segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Missões: a prioridade de Deus

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Gustave Doré

Russell Shedd

Lucas relata que Jesus, depois de ressuscitar, reuniu seus discípulos e falou-lhes duas coisas. A primeira foi que o Antigo Testamento ensinava claramente que o Messias tinha de morrer e ressuscitar. Em seguida, acrescentou que o evangelho seria pregado a todas as nações.

O ensino que Jesus transmitiu aos discípulos após a ressurreição deve ter sido uma novidade para eles, mas estava claramente expresso no texto sagrado. Veja como Jesus falou: “Está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém” (Lc 24.46,47).

A ordem de fazer missões é muito clara no Novo Testamento, porém Jesus buscou no Antigo Testamento a base para essa declaração. Se lermos a Bíblia toda sem observar sua ênfase sobre missões, provavelmente a estamos lendo superfi cialmente, como eu lia o Antigo Testamento, sem notar a centralidade do plano de Deus para as nações. Agora penso de modo diferente. Foi uma mudança de paradigma para mim!

Leiamos alguns textos que Jesus poderia ter usado para comprovar que a tarefa de levar o evangelho a todas as criaturas, nações, línguas e povos não era uma novidade do primeiro século. Ela começou no coração de Deus e foi anunciada inicialmente no Antigo Testamento.

A finalidade da criação

O Antigo Testamento começa com a criação de tudo que existe. No centro de seu plano, Deus criou o homem — e todos nós — à sua imagem, por várias razões. O próprio Universo não existiu eternamente. Deus o criou com um propósito. O Universo teve início num momento da História — “no princípio” — e terminará no fi m da História, após a segunda vinda de Cristo. Por que Deus decidiu fazer tudo que fez? Os cientistas ateus pesquisam a criação. Descobrem os segredos da natureza e como funcionam os processos e leis naturais, mas lamentam não saber a razão por que existe qualquer coisa, porém nós, cristãos, sabemos os motivos de o Universo e o homem existirem. Citaremos apenas cinco deles.

Primeiro motivo da criação

O primeiro motivo da criação foi o desejo de Deus de ter pessoas com quem pudesse desfrutar comunhão. Deus é social. Ele ama pessoas como nós — gente. Gente que conversa com ele. Ele queria alguém com quem pudesse conversar e de quem recebesse adoração. Por isso, criou-nos à sua imagem, para ter um relacionamento amoroso conosco. Isso se encaixa estreitamente na tarefa missionária. O propósito das missões tem seu fundamento nesse desejo de Deus. Cada pessoa que se converte hoje terá comunhão com ele eternamente.

Segundo motivo da Criação

Deus é um Deus feliz. Deduzimos isso de uma frase de 1Timóteo 1.11, “o evangelho da glória do Deus bendito”. A palavra “bendito” (makârios, no grego) quer dizer “feliz” (compare com as bem-aventuranças). Ele queria compartilhar sua felicidade com o ser humano. As pessoas mais felizes da terra devem ser os missionários. Com certeza, divulgar as boas novas, obedecer à última ordem de Cristo, levar pessoas a conhecê-lo e, por conseguinte, poder entrar no gozo do Senhor é um trabalho glorioso e tem relação direta com o motivo de Deus ter criado a humanidade.

Terceiro motivo da criação

Deus nos criou para mostrar seu amor. Ele já amava o Filho, e o Filho amava o Pai, mas queriam um povo para demonstrar seu amor. Ele multiplicou a população da terra para revelar seu infinito amor. Ele derramou seu amor em nosso coração para que possamos também amar aqueles que Deus ama. Se você não é missionário, no sentido mais lato da palavra, talvez o amor de Deus tenha sido sufocado em sua vida. Não entrou na sua veia nem nas suas artérias, por isso não circula em seu coração o desejo de alcançar os perdidos. Deus criou homens e mulheres para compartilhar sua felicidade e demonstrar seu amor. Devemos responder e corresponder ao seu amor com
grata obediência.

Quarto moti vo da criação

Deus criou o mundo para ser glorificado por meio dele. Ele criou o ser humano à sua imagem para que este pudesse glorifi cá-lo por causa de sua graça. Efésios 1.6 é uma passagem fundamental das Escrituras porque explica o motivo pelo qual Deus nos criou. Considere seriamente que, tanto a eleição antes da fundação do mundo quanto a predestinação para sermos filhos adotivos, aconteceu, segundo esse texto, “para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado”. Não é possível negar, à luz dessa passagem, que o propósito original no plano da criação foi que pessoas inteligentes e dotadas de emoção louvassem a graça gloriosa de Deus. Esse é o principal motivo das missões. Paulo escreveu aos coríntios:
“Todas as coisas [os sofrimentos] existem por amor de vós, para que a graça, multiplicando-se, torne abundantes as ações de graças por meio de muitos, para glória de Deus” (2Co 4.15).

Quinto motivo da criação

Deus criou o homem para compartilhar com ele sua santidade. “Sereis santos, porque eu sou santo” (Lv 11.44). Ele não admitirá pecadores rebeldes no lar celestial. Por isso, nos manda aumentar a santidade no mundo e multiplicar o número de “santos” na terra. Um dos títulos do povo de Deus é “nação santa” (Êx 19.6), confi rmando que, se Deus tem filhos na terra inseridos em sua Igreja, eles serão marcados pela santidade do “Pai” celestial.

O coração missionário de Deus revelado no Antigo Testamento

Examinemos alguns textos-chave da Bíblia para buscar as bases para missões e o propósito divino para a humanidade.

Gênesis 12.1-3
Esta passagem central no Antigo Testamento apresenta a chamada de Abraão, nosso pai na fé e tem importantes implicações para a obra missionária:

Disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as
famílias da terra.
Nesta passagem, que Jesus deve ter mencionado aos seus discípulos, temos uma dupla ordem: “Sai da tua terra” e “Sê tu uma bênção”. Abraão deveria sair para ser uma bênção e ser abençoado. Nele o mundo inteiro — todos os lugares, tribos, povos e nações — seriam abençoados. Cremos na Palavra de Deus e que essa promessa, ainda não concretizada inteiramente, irá se cumprir.

Existe algo mais interessante nesse texto. Qualquer contador, ou pessoa que trabalha com números, sabe que a soma de todas aquelas fileiras de cifras depende dos números que estão em cima. Ele sabe que se houver um erro em alguma dessas cifras, haverá um resultado errado na última linha. Esse princípio da matemática pode ilustrar e explicar por que o compromisso das igrejas com as missões é tão fraco.

O Brasil evangélico, até agora, enviou um número quase inexpressivo de missionários. Há menos de um missionário para cada 10 mil crentes. Estou convencido de que essa desproporção tem uma explicação razoável. Vejamos como se aplica à tarefa missionária. Como já vimos, se escrevemos números errados nas linhas de cima, a soma estará errada.

A passagem de Gênesis contém a promessa de que Deus há de abençoar a Abraão. Todos querem as bênçãos de Deus. Corresponde à linha de cima o “abençoarei”, mas se entendemos mal a linha de cima, a linha de baixo — “Sê tu uma bênção” para todas as nações (famílias) da terra — sairá errada. A bênção da promessa está diretamente ligada à obediência à ordem de ser uma bênção. Não dá certo buscar a bênção sem querer ser uma bênção.
Todas as nações receberão as bênçãos prometidas a Abraão. A Palavra de Deus não pode falhar, mas primeiro é essencial que Abraão e seus descendentes pela fé sejam uma bênção. É inútil reivindicar bênçãos se não estamos abençoando os perdidos com a oferta do evangelho.

Receber benefícios da parte de Deus corresponde à linha de cima. Transmitir esses benefícios para os que não têm acesso à bênção abraâmica está diretamente vinculado às bênçãos recebidas. A bênção da salvação, a linha de cima, implica a responsabilidade de ser uma bênção, de compartilhar essa salvação com os que não têm acesso ao evangelho.

Gênesis 50.15-21
A história de José, em Gênesis 50, revela o mesmo princípio. Seus irmãos estavam preocupados com o fato de que José, agora exaltado com plenos poderes no Egito, retribuísse o mal que sofreu.

