísmo do coração humano (Rm 1.18) ou se tem raízes históricas no espalhamento de Israel é difícil dizer. Em muitos casos porém a influência dos judeus dispersos é evidente.
O Pentecoste também foi uma estratégia missionária por parte de Deus. Haviam judeus de todas as nações embaixo do céu (At 2.5). Muitos deles retornaram para seus países de origem levando a fé no Messias (2.41). Tão eficaz foi a tática que muitos supõem Ter sido esta a origem da igreja em Roma. De fato isto é bastante plausível, uma vez que Paulo encontra judeus-cristãos que haviam sido expulsos de Roma pelo imperador Cláudio (At 18.2) e segundo o historiador Suetônio em sua “Vida dos Doze Césares”, o culpado era um judeu chamado Chrestos (provavelmente corruptela de Cristo). O caso do etíope também é bastante característico (Atos 8). Segundo Eusébio, foi propagador da fé em seu povo.
Estes casos se tratam de um tipo de “missões ao inverso”. Não se vai até o povo destinatário. Este vem até o local, recebe a mensagem, e volta com ela. Este quadro retrata bem um tipo de missão que não requer necessariamente uma consciência missionária. Foi um tipo de “missão espontânea”, comum ao judaísmo e que no cristianismo foi provocado por perseguições.
São o embrião de uma consciência missionária, acompanhada de um movimento missionário que iniciando nos dias dos apóstolos continuam até hoje, buscando anunciar o Evangelho a “toda criatura”.
Caso sui generis
Para não sermos injustos, Israel teve sim um caso de missionário enviado aos gentios – Jonas. Rico em mensagem, este curto livro é distinto em muitos pontos. Ao invés de mensagens proféticas, uma narrativa. Ao invés de profecia messiânica, um tipo messiânico. Ao invés da história de um juízo sobre Israel, a redenção de uma cidade gentia.
E foi comissionado por Deus a pregar em e para uma cidade fora de Israel. E teve sucesso. Classificá-lo como primeiro missionário aos gentios não é frase de efeito, é a realidade. Mas ele permanece como a exceção em meio a regra. Ou melhor, como um tipo profético do espírito missionário que permearia a posterior História da Igreja em toda era cristã. Eis aqui um pouco da força latente do movimento missionário, que então explodiria para fazer do Cristianismo um movimento que haveria de abranger o mundo todo, proclamando a toda tribo, língua e nação que Jesus é o Senhor !
O kerigma (proclamação) era de judeu para judeu. Os profetas tinham uma mensagem para seu próprio povo e ainda que algumas vezes a mensagem transcendesse as fronteiras estava de alguma forma relacionada a ele. Verdade é que foi dito a Abraão “em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.1), mas o judaísmo não tornou-se em momento algum uma religião missionária. Seriam sua fé no Deus único e sua firme obediência os instrumentos de Deus para influenciar os povos em volta.
Claro que o espírito missionário já tinha suas sementes nos livros sagrados da Antiga Aliança. O livro dos Salmos por exemplo, estavam repletos de referências às nações adorando a Deus ( Sl 57.9; 72.11; 117.1). Também nos profetas isto era patente ( Is 61.11; Jr 4.2; Ez 38.23). Todavia, era mais a afirmação de um fato que haveria de ocorrer do que de uma missão a ser levada a efeito. Sementes para o tempo futuro.Missão e consciência missionária estratégia Assim como pode existir consciência missionária sem missões, também pode haver missões sem consciência missionária. Prova disto, é que Israel de fato exerceu um papel missionário, mesmo sem Ter qualquer incumbência neste aspecto. Mulheres como Raabe e Ruth, eram gentias que foram convertidas ao Deus de Israel, logo nos primórdios da nação e não se deve pensar que eram casos únicos.
Se a diáspora judaica não é fruto de uma visão missionária de Israel com certeza foi fruto de uma estratégia missionária de Deus. Ao serem espalhados entre as nações da terra, eles plantaram uma fé monoteísta em diversos povos. Daniel e seus amigos são exemplos clássicos. No contexto de Atos este fato é óbvio. Os prosélitos, gentios convertidos ao judaísmo, formaram a ponte que iria levar o cristianismo aos gentios (At 2.10 6.5 13.43).
Em seu Fator Melquisedeque, Don Richardson apresenta exemplos de povos afastados que guardavam vestígios da fé em um Deus único e sua ação redentora. Culturas politeístas tinham traços da fé bíblica que muitas vezes foram usados pelos missionários para explicar o Evangelho, como fez Paulo no Aéropago.
Se esta fé é resultado do inerente monoteísmo do coração humano (Rm 1.18) ou se tem raízes históricas no espalhamento de Israel é difícil dizer. Em muitos casos porém a influência dos judeus dispersos é evidente.
O Pentecoste também foi uma estratégia missionária por parte de Deus. Haviam judeus de todas as nações embaixo do céu (At 2.5). Muitos deles retornaram para seus países de origem levando a fé no Messias (2.41). Tão eficaz foi a tática que muitos supõem Ter sido esta a origem da igreja em Roma. De fato isto é bastante plausível, uma vez que Paulo encontra judeus-cristãos que haviam sido expulsos de Roma pelo imperador Cláudio (At 18.2) e segundo o historiador Suetônio em sua “Vida dos Doze Césares”, o culpado era um judeu chamado Chrestos (provavelmente corruptela de Cristo). O caso do etíope também é bastante característico (Atos 8). Segundo Eusébio, foi propagador da fé em seu povo.
Estes casos se tratam de um tipo de “missões ao inverso”. Não se vai até o povo destinatário. Este vem até o local, recebe a mensagem, e volta com ela. Este quadro retrata bem um tipo de missão que não requer necessariamente uma consciência missionária. Foi um tipo de “missão espontânea”, comum ao judaísmo e que no cristianismo foi provocado por perseguições.
São o embrião de uma consciência missionária, acompanhada de um movimento missionário que iniciando nos dias dos apóstolos continuam até hoje, buscando anunciar o Evangelho a “toda criatura”.
Caso sui generis
Para não sermos injustos, Israel teve sim um caso de missionário enviado aos gentios – Jonas. Rico em mensagem, este curto livro é distinto em muitos pontos. Ao invés de mensagens proféticas, uma narrativa. Ao invés de profecia messiânica, um tipo messiânico. Ao invés da história de um juízo sobre Israel, a redenção de uma cidade gentia.
E foi comissionado por Deus a pregar em e para uma cidade fora de Israel. E teve sucesso. Classificá-lo como primeiro missionário aos gentios não é frase de efeito, é a realidade. Mas ele permanece como a exceção em meio a regra. Ou melhor, como um tipo profético do espírito missionário que permearia a posterior História da Igreja em toda era cristã. Eis aqui um pouco da força latente do movimento missionário, que então explodiria para fazer do Cristianismo um movimento que haveria de abranger o mundo todo, proclamando a toda tribo, língua e nação que Jesus é o Senhor !
Eguinaldo Hélio de Souza
in Revista POVOS - www.revistapovos.com.br