sexta-feira, 7 de julho de 2017

Cooperadores de Deus entre as Nações


Uma tendência que observamos nos relatórios e giros missionários é a ênfase dada aos pontos negativos de determina área ou país em que o missionário está atuando. Não raras vezes, vemos nas igrejas, redes sociais e blogs, fotos de crianças negras passando fome, casebres lotados de gente, pessoas doentes, cidades destruídas, calamidades naturais etc. É como se a miséria validasse o trabalho missionário, nos transmitindo uma visão pessimista do mundo, e os missionários têm a solução para todos os problemas. Porém, algo de errado está acontecendo aqui!
Eu gosto de ter uma visão positiva – a do copo meio cheio e não meio vazio – buscando sempre animar, e não colocando culpa e medo. O meu positivismo (não teológico!), não tem a ver com acreditar que o homem é bom em si mesmo (somos todos pecadores), mas, sim, no Deus imutável e poderoso. Quando prego sobre missões, não enfatizo a pobreza na África, tampouco o terrorismo do Islã, muito menos o narcotráfico latino-americano ou ainda a vida primitiva dos índios Papua. Então qual deveria ser a nossa ênfase? Que mensagem deve ser transmitida?
Eu corro junto com Patrick Johnstone, um missiólogo e pesquisador britânico, ao dizer que Deus está fazendo a sua obra no mundo e Ele nos convida a participar dela. Há muito que regozijar-se. Tantos avivamentos e milagres de Deus ocorrendo nesse exato momento! Por que não falarmos dos mais de 15 mil missionários sul-coreanos no mundo? Por que não anunciarmos o avivamento chinês com crescimento de mais 7.400% (de 1 milhão para 75 milhões) evangélicos em apenas 50 anos? Porque não afirmamos que os maiores plantadores de igrejas na Europa são nigerianos? Ou ainda a perseverança e crescimento dos cristãos iranianos (em 1979 havia por volta de 500 cristãos e em 2008 foi registrado mais de 1 milhão de servos de Cristo)?
Parece-me que a estratégia para levantar novos missionários é baseada na culpa – “estão morrendo sem Jesus porque você não prega” – ou ainda no medo – “se você não pregar, Deus vai te cobrar essas vidas”. Mesmo assim, eu consigo ouvir vozes me contrapondo: “mas se nós somente enfatizarmos as coisas boas, as pessoas não vão querer ser missionárias, porque pensarão que Deus não precisa delas”. Exatamente! Deus não precisa de nós e nunca precisará. Nós é que necessitamos dele. Se realmente acreditamos na “Missio Dei” e que Deus é o dono da História e da Igreja, devemos confiar que, ao enfatizar a obra que é dele, e não a nossa, o Senhor irá tocar nos corações que estão desejosos a participar da obra que Deus já está fazendo nas nações, e não aqueles que querem ser os protagonistas da missão.
Por isso, fiquei muito feliz ao ver no ano passado no 7° CBM (Congresso Brasileiro de Missões) o lançamento do DVD “Envolva-se”, coordenado pela minha amiga missionária Mila, com apoio da AMTB e Martureo. Nesse material desenvolvido pela “Create International” (Austrália) fica clara a obra que Deus está fazendo em todas as etnias. É a visão positiva que estamos precisando no Brasil, olharmos para as nações com uma visão de amor e de cooperadores, e não de pena e de solucionadores dos problemas. Os europeus e americanos não são maiores que os latinos, e nós não somos melhores que os africanos. Somos um corpo, e cada um tem sua parte e contribuição dentro dele. Paulo já dizia isso há muitos anos:
“... de modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus, que efetua o crescimento. O que planta e o que rega têm um só propósito, e cada um será recompensado de acordo com o seu próprio trabalho. Pois nós somos cooperadores de Deus; vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus”. (1 Coríntios 3.7-9).


• Felipe Fulanetto tem 23 anos, nascido em Campinas-SP, torcedor do Palmeiras, ama filmes, livros e viajar. Formado em técnico de Web Design, bacharel em Teologia pela UNICESUMAR, mestrando em Missiologia no CEM e especializando em Etnomusicologia pela “Summer Institute Linguistic” (SIL). Foi missionário no Peru e Paraguai e hoje é pastor pela Igreja do Nazareno, coordenador de pesquisas missionárias institucional da AMTB, pertence à equipe do projeto Vocacionados (vocacionados.org.br) e da organização do Congresso VOCARE.

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