Vendo os irmãos de José que seu pai já era morto, disseram: É o caso de José nos perseguir e nos retribuir certamente o mal todo que lhe fi zemos. Portanto, mandaram dizer a José: Teu pai ordenou, antes da sua morte, dizendo: Assim direis a José: Perdoa, pois, a transgressão de teus irmãos e o seu pecado, porque te fizeram mal; agora, pois, te rogamos que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pai. José chorou enquanto lhe falavam. Depois, vieram também seus irmãos, prostraram-se diante dele e disseram: Eis-nos aqui por teus servos. Respondeu-lhes José: Não temais; acaso, estou eu em lugar de Deus? Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida.Não temais, pois; eu vos sustentarei a vós outros e a vossos fi lhos. Assim, os consolou e lhes falou ao coraç;ão.
Está bem claro no texto que a bênção na vida de José, depois de muitas maldições, não deveria ser limitada a ele próprio. A grande bênção que recebeu (a linha de cima) teria de implicar a bênção de sua família e muitos milhares
de vidas salvas. A revelação que José recebeu sobre os anos de prosperidade e sobre a fome no Egito mostrou que Deus tinha um propósito central para sua vida. Deus o abençoou para que ele pudesse abençoar outras pessoas. A linha de cima — os benefícios recebidos — implica a linha de baixo — a concessão de benefícios aos que não os possuem.
Deus nos revelou algo muito mais precioso, uma revelação mais importante que a recebida por José. A questão é: por que Deus tem abençoado a sua vida? A razão bíblica é a preservação de vidas para a eternidade na gloriosa presença de Deus. Se nos interessamos apenas em receber a bênção da salvação, sem passá-la adiante, estamos contrariando o propósito de Deus. Desprezamos a prioridade divina.

Deuteronômio 4.5-8
Aqui Moisés mostra também as duas linhas, as bênçãos decorrentes de ser o povo escolhido e a responsabilidade de abençoar as nações:

Eis que vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o Senhor, meu Deus, para que assim façais no meio da terra que passais a possuir. Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente. Pois que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o Senhor, nosso Deus, todas as vezes que o invocamos? E que grande nação há que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que eu hoje vos proponho?
Imagine se o Brasil estivesse na posição de Israel prevista nesse momento histórico. Se as leis escritas e assinadas pelo presidente fossem leis criadas na mente de Deus e passadas diretamente aos deputados em Brasília, como o país estaria bem! Imagine se o Brasil, como o Israel antigo, em vez de pensar em problemas e dívidas internacionais, pudesse dobrar os joelhos e usufruir a bênção notável de empregos para todos, de estarem os meninos de rua recebendo o devido cuidado. Imagine a bênção de saber que os órfãos estão sendo nutridos com as verdades de Deus. Imagine um Brasil que não precisasse cuidar de suas fronteiras nem combater o tráfico de drogas. Pense em ter Deus tão próximo a proteger a nação: não seria preciso gastar dinheiro com o Exército e nem com policiais.
Leis falhas e interesseiras, feitas por homens, seriam substituídas por leis divinas e perfeitas. Beneficiado por essas leis e pela proteção divina nas crises, em resposta às orações do povo de Deus, o Brasil seria um país invejável. Foram essas bênçãos, segundo o texto de Deuteronômio, que Deus ofereceu a Israel.

Qual seria o efeito dessas bênçãos (a linha de cima) sobre os países vizinhos? O próprio texto responde. Seria um forte efeito missionário com seus benefícios. As nações vizinhas buscariam ao Senhor e seguiriam suas leis (a linha de baixo). Aprenderiam a viver bem imitando o Brasil e obedecendo às leis criadas no céu. Buscariam ao Deus único e ao seu Reino para obter as bênçãos desfrutadas pelo Brasil.

Vejo um país que tem grande interesse em ser um país evangélico. Existem até previsões de que em poucos anos o Brasil será do Senhor, mesmo antes de sua vinda. Não sei se podemos realmente esperar uma bênção tão grandiosa, mas se acontecer não será surpresa se os países vizinhos vierem buscar a mesma bênção (a linha de baixo).

Houve uma época em que um país foi extraordinariamente abençoado. Esse país foi fundado no século XVII. Os fundadores fugiram da Inglaterra para estabelecer uma nação em que Deus seria honrado e haveria liberdade de consciência. As bênçãos de Deus caíram sobre os Estados Unidos. Houve um tempo em que as crianças podiam sair de casa sem perigo. Não havia meninos de rua. As chaves ficavam dentro do carro, sem que fosse preciso trancar as portas.

As casas fi cavam abertas sem muros ou sistemas de alarme. Não se pensava em violência nem se falava em drogas. Homicídio era uma raridade. Hoje não é mais assim. Esse país mudou, depois que abandonou a maioria dos princípios que garantem a bênção. A preocupação com a evangelização de todos os povos diminuiu.

Quando Jimmy Carter estava na presidência, um amigo foi convidado para falar num congresso de missões nos Estados Unidos da América. Cerca de 4 mil pessoas esperavam atentas a palavra do pastor Greg Livingstone (hoje diretor de uma missão no norte da África).

Concederam-lhe um minuto para falar. Ele foi à frente e fez a seguinte pergunta: “Quantos de vocês estão orando pela libertação dos 52 americanos sequestrados no Irã?”. Os mais velhos lembram-se da grande preocupação causada pelo sequestro daqueles americanos. Quase todas as mãos se levantaram no auditório, indicando a preocupação generalizada. Em seguida, fez outra pergunta: “Quantos estão orando pela libertação de 52 milhões de iranianos das algemas de Satanás?”. Os braços foram abaixando até não restar mais que um ou dois em toda aquela multidão. Meu amigo sentou-se, sem utilizar todo o seu minuto, dizendo: “Percebo que vocês são mais americanos que cristãos!”. Ficou claro que ele falava das duas linhas.

Aqueles milhares de pessoas preocupavam-se apenas com a linha de cima. Sabiam de quem e em que nome podiam pedir a libertação dos sequestrados, mas não tiveram a preocupação de pedir a libertação de 52 milhões de seres humanos algemados espiritualmente.

Quero deixar assentado, primeiramente em meu coração, depois no do leitor, que a linha de baixo depende de entendermos a razão pela qual Deus abençoa nossa vida. Se não recebi bênção alguma, tudo bem. Se não ganhei nada de Deus, ele não cobrará nada de mim. No entanto, se Deus tem nos abençoado de alguma maneira especial e se ele nos tem dado conhecimento da verdade de sua Palavra, com o resultado de que podemos viver e morrer felizes, temos de levar a sério a linha de baixo.

Salmo 67.1,2
Mais um texto confirma a tese desta mensagem. O salmo 67 mostra as duas linhas de maneira notável. Quantos se esqueceram de orar hoje? Quantos têm coragem de admitir isso? Provavelmente, a maioria orou. E quem não pediu qualquer bênção? Sabemos que é raríssimo orar sem pedir pelo menos uma bênção.

Animou-me bastante notar que em Salmos 67.1,2, Deus não condena a prática de pedir bênçãos. Esse salmo fala de bênçãos, mas não exatamente de prosperidade:

Seja Deus gracioso para conosco, e nos abençoe, e faça resplandecer sobre nós o rosto; para que se conheça na terra o teu caminho e, em todas as nações, a tua salvação.
Meditando, perguntei para mim mesmo o que teria acontecido se a nação israelita, receptora original dessas palavras inspiradas, tivesse dado prioridade a esse texto. Como seria diferente a história da humanidade se Israel tivesse dado valor à linha de baixo e estabelecido como o mais importante alvo de sua existência abençoar a todos os árabes! O mundo tem mais de um bilhão de muçulmanos. Israel é apenas uma pequena ilha num oceano inimigo de muçulmanos.
Se, em vez de se preocupar com a própria segurança, Israel tivesse pedido a bênção de Deus para os muçulmanos, a fim de que conhecessem os caminhos do Senhor, como seria diferente a história atual! Provavelmente, milhares de pessoas estariam vivas, e famílias inteiras, ainda unidas. As torres gêmeas não teriam caído em Nova York, soterrando quase 3 mil pessoas.

