A pandemia de Covid-19 descontruiu
preconceitos, demoliu expectativa$ e, como a perseguição na Jerusalém do
primeiro século, apressou o passo duma igreja sonolenta até o quase pecado.
Mas não adiantou de todo: Tiramos um pé do atoleiro, mas seguimos presos no que eu chamo de a “cultura do evento”. Encontros presenciais,
capacitações, cursos de fim-de-semana ou que se estendem por três longos anos
estão sendo retomados na modalidade presencial, para alegria de meia-dúzia que
ainda não entendeu, e para azar de um país de colossais 8.510.000 quilômetros
quadrados, 5.558 municípios e em torno de 60 milhões de crentes. SESSENTA MILHÕES
DE CRENTES, que certamente não cabem na sua sede missionária, seminário, sítio,
estádio ou o que você conseguir.
SESSENTA MILHÕES DE CRENTES.
Grandes igrejas, missões, denominações, agências e colegiados
de agências nacionais parecem firmemente presos ao presencial, ao evento. O
tempo que seria gasto em proporcionar RECURSOS GRATUITOS E DEMOCRATIZADOS (via
web) é gasto em passagens de avião, hospedagens, alimentação, gasolina. Tudo
com uma naturalidade, um “tem que ser assim, só pode mesmo ser assim” de causar
arrepios em quem sabe dar valor (pois não o tem ou já não o teve um dia) ao
DINHEIRO. Principalmente o dinheiro que compete ser alocado na obra de Deus.
Vamos a um teste, vamos ao que
nos possa dar discernimento efetivo. Entre em sites de missões e colegiados
(associações) de missão ou sites de igrejas genéricas/denominacionais
(evangélicas/reformadas) e procure pela aba “Recursos”. Nos EUA, fonte nossa e
de todos estes, é comum a cada site haver os recursos para capacitação de quem
quiser se capacitar, em sua maioria gratuitos – e-books, podcasts, séries de
vídeos auto instrutivos e etc. Mas faça o teste aqui em Pindorama, em nosso
Brasil continental. Fez?
Pois bem, deve ter chegado a
alguma conclusão. Sem querer desgastar ainda mais seu tempo, lhe proponho que faça
agora outro teste. Procure pela aba “Eventos” ou “Agenda”.
Fez? Se fez, não preciso me estender, os festivos
fatos são a melhor pedagogia.
Mas, E DAÍ?
Faça a sua parte. Empreenda
esforços para trocar (no seu coração e na sua instituição) a “cultura do evento”
pela “cultura dos recursos”. Ou a cultura do “venha” pela cultura do “tome aqui”.
Não se questiona aqui a necessidade e riqueza maior proporcionada pelo tête-à-tête,
o cara-a-cara; sou professor, como o faria? O questionável é a manutenção deste
sistema monocórdio, pouco produtivo, elitista (sim, elitista!), num momento em
que já adentramos até as canelas do século XXI, talvez o último.
Talvez o último. Será? Ou agimos
no atacado sobre uma igreja de 60 milhões de almas dispersas por 5.558
municípios que se estendem por 8.510.000 km², ou pingamos gotas no varejo dos
eventos - lá naquela estância hidromineral no Centro-Oeste, no indobrável eixo-de-aço
RJ-SP, ou mesmo naquela base ensolarada no Nordeste...
No mais, celebro e reafirmo a
importância de tais eventos, e ser um dos seus maiores divulgadores (vide a
vida do blog/canais Veredas Missionárias) o comprova. Mas torço para que eles tenham cada vez menos importância, pelo simples e monolítico fato de sermos sessenta milhões de crentes.
Sammis Reachers
- www.veredasmissionarias.blogspot.com
(Este texto pode ser livremente reproduzido, por quaisquer meios, sem necessidade de prévia autorização. Mamon já nos impõe pedidos de autorização demais, concorda?).