Quero vos
falar hoje a respeito do que é para mim o versículo mais importante da Bíblia.
Talvez eu sinta assim porque estou escrevendo um livro sobre o assunto. Vai ser
publicado nos Estados Unidos e leva o titulo "E O VERBO SE FEZ
CARNE". Se eu tivesse que escolher o versículo mais importante das
Escrituras, apontaria este que dá o título ao meu livro, porque é o que
distingue a fé cristã das demais.
Quando fui
trabalhar na Índia encontrei essa atitude por parte do povo: tudo o que havia
de bom na Bíblia se encontrava em seus livros sagrados. A Índia tem passado por
três fases quanto à fé cristã. A primeira foi: "O cristianismo não é a verdade".
Não puderam provar isso, então mudaram de opinião e chegaram a uma segunda
fase: "O cristianismo não é uma coisa nova". A terceira fase é a atual:
"O cristianismo não é vivido pelos cristãos". A maior parte de minha
vida na Índia, passei-a quando vigorava a segunda fase. Tudo o que dizia para
eles, encontravam um paralelo. Pegavam de seus livros sagrados e liam para mim
algo semelhante.
Na América
do Norte fui entrevistado em um programa de televisão por uma senhora
israelita. Ela me perguntou: "Por que o Senhor anda percorrendo o mundo
para pregar? O que o senhor tem que os outros não têm?" Respondi-lhe com
uma única palavra: "Cristo. Eu tenho Cristo". Esta é a única coisa
diferente que temos dos demais. Sadhu Sundar Singh foi um grande místico da
Índia. Entrevistado por um europeu que se havia convertido ao Hinduísmo, este
lhe perguntou: "O que você encontrou na sua nova fé que não havia
encontrado na velha?" O Sadhu respondeu: "Cristo".
"Sim", disse o europeu, "mas eu quero saber o que encontrou que
nunca viu antes". A resposta veio rápida: "Esta coisa especifica é
Cristo". Ele estava absolutamente certo. Mas o que é esta coisa única
nesta pessoa única? É "O VERBO SE FEZ CARNE". Todas as demais religiões
eram a palavra tornando-se palavra, uma filosofia, um moralismo. Quando cheguei
à Índia há 56 anos atrás encontrei esta situação de norte a sul.
Encontrava-me
na cabine de um trem, na Índia, com um cavalheiro maometano. Pensei comigo
mesmo: "sou um missionário e devo começar a trabalhar". Li, então,
para ele o Sermão do Monte. Quando terminei a leitura ele me disse: "É
muito lindo, mas temos isto nos nossos livros sagrados". E quando apontei
o versículo que diz: "quando te baterem na face direita, oferece também a outra",
simplesmente respondeu: "temos isto também nos nossos livros
sagrados" e citou uma afirmação tirada de seus livros: "Sê como o
sândalo que perfuma o machado que o fere". "Então isto não é amar os
inimigos?" "Sim", confessei". Então falei de Cristo
oferecendo-se em sacrifício por nós. "Temos a mesma coisa", disse,
"os Vedas dizem que Projapti, o Senhor das criaturas, deu-se a si mesmo em
sacrifício. Não é Deus oferecendo-se por nós?" Tive de confessar que era.
Então falei sobre Deus levando sobre si nossos pecados. Ele respondeu: "Temos
isto também. Shiva do Pescoço Azul é assim chamada porque bebeu veneno para
fazer sacrifício pelos nossos pecados, para que nós provássemos a ambrosia. O
veneno parou em seu pescoço, tornando-o azul. Não é Deus tomando sobre si os
nossos pecados?". "Sim", tive que responder. E assim por diante,
tudo que eu falava, ele encontrava um paralelo. Então o que era novo?
Permaneci
contra a parede durante vários anos até que percebi num relance o que era novo.
E quando tive esta nova concepção, vi um mundo novo. Quando eles me falavam de
todas essas passagens paralelas, via que se tratava de palavras transformadas
em palavras. Mas quando Jesus, na cruz, disse: "Pai, perdoa-lhes porque
não sabem o que fazem", isto não era palavra tornando-se palavra, mas
palavra tornando-se carne. Quando eles diziam que seu Deus se deu por eles, era
mera lenda, sem qualquer referência histórica. E quando falavam de Shiva, que
tomou veneno, era outra lenda, não era um fato. Não havia nenhuma prova de que
ele tivesse algum dia bebido aquele veneno. Mas quando Cristo se deu na cruz,
era um fato histórico, era a palavra do sacrifício, fazendo-se carne. Ele bebeu
o veneno dos nossos pecados para que tivéssemos a ambrosia da vida eterna.
Então eu vi a diferença entre o cristianismo e as demais religiões. Todas as
outras eram meras palavras que se faziam palavras. Mas Cristo é o Verbo que se
fez carne. Esta é a diferença essencial, fundamental.
Todas as
grandes filosofias do mundo estavam completas antes da vinda de Cristo ao
mundo. As grandes nações filosóficas do mundo, Grécia, China e Índia, já haviam
completado suas filosofias. Além destas filosofias assentadas o mundo não vai
mais adiante. Religião é a busca do homem a Deus, por isso há muitas religiões.
Mas o Evangelho é Deus buscando o homem, por isto mesmo há somente um
Evangelho.
Trecho do
livro Jesus É Senhor (baseado em palestras que Stanley Jones proferiu quando de uma de suas visitas ao Brasil). Shedd Publicações, 2005.
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