Quase todos os dias morrem vítimas do ódio em Israel. Parece que Israel formou sua nação para buscar a própria segurança, em vez de abençoar os povos vizinhos. Não é meu propósito lançar críticas contra ninguém, mas esse salmo não deixa dúvidas quanto ao propósito de Deus. Paremos um instante para refl etir. Qual é minha preocupação maior na vida? A resposta de todos nós é a mesma. Ser abençoado por Deus. Quero que ele abençoe minha família, os filhos, os netos, a esposa, o trabalho, a situação financeira. É isso o que mais importa. E Deus não despreza tais petições, porém não estaremos glorificando a Deus se dermos prioridade à linha de cima e ignorarmos a linha de baixo.

Jesus, pouco antes de sua exaltação, declarou aos discípulos que a bênção de os povos gentios conhecerem os caminhos do Senhor deve ser o foco de seu ministério. Em Jerusalém, na Judeia, em Samaria e até os confins da terra, eles seriam testemunhas da graça de Deus que salva. Quero encerrar afirmando algo sobre nossa nação. Os irmãos sabem que a teologia predominante no Brasil é a chamada “teologia da prosperidade”. É quase certo que o pregador que conseguir convencer brasileiros — evangélicos, católicos, espíritas e mesmo pessoas sem religião — de que possui poder para liberar bênçãos como saúde, emprego, salário maior e paz na família será “bem-sucedido”. Quem promete abençoar o povo material e socialmente está fadado ao “sucesso”. Contudo, quero enfatizar que é uma distorção do evangelho, pois não há interesse prioritário na linha de baixo. As promessas da antiga aliança, que abençoaram Israel materialmente, tinham o propósito de persuadir os povos a adorar e obedecer a Deus na totalidade de sua existência.

Quais são as promessas da nova aliança? Cristo voltará quando todas as nações tiverem ouvido que Cristo é o único caminho para Deus. Ele é o único Salvador. O descaso para com a obrigação missionária, em razão do interesse voltado para esta vida, demonstra pouco compromisso com a vida vindoura. Não se fala muito sobre o investimento no
destino final.

A busca pelo poder do Espírito como forma de obter alívio, conforto e bem-estar, em vez de testemunho e proclamação, está em desacordo com o propósito central de Deus. A teologia da prosperidade destaca o ter, e não o ser. A lei da nova aliança deve ser interna. “Esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” ( Jr 31.33). Não é a vontade de Deus que busquemos os benefícios do Reino de Deus sem dar prioridade ao próprio Reino. Os benefícios ilimitados de Deus virão no Milênio, mas poucos querem esperar um futuro distante e pouco almejado.

O resultado dessa distorção pode ser percebido no desinteresse em conhecer a Palavra de Deus. Há também quase nenhum interesse pela exegese, pela hermenêutica, pelo discipulado e pelo estudo da Palavra. Busca-se a experiência, e não o Senhor das experiências. Parece uma diferença sutil, mas é importante. O Espírito Santo é apresentado mais como fonte de poder que como pessoa divina que glorifica ao Senhor Jesus ( Jo 14.13). A ênfase exagerada sobre o indivíduo desvia nossa atenção da comunhão e da responsabilidade mútua da igreja (1Pe 2.9,10).

Não é certo omitir a ênfase sobre a obrigação e destacar apenas a motivação do amor que produz a alegria no Senhor (1Co 13.1,4,5).

É muito comum omitir-se a proclamação da teologia bíblica acerca do sofrimento. Nesse caso, onde se encaixaria a cruz de Cristo ou as condições do discipulado? “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz [diariamente] e siga-me” são palavras pouco ouvidas, mas foram pronunciadas por Jesus. Buscar os dons e manifestações do poder de Deus em benefício próprio, e não em benefício do Corpo de Cristo é mais um desvio do propósito bíblico revelado na Palavra. Todas essas aberrações e distorções, até o ponto em que caracterizem a igreja brasileira, mostram preocupação com a linha de cima, e não com a de baixo. Para o Brasil se tornar um verdadeiro celeiro de missões, é necessário que haja uma mudança de paradigma. Como Israel, no período do Antigo Testamento, teve a oportunidade de influenciar o mundo ao seu redor em prol do Deus único, cumprindo suas leis e demonstrando um amor profundo pelo Senhor, temos o desafio de realinhar nossas prioridades. Se genuinamente nos preocuparmos com a linha de baixo, isto é, que o evangelho seja proclamado e vivido entre todos os povos, a bênção gloriosa cairá sobre nós. Paulo assim se refere a esse futuro: “Para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus [...] para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8.18,19,21).


Russell Shedd é PhD em Novo Testamento pela Universidade de Edimburgo (Escócia). Fundou a Edições Vida Nova há mais de 40 anos e atualmente é consultor da Shedd Publicações. É missionário da Missão Batista Conservadora no Sul do Brasil e trabalha em terras brasileiras há vários décadas. Lecionou na Faculdade Teológica Batista de São Paulo e viaja pelo Brasil e exterior participando de conferências em congressos, igrejas, seminários e faculdades de Teologia. É autor de vários livros, entre os quais estão A Justiça Social e a Interpretação da Bíblia , Disciplina na Igreja , A Escatologia do Novo Testamento , A Solidariedade da Raça , Justificação , A Oração e o Preparo de líderes cristãos , Fundamentos Bíblicos da Evangelização , Teologia do Desperdício , Criação e Graça: reflexão sobre as revelações de Deus , todos publicados pelas Edições Vida Nova ou pela Shedd Publicações. Além disso, é autor dos comentários da Bíblia Shedd (Vida Nova).


Fonte: http://www.vidanova.com.br

sábado, 28 de novembro de 2009

Biblioteca Virtual Letras Santas - Livros gratuitos

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A Biblioteca Virtual Letras Santas é um esforço coletivo do irmão Naasom A. Souza (do blog Letras Santas) e deste que vos escreve, no objetivo de reunir num único lugar livros eletrônicos e materiais diversos de interesse evangélico, LIBERADOS PARA LIVRE CIRCULAÇÃO (não-comercial) POR SEUS PRÓPRIOS AUTORES. Um esforço antigo, e que hoje se reflete em dezenas e dezenas de bons materiais ali compilados. E a Biblioteca não pára de crescer.

Conheça, use, divulgue a Biblioteca em seu blog, e entre seus irmãos e amigos.

Eis o link: http://www.4shared.com/dir/1727479/71ecfce9/sharing.html
(Fique atento, pois existem as páginas 1 e 2!)

Dê uma olhada nos últimos acréscimos ao acervo, efetuados em Novembro (são links diretos para download):

Manual do Corão – Pr. Joed Venturini
Para baixar, Clique Aqui

Rudimentos – Pr. Pablo Massolar
Para baixar, Clique Aqui

Mitos & Fatos: a verdade sobre o conflito árabe-israelense (livro impresso, agora disponibilizado também como e-book gratuito pela Chamada da Meia Noite)
Para baixar, Clique Aqui

Nunca é demais lembrar, são materiais liberados por seus próprios autores ou organizadores. Cristãos que entenderam melhor que outros em que consiste o verdadeiro Cristianismo...

Repito aqui meu velho bordão: A obra de edificação e capacitação do Corpo de Cristo não pode estar condicionada ao poder financeiro de seus membros.

Glorificado seja o nome do Senhor!

Sammis Reachers, via Arsenal do Crente

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

David Botelho: Abrindo o coração francamente

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Queridos,

Ser transparente ou abrir o coração implica em muitas vezes nos expormos para críticas, que na maioria das vezes não são construtivas, mas a convicção nos leva a nos expormos, portanto queremos abrir o coração...

Deus tem falado ao nosso coração, será que é coração? Mente? Entendimento? Ou fígado como é pensado em outras culturas?

Devido ser um técnico, um pouco racional, prático e criterioso, tenho dificuldades de me expressar para as pessoas em geral e vou tentar dizer o que o Senhor está falando ao coração, mas expressando de forma matemática...

Entendo que hoje a missão a qual estamos comprometidos está 10 vezes mais preparada do que há 10 anos atrás, isto é, imaginando que estivéssemos no ponto referencial ‘0’ e que passamos pelos pontos 0,1 – 0,2 – 0,3 – 0,4 – 0,5 ... e chegamos ao ponto ‘1’, mas é como se Ele estivesse nos dizendo que deveríamos preparar nossas mentes para 100 vezes mais do que o ponto onde estamos, mas quais são as implicações de tudo isto?
Realmente crescemos muito nestes últimos 10 anos, isto é, em todas as áreas, tais como: mental, emocional, sentimental, visão, numérica, financeira, estrutural, pessoal, administrativa, intelectual, liderança, comunicação, conhecimento, treinamento, unidade, fibra, perseverança, etc., mas tentar esticar tudo isto ou multiplicar isto por 100 em cada área é inimaginável.

Nós somente chegaremos onde a nossa fé alcança, pensando nisto nos lembramos do texto de II Rs. 13. 14 a 19 onde fala do profeta Eliseu e do rei Jeoás que ao visitá-lo recebeu a palavra de que abrisse a Janela do Oriente onde estava o maior desafio do povo de Israel e parece que estamos vendo o mesmo paralelo em nossos dias quando olhamos para a Janela do Oriente ou Janela 10-40 do mundo muçulmano árabe. Disse-lhe também Eliseu para que pegasse o arco e as famosas “flechas do livramento do Senhor” que seriam as flechas de livramento contra os siros, ele tinha o local determinado e vitória total decretada pelo Senhor para consumi-los e recebeu a ordem de pegá-las e simbolicamente ferir a terra e ele o fez, somente foram três vezes e isto causou indignação ao moribundo profeta, pois ele poderia ter feito isto cinco ou seis vezes e que neste número seria o final do inimigo do povo de Israel, portanto era somente o dobro do que havia feito e não fez, mas pensar em 100 vezes é algo estonteante!

Cremos piamente que o maior problema deste novo milênio é o pecado de incredulidade que levou toda uma geração de uma nação a ser exterminada, mesmo tendo um líder do calibre de Moisés que não conseguiu dissuadi-los, pois haviam sido influenciados negativamente pelos 10 espias que deram um mau relatório, mesmo tendo dois que trouxeram uma palavra alentadora. O mais incrível é que a incredulidade limita até o poder de Deus, pois o próprio Jesus não pôde fazer muitos milagres na cidade de Nazaré por causa do espírito de incredulidade que dominava aquela cidade. Que tristeza!

Precisamos estar abertos para coisas novas do Senhor, Ele é criativo e suas coisas são novas a cada dia. As lutas nos fazem mais sensíveis e se soubermos superá-las nos tornamos mais fortes mentalmente; temos que nos preparar para grandes desafios, pois conduzir o povo de Israel pelo deserto não era tarefa fácil. Imagine entregar tal tarefa a um presidente do ocidente e lhe dissesse para levar três milhões pelo deserto e dissesse que seria durante 40 anos. Imaginem que ele iria dizer que não teria 1.000 hipermercados para suprir todo o povo, quantos milhões de litros de água seriam necessários, roupas, etc.. Moisés só teve cinco escusas, mas quantas seriam para os mandatários ocidentais?

O Senhor nos entregou a tarefa de fazer discípulos de todos os povos e desde que a recebemos já passaram 2 milênios e muita terra há para conquistar.

O Desafio:

- Há 24.000 povos no mundo e ainda faltam 6800 para serem alcançados.
- Há 6.909 línguas no mundo e 2.432 delas não têm nada da Bíblia.
- 85.000 morrem a cada dia sem nunca terem ouvido nada de Cristo.
- 500 milhões de chineses que nunca ouviram nem o nome de Cristo.
- Das 600 mil cidades e vilas da Índia 500 mil delas não possui um obreiro cristão.

O que temos:
- A 3ª maior igreja do mundo com mais de 300.000 templos que precisa de 100.000 crentes para sustentar um missionário dentro da Janela 10-40 e que investe em média R$ 1,30 por pessoa por ano para missões transculturais. O mais triste é saber que mais de 99 delas não tem um missionário transcultural.

Isto é inadmissível e vergonhoso e algo tem que ser feito para mudar este quadro. Creio que estamos cometendo o mesmo pecado que os filhos de Israel cometeram nos tempos de Josué, pois sete tribos foram negligentes em possuir a terra, isto quando Deus já havia dado a terra, conforme Js. 18:2 e 3. Creio que podemos chamar este pecado de Grande Omissão, conforme Tg. 4:17. A apatia, conformismo e a indiferença moderna, são os maiores desafios dos dias hodiernos e tudo isto está dentro de nossas igrejas, mas não nos podemos conformar com este mundo, mas renovar as nossas mentes, conforme Rm. 12:1 e 2. Ainda não consigo entender e muitos menos aceitar o que Oswald Smith, que pastoreava uma igreja que tinha mais de 800 missionários e que escreveu muitos livros impactantes, tais como: Paixão pelas Almas, Evangelizemos o Mundo, Clamor do Mundo, etc., afirmou, por experiência e muita coragem, a frase mais triste e chocante para mim como pastor, que é: “O primeiro e maior obstáculo para missões são os pastores...” Isto quando deveriam ser os mesmos a ter a incumbência de descobrir vocacionados, orientá-los, treiná-los, enviá-los aos campos não alcançados e sustentá-los dignamente, mas na prática são os que se opõem a tudo isso.

Falar em mudanças é fácil, mas na prática a coisa é bem outra, falar em mudar o outro é uma coisa, mas quando o Senhor fala para que nós mudemos é bem outra. Creio que precisamos nos preparar mentalmente para mudanças em nós. Estamos procurando trabalhar na área de negócios, imitando os irmãos morávios que para cada 12 membros tinha um missionário, com o objetivo de levantar recursos para viabilizar projeto missionários, inclusive já montamos uma construtora civil em cotas.

O que o Senhor está falando é que nossa comunidade se prepare para mudanças em nós e que Ele fará o resto. Isto implica em uma melhor administração, maior unidade, melhor preparação para receber as pessoas, maior visão, maior dedicação, mente preparada para o sofrimento, menos sensível emocionalmente com as críticas, mais perseverança nas provas, lutas, dificuldades, etc., uma unidade mais forte entre nós, ser mais abertos para ouvir a voz de Deus e mudarmos o curso da história, ter uma visão clara de ministério para nós e nossa organização e não invejar o que é bom dos outros, estarmos prontos a sacrificar nossos anelos, sonhos, visões em bem da equipe e pela expansão do Reino na face da terra, não gastar recursos, tempo, talentos em vão, aprendermos a ser pacientes com todos e vermos o melhor para o próximo, amar o próximo, etc.. Como é difícil, mas é isto que o Senhor está pedindo...

Mudamos muito, tais como fazer um seminário diferente de que o segundo ano já seria no exterior, pois mais de 97% dos formandos dos seminários não vão para missões transculturais e nossos alunos vêm com somente parte do custo necessário e o restante é levantado com recursos provenientes de literatura, vídeos, doação de alimentos, etc. Desenvolvemos um projeto de fundo comum onde todos viviam no mesmo nível e isto levantou uma força missionária latina, por meio do Projeto Radical que foi escolhido como modelo multicultural de treinamento pelo Congresso de Pattaya – Tailândia e tantas outras mudanças foram introduzidas, mas o que nos implicará as próximas mudanças?...

Ficamos pensando se é coerente fazer um projeto em 2.010 para 120 pessoas para a Ásia, isto se tivermos os candidatos preparados, mais os obreiros, que precisamos no mínimo uns 30 voluntários, realmente não é coerente, pois não temos estrutura suficiente para recebê-los, não temos recursos suficientes para tal empreitada, pessoal suficiente para treiná-los, etc., mas não temos alternativas, alguém tem que fazê-lo, pois é ordem do Senhor que devemos fazer algo para levantar uma força aos não alcançados.

Louvamos a Deus pela parceria ampla que foi feita com um pessoal da Ásia – região com a maior população do planeta e com a maioria dos povos menos alcançados pelo Evangelho, com a maior quantidade de línguas sem nada da Bíblia e que é o centro dos três maiores blocos religiosos depois do cristianismo: islã, budismo e hinduísmo – Queremos recrutar, treinar, enviar e apoiar um contingente de 120 jovens para estudarem em universidades desse continente.

Receberemos os candidatos com um Salário Mínimo (R$ 465,00) mensalmente e trabalharemos juntos com os candidatos, pastores e internacionalmente, para levantar os outros dois salários durante o treinamento. O projeto é de sete anos, sendo dois na América Latina e país de língua inglesa e os cinco anos restantes em universidades da Ásia. O projeto proporcionará ao candidato, a oportunidade de ter uma formação bíblica, missiológica/transcultural, formação universitária no exterior, língua inglesa, espanhola e uma língua asiática. Contato (uniasia@mhorizontes.org.br)

Você já imaginou se cada igreja brasileira com 100 membros enviasse um missionário preparado, o sustentasse dignamente e o enviasse para os povos não alcançados?! Isto seria uma revolução e é algo que o mundo inteiro espera e que é o desejo do Senhor. Você já imaginou termos bases de treinamento em todos os países da América Latina e levantarmos 10.000 missionários? É isto muito grande para o Senhor? Os textos fortes que têm nos tocado são: Hab. 1:5 (Vede entre as nações e olhai, e maravilhai-vos, e admirai-vos, porque realizo em vossos dias uma obra que vós não crereis, quando vos for contada.); Jr. 33:3 (Clama a mim e responder-te-ei, e anunciarei coisas grandes e ocultas que não sabes.); Jo. 14:12 (Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço. E as fará maiores do que estas, porque eu vou para o Pai.); I Co. 2:9 (Mas como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviram, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.); Is. 54:2,3 (Amplia o lugar da tua tenda, e as cortinas das tuas habitações se estendam, não o impeças; alonga as tuas cordas, e firmam bem as tuas estacas. Porque transbordarás a mão direita e à esquerda; a tua posteridade possuirá as nações, e fará que sejam habitadas as cidades assoladas.); Lc. 1:37 (Pois para Deus nada é impossível); Joel 2:9-11 (Assaltam a cidade, correm pelos muros, sobem às casas, entram pelas janelas como o ladrão. Diante deles treme a terra, abalam-se os céus, enegrecem-se o sol e a lua, e retiram as estrelas o seu resplendor. O Senhor troveja diante do seu exército; muito grande é o seu arraial e poderosos são os que executam a sua palavra. O dia do Senhor é grande e muito terrível, quem o poderá suportar?).

Quais são as áreas que devemos mudar? Qual seria a tua contribuição? Qual o complemento daquilo que o Senhor está falando para a nossa comunidade e que Ele está falando contigo e que pode ser parte deste material? Quais seriam os passos para alcançar o que o Senhor quer de nós? Portanto nos ajudem, pois esta palavra não é somente para uma pessoa, mas para uma comunidade...

Clamando por misericórdia, sabedoria e graça do Senhor para fazer a vontade do Mestre.

David Botelho
Horizontes América Latina
Diretor

Visite Nosso Catálogo de Livros: www.agoraleia.com

Mais sobre o UNIASIA em: http://projetouniasia.blogspot.com

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Esquecer e prosseguir

6

”Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus” - Fp 3.13-14

Paulo amplia um pouco mais seu reconhecimento de que ainda não havia ainda alcançado a plenitude da graça de Deus em sua vida, mas que prosseguia nessa direção. Inicia chamando os filipenses de “irmãos” (gr: adelphoi), considerando dessa forma que todos os cristãos, incluindo os filipenses e ele mesmo, vivem essa mesma realidade de já alcançados por Cristo mas ainda prosseguindo para o alvo final da graça de Deus. Nesse sentido, não há nenhum cristão que deva se considerar ou ser considerado por outros como mais próximo do alvo final de Deus. Estamos todos juntos e hermanados na mesma caminhada rumo à plenitude da salvação. Isso, obviamente, nos torna uma comunidade de iguais diante de Deus e uma irmandade de sustentação e apoio mútuos.

É importante observar a forma como Paulo se refere à sua experiência cristã ao afirma que ele mesmo não se dava crédito (gr: logízomai) quanto a haver alcançado a plenitude da graça de Deus. Olhando para si mesmo ele não podia supor (gr: logízomai) isso, pois via e reconhecia a falência da natureza humana diante de Deus. É muito importante que cada cristão se reconheça falido diante de Deus (Mt 5.3-4), nisso consiste o fundamento da humildade e do serviço, do amor e da dedicação, da gratidão e da entrega. Em outras palavras, encontramos no reconhecimento sincero de que nada somos diante de Deus um dos elementos essenciais para a missão cristã.

Mas por outro lado, o apóstolo não cria que o reconhecimento de não poder alcançar essa plenitude neste momento da vida deveria deixar sua espiritualidade e sua ação missionária estagnadas. Antes, ele também reconhece a necessidade de viver com base no esquecimento (gr: epilanthanómenos) de todo seu “curriculum humano” que ficou para trás (gr: opísô) ao mesmo tempo de viver com base no avanço (gr: epekteinómenos) para o que está adiante (gr: émposthen) nos aguardando. Seu objetivo continua sendo (3.12) o de prosseguir (gr: diôkô) sistemática e fielmente em direção ao alvo (gr: skopon). Paulo deseja receber o prêmio (gr: brabeion) eterno que já foi prometido e garantido pelo chamado (gr: klêseôs) concretado por Deus através de Jesus Cristo.

Duas realidades: esquecer e prosseguir. São dois aspectos fundamentais da espiritualidade cristã que nos capacita a viver neste mundo como alguém que foi arrancado dele e devolvido a ele com uma missão. Aspectos de uma missão que nos capacita a compreender com misericórdia a fraqueza e o pecado humano e a aportar à sociedade e à pessoa a mensagem e a ação redentoras de Cristo. Aspectos de uma esperança futura que enche nossos relacionamentos presentes de significado e relevâncias. Dessa forma vemos como a vida cristã é, em si mesma, uma vida rica de signficados e oportunidades missionárias.

Rev. Carlos del Pino
Torrelodones - Espanha

Fonte: http://www.apmt.org.br

domingo, 22 de novembro de 2009

Estudos sobre o Islamismo

A Missão A Voz dos Mártires apresenta os estudos do Dr. Salim Almahdy, autor da série "Uma Olhada Por Trás do Véu", é um cristão especialista em Islamismo. Nasceu e foi criado em um país muçulmano. Através da seção "Uma Olhada Por Trás do Véu" o Dr. Almahdy procura desvendar as verdades a respeito do islamismo, bem como apresentar os testemunhos encorajadores de muçulmanos convertidos ao cristianismo e de cristãos que ministram aos muçulmanos.

1- Perguntas e Respostas: O Islamismo Ensina Que Todos Adoramos o Mesmo Deus?
2- Os Mais Belos Nomes de Alá
4- O Perdão no Islamismo
5- O Ramadã
6- Como Vivem Os Cristãos sob o Regime Islâmico
7- Inferno e Paraíso no Islamismo
8- Como as Mulheres são Tratadas no Islamismo
9- Como Alcançar os Muçulmanos - 1ª Parte
10- Como Alcançar os Muçulmanos - 2ª Parte
11- Como Alcançar os Muçulmanos - 3ª Parte
12- Como Alcançar os Muçulmanos - 4ª Parte
13- Como Alcançar os Muçulmanos - 5ª Parte
14- Como Alcançar os Muçulmanos - 6ª Parte
15- O Islamismo e o Livre Arbítrio
16- Em Nome da Liberdade
17- Cristianismo e Islamismo

via blog Equattoria

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Preparo profissional para servir em campos de acesso restrito

*

Os líderes mais experientes em missões concordam que um bom preparo profissional abre muitas portas e capacita o profissional missionário a exercer um trabalho produtivo no campo, transcultural ou não. Além disso, a história de missões é cheia de exemplos que ilustram isso. Por exemplo, os moravianos e a escola de Basiléia ilustram bem as vantagens de quem harmoniza o serviço prático ao próximo com o testemunho sobre Jesus. 1

Mas o que significa um bom preparo profissional?

1. Escolha da profissão
Tudo começa na escolha da profissão. Não é fácil, principalmente diante das inúmeras opções do mercado atual de profissões, aliado à falta de autoconhecimento, experiência e maturidade, próprios da adolescência.

Alguns estudantes secundaristas, com o sincero desejo de servir a Deus em missão, nos perguntam qual profissão é mais requerida no campo. Eles querem tanto ir, que às vezes escolhem a profissão pela demanda do campo, e não tanto pelas habilidades próprias.

A pergunta deveria ser outra: que profissão mais se adéqua às minhas capacidades, habilidades e possibilidades? O que eu gostaria de fazer para contribuir com a sociedade? 2

Cremos que Deus dá habilidades e capacidades para cada pessoa de forma única. E cada pessoa vive em um contexto único de filiação, condição econômica, localização geográfica – uma séria de fatores que vão determinar, pelo menos em parte, em qual faculdade ou universidade esta pessoa poderá estudar, e quais cursos lhe serão acessíveis.

Como Deus criou o trabalho humano, e ele mesmo trabalhou, deixando-nos o exemplo, temos certeza de que quase todas as profissões e tipos de trabalho humano são honrados por Ele e úteis no mandato cultural – o cuidado com a criação. 3

2. Preparo profissional
Seria “chover no molhado” gastar tempo nesta parte. Há muita coisa bem melhor por aí, indicando como o estudante deve se tornar um bom profissional.

Segundo Ledo, independentemente da área em que vá atuar, espera-se do profissional as seguintes características: 4
• Conhecimento de informática e domínio de um segundo idioma;
• Constante preocupação em aprender cada vez mais, procurando a especialização no que faz;
• Competência para identificar e resolver problemas;
• Habilidade de comunicação;
• Visão critica e ampla das atividades que desempenha;
• Lógica de raciocínio;
• Habilidade para trabalhar em grupo.

Tudo isso é muito importante mesmo. Mas o estudante cristão, que deseja servir futuramente em missão, não pode seguir a correnteza e zelar “apenas” pelo lado profissional. Carreira virou um deus para muita gente hoje. Se o bom desempenho estudantil e profissional, assim como a carreira, tomar o lugar prioritário na vida de um vocacionado, ele poderá esquecer seu compromisso missionário de longo prazo e passar a viver para a profissão. Isso é um risco muito grande.

3. Caminhar com um mentor
Para não sucumbir ao risco de endeusar a profissão, e tornar-se escravo dela, seria ideal para o estudante cristão ter um mentor. Este mentor poderia ser uma pessoa madura, que já passou da fase de estudante e dos primeiros anos de exercício da profissão, que tem ampla visão de reino, boa compreensão da missão integral e das necessidades do campo. Sempre que possível, deve ser alguém da mesma área do “mentoriado”.

Tudo indica que Paulo foi uma espécie de mentor para Priscila e Áquila. Eles, por sua vez, ajudaram Apolo a “entrar nos trilhos”. Paulo e o casal Priscila e Áquila tinham o mesmo ofício e o mesmo amor pela expansão do reino. Um estudo mais detalhado da vida do casal mostra que, como Paulo, eles também acabaram viajando pelos campos e apoiando as diferentes igrejas por onde passavam. 5 Paulo imprimiu seu caráter neles – caráter que, por sua vez, Cristo havia imprimido em Paulo. Isso nos lembra a passagem paulina sobre o discipulado e a importância de “ser” e “ter” um mentor na caminhada cristã: “E o que de minha parte ouviste [...], isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (2 Tm 2.2).

4. Preparo paralelo
Temos visto que o melhor profissional em missão é aquele que tem a mente aberta, vida de comunhão e serviço na igreja local, sabe se relacionar com humildade e amor, tem coração de servo.

Todas essas qualidades envolvem um preparo anterior, que deve começar muito antes, na família, na igreja local e na comunidade. Até mesmo as empresas seculares têm procurado profissionais cujo currículo mostra não apenas a dedicação à profissão, mas engajamento político, social e comunitário, interesse em hobbies e em outras áreas, não relacionadas ao trabalho da empresa.

Em relação à igreja local, poucas igrejas possuem um programa voltado para vocacionados para missões – menos ainda, para os vocacionados que desejam servir com suas profissões e habilidades no campo missionário. É interessante que as igrejas prontamente apoiam, acompanham, testam, sustentam e enviam os vocacionados para o ministério pastoral. Mas isso raramente acontece com os “demais” vocacionados. É importante iniciar um programa desse tipo. A própria igreja pode indicar o mentor para o seu vocacionado e dar as diretrizes básicas para testar sua vocação e prover o melhor preparo.

Outro preparo fundamental é o preparo em missões, ou preparo missiológico. É um verdadeiro desafio oferecer um modelo de preparo missionário para o profissional, de modo que ele consiga conciliar o tempo com as diversas áreas de sua vida, como preparo acadêmico, trabalho profissional, igreja, família etc. Mas é possível e importante. 6

Um líder internacional de uma missão que envia profissionais resumiu assim as características do tipo de pessoa que a agência procura: 7

1. Alguém com o coração de servo. Pronto para servir no país debaixo da autoridade e direção dos cristãos nacionais.
2. Alguém com uma visão de mundo abrangente – maior do que a visão circunscrita na igreja local. Uma visão interdenominacional.
3. Alguém pronto para a vida em equipe. Haverá pessoas na equipe que não são “do seu jeito”. Uma atitude de prontidão para trabalhar junto, em união, na equipe.
4. Alguém pronto para crescer nas disciplinas espirituais. Haverá tentações maiores quando se está fora da “zona de conforto”. Alguém que possui um mentor, a pessoa com quem pode conversar e para quem vai “prestar conta”.

Conclusão
A profissão jamais deve ser vista como um disfarce, pretexto ou passaporte para entrar em países de acesso restrito. Por isso o cristão vocacionado deve ser orientado a procurar o melhor preparo possível, tanto acadêmico quanto profissional, e nas diversas áreas da vida. Este preparo integral vai abrir portas, facilitar seu ingresso e serviço sacrificial no lugar onde Deus o chamar para servi-lo.


Notas
1. Veja mais detalhes sobre isso em: GREENWOOD, Philip John. “Fazedores-de-tendas, fazedores de discípulos”. Londrina: Descoberta, 2005. p. 13-15.
2. O pequeno livro “Minha escolha profissional – o que Deus tem a ver com isso?”, de Jeverton (Magrão) Ledo e Maria Fernanda Ledo (São Paulo: Vida, 2005), escrito numa linguagem adequada ao adolescente, é uma boa e didática ferramenta na escolha da profissão.
3. Afirmamos “quase todas” porque há profissões e serviços que servem à maldade instalada neste mundo, como o mundo do crime, a indústria do tabaco, a indústria de drogas ilícitas, vícios, pornografia etc.
4. LEDO, Op. cit., p. 21.
5. Veja mais sobre Priscila e Áquila em: GREENWOOD. Op. cit. p. 74-76.
6. Philip Greenwood dedica um capítulo inteiro de seu livro a este desafiante assunto. Ele apresenta quinze modelos contextualizados para a preparação do fazedor de tendas (ou profissional em missão) no Brasil. GREENWOOD, Op. cit. p. 123-152.
7. Documento “Perfil do Candidato da Interserve” (www.cem.org.br, link “Interserve”).


• D. César, casada, três filhos, é secretária executiva da Interserve Brasil-CEM. Serviu como nutricionista em Moçambique e Angola por quatro anos.

Fonte: http://www.ultimato.com.br

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Parece que o Twitter veio mesmo para ficar. Criado em 2006, o Twitter ‘explodiu’ de verdade a partir de meados de 2008, e hoje a plataforma reúne milhões de usuários, entre famosos e anônimos de todos os calibres.

Além de ser uma boa maneira de se comunicar em velocidade e manter-se informado, é ainda um excelente local para você divulgar os posts de seu blog, por exemplo (sobre essa proveitosa interação entre blogueiros e o Twitter, leia dois interessantes textos no blog do Tiago Dória, Aqui e Aqui).

Siga-me no Twitter, e fique atualizado sobre tudo o que rola nos diversos blogs que mantenho, ou onde colaboro, além de receber outras dicas exclusivas:
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E a União de Blogueiros Evangélicos também já está lá, acompanhe:
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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Declaração sobre "difamação das religiões" é liberada


INTERNACIONAL - A Portas Abertas Internacional (ODI) e mais de 100 ONGs de mais de 20 países assinaram uma declaração protestando contra a aprovação da resolução. A preocupação é que essa resolução seja usada para justificar leis antiblasfêmia e anticonversão e para restringir liberdade de expressão, credo e imprensa.

A declaração foi liberada oficialmente na terça-feira, 10 de novembro de 2009:

Uma declaração da Sociedade Civil sobre o conceito da “Difamação das Religiões”

As resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a “difamação das religiões” são incompatíveis com a liberdade dos indivíduos de exercitarem e expressarem seus pensamentos, ideias e crenças.

Ao contrário das leis comuns de difamação, que punem falsas declarações de fatos que prejudicam os indivíduos, as medidas para proibir a “difamação das religiões” punem a crítica pacífica das ideias. O conceito de “difamação das religiões” é fundamentalmente inconsistente com os princípios universais propostos nos documentos de fundação da ONU, incluindo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que garante a proteção dos direitos do indivíduo acima da proteção das ideias.

Tais resoluções dão apoio internacional para leis locais contra blasfêmia e “ferem os sentimentos religiosos”, que são frequentemente utilizados pelo governo para punir a expressão de ideias e convicções religiosas e políticas das classes desfavorecidas. Além disso, já existem ferramentas legais internacionais sobre a discriminação e difamação pessoal, focadas em confrontar esses problemas específicos, sem ameaçar os direitos de expressão e liberdade de pensamento, consciência e religião.

É extremamente importante que o governo combata a violência motivada pelo preconceito e pelo ódio, e encoraje o discurso e o diálogo civilizados, enquanto garante que a liberdade de expressão, pensamento, consciência e religião seja completa para o bem da sociedade e pela dignidade do ser humano.

Finalmente, somente os esforços legais não podem criar um ambiente de respeito e liberdade religiosa. A diplomacia educacional e pública são ferramentas essenciais na garantia de troca de ideias pacífica e saudável.

Para ver o documento original e conhecer quais ONGs participaram do protesto, acesse o site: http://whatisdefamationofreligion.com (em inglês).

Leia também o que foi publicado anteriormente em nosso site sobre o assunto:

Para especialistas da ONU, "difamação" não é racismo

Portas Abertas protesta contra resolução da ONU sobre difamação religiosa

Tradução: Missão Portas Abertas

Fonte:
http://www.portasabertas.org.br/

domingo, 15 de novembro de 2009

A VIDA MISSIONÁRIA E A REALIDADE PESSOAL

Diego Rivera

Quando a minha amiga missionária Daniela esteve nos visitando, aproveitei para colocarmos a nossa conversa em dia. Falamos acerca de muitas coisas. Uma das mais interessantes foi sobre a sua vida pessoal. Hoje ela trabalha no interior do Rio Grande do Sul, num ministério itinerante de evangelização. E ela me contou um lado muito peculiar de sua experiência missionária, que ora transcrevo, com a devida permissão dela:
_________________

Recentemente, quando estava conversando com um amigo, ele afirmou para mim:
---Você sabe que, como missionária, foi chamada para ficar solteira o resto da vida, não é?
--- Não, eu fui chamada pelo Senhor para ir ao campo missionário, e lá trabalhar para Ele! Parte dessa vida é solitária, ou, como você prefere chamar, é solteira.

Sim, por enquanto fui chamada para fazer a obra de Deus solitária. Eu sei que isto não será por muito tempo, pois eu desejo me casar ( no tempo que Deus preparar). E já que a minha vida está nas mãos de Deus, eu confio que Ele providenciará todas as coisas de que eu necessito; sei que tudo cooperará para o meu bem. Isso faz com que eu seja uma missionária solitária. Gerações inteiras de missionárias, antes de mim, passaram pelo que eu estou passando. Jamais me acostumei com a solidão, mas algumas coisas boas posso extrair dela...
Pois bem, desde pequena ouvia que, quando crescesse, casaria com um príncipe e seria “feliz para sempre”. Infelizmente o príncipe virou um sapo de brejo... mas essa é outra história. O que importa é que, num determinado momento da minha vida Deus me fez uma proposta:
---Você quer ficar e tentar, novamente, ter a vida que sonhou, ou Me acompanhar numa nova aventura? Sabe, o campo é grande e os ceifeiros são poucos...O que acha?
O sangue desbravador corre nas minhas veias, e naquela hora ele ferveu...
Enquanto decidia, falando “Sim!”, para Deus, parecia que falava “Não!” para uma vida de casada, de trabalho, de prestações mil, numa grande metrópole, essas coisas de gente ( que o mundo considera) “normal”.
Parece que escolhi entre desistir dos meus sonhos mundanos e me embrenhei numa nova aventura espiritual. Aventura essa ( aos olhos terrenos) incerta, em que só contaria com a suficiente graça do nosso Deus.
Não posso subestimar o significado de tal decisão. No momento em que nós, missionários, tomamos este rumo, sabemos que estamos sendo obedientes em seguir a Cristo, e isso é o mais alto conceito de liberdade; mas viver com os desdobramentos desta decisão é outra coisa!
Quando cheguei ao campo missionário percebi que muitos missionários eram casados. O povo do lugar também se casava antes dos 21 anos, com raríssimas exceções. Assim, eu era a “diferente” neste meio.Todos os outros missionários e missionárias eram bem mais jovens do que eu, o que acentuava o fato de eu “ser solitária”.
Um dos maiores desafios que uma pessoa solitária enfrenta no campo missionário é o fato de você estar sozinha, de uma forma que ninguém imagina exatamente como é. Você não tem ninguém, que conviva com você, que realmente saiba quem você é; que possa confortá-la nos momentos de estresse, e que pode lhe assegurar que você não está ficando louca! ( às vezes isso passa por nossa cabeça, sim). Isso faz com que você se sinta mal-compreendida. Parece que as pessoas só enxergam os seus defeitos, não suas qualidades.
O pior de tudo é não poder compartilhar das questões ministeriais, aquelas mais delicadas. Há a necessidade de falar das coisas espirituais, das dúvidas, dos questionamentos, dos aconselhamentos. Mas, com quem? É grande a falta, no campo missionário, de mentores.
Mas há um lado infinitamente prazeroso em estar solitária no campo. Podemos nos envolver com a cultura local, sem ter que nos preocupar com as coisas cotidianas da vida de um casal.
Outra coisa, no campo precisamos conhecer pessoas, e jamais ficamos de braços cruzados em casa. Não há opção: temos de sair, ganhar almas e discipulá-las para o Senhor.
Numa certa ocasião passei um mês na minha cidade natal, visitando as igrejas locais, alguns irmãos e familiares. Um dia, na estrada, ouvi uma música, que dizia assim: “Você é o meu lar”. A letra tinha o seguinte refrão: “ Nunca serei um estranho e nunca serei só. Onde quer que estejamos juntos, este será o nosso lar”...
Um dos momentos mais constrangedores do ministério missionário é quando você sente que não pertence a nenhum lugar e a nenhuma pessoa. Só quem vive este sentimento entende o que eu estou falando. O mundo é o lugar do missionário...e o mundo é vasto!
Mas dá para explicar um pouco... Quando revi meus amigos e parentes, e participei do seu dia-a- dia na metrópole, me senti deslocada. A vida deles contrastava radicalmente com a minha. Minhas necessidades eram outras. Não, jamais trocaria a minha vida pela deles. Deus me preparou na vida para viver assim, desapegada, e com valores diferentes.
Concluindo, sinto que Deus pôs algo dentro de mim que me faz sentir bem onde estou, do jeito que sou. Jamais me imaginei vivendo a vida que as minhas amigas e parentes casados vivem. Sinto que uma parte de mim morreria se eu não tivesse tomado a decisão de me aventurar, viver noutras culturas, amar as almas de povos que nunca imaginei amar, levando o amor de Cristo para cada uma delas. E quando comprovo a obra de Deus sendo feita nesses lugares, choro de alegria pela convicção do meu chamado.
Todo missionário é mal-compreendido, mas há um Deus que nos compreende.
Eu realmente tenho de olhar para trás, para os meus anos de casada, e agora de solitária, e agradecer a Deus por cada um deles. Nesta solidão eu cresci em Cristo. Desta solidão tirei grandes lições: aprendi, capacitada pelo próprio Deus, a acompanhá-Lo melhor nesta graciosa e excitante aventura.
Sei que os ventos de Deus soprarão novamente, e Deus me levará para outras terras, outros lugares. Pois para Deus não existem outros países ( falo de fronteiras geográficas), existem milhares de almas a serem ganhas para Cristo. Agora, quando Ele providenciar um marido para mim, para desfrutar desta aventura comigo, um marido preparado pela Sua graciosa mão...será ma-ra-vi-lho-so, não acha, caro leitor? O Deus que sirvo está preparando uma pessoa especial, feita só para mim, Deus sabe o que faz, e nEle espero!

Escrito por: Alzira Sterque

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Missões e aculturação

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Mais imagens de uso livre no blog Imagens Cristãs


I Coríntios 9:19/27

Quando se sai a missionar, leva-se uma cultura. Essa cultura é feita de padrões, normas, rituais, tradições, critérios, crenças, modelos de comportamento. Ao fazer-se missões, sempre se transmite cultura, por muito que se pretenda ser culturalmente neutro, pregando simplesmente o Evangelho, sem qualquer outra intenção.

Os modelos sociais e religiosos da cultura de origem do missionário manifestam-se, ou insinuam-se, na abordagem que ele faz às pessoas e aos grupos.

Missionar é como construir um edifício. Quem vem de fora e constrói uma casa, constrói-a, geralmente, de acordo com o estilo das casas do país ou da região de sua procedência. Até muitos dos emigrantes retornados à terra donde partiram fazem isso. O missionário é levado quase sempre a construir segundo o modelo dominante na terra e no grupo de onde veio. Isto transparece nas formas litúrgicas do culto; nos materiais transferidos, alguns traduzidos e, na melhor das hipóteses, adaptados; nas ênfases dadas; nos métodos utilizados, etc.

Por vezes, os próprios naturais se acomodam a essa “invasão”, favorecendo, ou incrementando até, essa espécie de “colonização” cultural.

Considerar, a priori, que o que dá bom resultado num determinado ambiente há-de produzir idênticos resultados noutro, ou seja, o simplismo de transplantar cultura como quem faz transplantações de espécies vegetais, de região para região, é uma das causas do insucesso e do descrédito de certas organizações missionárias.

É muito louvável o espírito e a acção missionária, na justa medida em que representem generosidade, partilha, serviço desinteressado. Quando assim é, o missionário começa por se integrar, ele próprio, como Paulo, fazendo-se ... judeu para ganhar os judeus .... fraco para os fracos, para ganhar os fracos ... tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns ... I Coríntios 9:19/27. É ele, o missionário, quem, por força da sua vocação, precisa de se adaptar. E de, estudando as características históricas, sociais e psicológicas do povo a que foi enviado, ajudar a erguer, com os naturais, um edifício novo, trocando ideias e materiais, para obter resultados que tenham um cunho de originalidade, sem intransigência nem assimilação passiva. É preciso cooperação.

E cooperar é trabalhar lado a lado. Não para impor esquemas ou sistemas importados, mas para dar um contributo que se adeqúe aos critérios, prioridades e sensibilidade peculiares daquele povo e daquele grupo em particular.

Em missões (como aliás em qualquer outra actividade) seria repugnantemente exploratório e subornante, exercer pressões pela contrapartida financeira, como um negócio de “aceita que eu pago” ! Todavia, não estão isentos desta crítica, certos missionários e organizações missionárias que, inflexivelmente, pelo argumento do poder material e duma pretensa superioridade imanente, dominam as instituições com os seus agentes, e impõem estruturas e metodologias editadas, testadas (!?) e estabelecidas na e pela organização “materna”, no país de origem. E quando se trata de organizações missionárias internacionais, de cariz mais ou menos hierárquico e rígido, menos espaço resta para a expressão da identidade dos grupos missionados, na assunção da sua diversidade e da sua especificidade.

Missões implicam encontro de culturas. Que haja intercâmbio criativo, compartilhado, muito bem. As culturas não são superiores nem inferiores, são diferentes. Das trocas, podem resultar transformações de parte a parte. Mas sem força nem violência Zacarias 4:6. Sem a subtileza do aceno da moeda forte, exigindo subserviência; sem a promessa de recursos humanos, de fora, se ...

Quando a globalização acentua ainda mais esta problemática, é necessário voltar ao Cristo. Ele é o Missionário por excelência. Vindo “doutra Pátria”, Ele se fez Homem, e se identificou plenamente com o seu povo adoptivo Filipenses 2:5/8. Vestiu-se como eles, habitou com eles, comeu com eles, e com eles partilhou dos seus problemas e anseios. ... sendo rico se fez pobre ... II Coríntios 8:9, pois ... não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida ... Mateus 20:28. E assim transmitiu a Boa Nova, oferecendo-se à Humanidade. Em vez de nos condicionar a novos esquemas e de introduzir novos regulamentos legalistas, Ele chamou-nos à liberdade, ao amor, à sinceridade, à alegria de viver. Em lugar de esquemas, Jesus propôs valores. E de tal maneira os viveu, no convívio com os desprezados, no atendimento dos carenciados, na denúncia da hipocrisia dos religiosos presumidos e autoritários, de tal maneira o fez que se comprometeu.

Ainda há missionários dignos e honestos. Estes são os que se comprometem.

Comprometem-se primeiro com Jesus Cristo, que os chamou, e comprometem-se com aqueles a quem vão levar a Sua mensagem.

Orlando Caetano

Fonte: http://www.estudos-biblicos.com/

sábado, 7 de novembro de 2009

A igreja “boa samaritana”

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Um Pastor “sem visão” se levantou e, querendo encontrar alguma prova contra a Grande Comissão dada por Jesus, perguntou-lhe: Mestre, o que devo fazer para realizar missões? Jesus lhe respondeu: O que as Escrituras Sagradas dizem a respeito disso? O Pastor lhe respondeu: “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças e com toda a mente. E ame o missionário como você ama a você mesmo.” A sua resposta está certa! - disse Jesus. -Faça isso e você viverá. Porém o Pastor “sem visão”, querendo se desculpar, perguntou-lhe: Mas quem é o Missionário? Jesus lhe respondeu assim: Um missionário, se preparando para ir ao Oriente Médio, encontrou muitas dificuldades para prosseguir; Teve que renunciar o emprego, separar-se da família amada, deixar seus estudos, lutou em fazer um seminário e depois um curso de treinamento transcultural. Precisava de apoio espiritual e financeiro. Quem o ajudaria a prosseguir? Acontece que um Pastor de sua própria denominação, o encontrou. Quando viu o missionário, disse-lhe: Hoje temos poucos irmãos no culto, é uma pena! Se fosse em um domingo, a oferta seria boa! O missionário falou de seu chamado, foi embora, e o Pastor continuou o seu caminho, deixando o missionário sozinho. Também um outro Pastor da mesma denominação do missionário, o convidou à sua Igreja e disse-lhe: hoje o culto é missionário, você tem 15 minutos para falar, por que depois eu vou pregar. O missionário não pode falar sobre o seu chamado como deveria, o Pastor pregou uma mensagem fora do contexto de Missões, e no final do culto nem procurou o missionário para cumprimentá-lo e nem deu uma oferta para o mesmo (era uma Igreja rica). O missionário sentiu-se triste. Mas uma Igreja de outra denominação, encontrando o missionário, disse-lhe: Venha ao nosso culto. Chegando no culto, o Pastor “Samaritano”, abraçou o missionário com um sorriso e disse-lhe: Você vai falar de seu chamado na Escola Bíblica Dominical e no culto a noite. A Igreja, que tem vários gastos com as atividades locais, deu-lhe uma boa oferta, deu-lhe presentes (roupas, shampoo, livros), deu-lhe atenção e carinho, e por último o Pastor disse-lhe: vamos estudar um plano para ajudar você a chegar e permanecer no Oriente Médio. O missionário reviveu, sentiu-se parte do Corpo de Cristo e um embaixador de Cristo na Terra. Então Jesus perguntou ao Pastor “sem visão”: -Na sua opinião, qual dessas três Igrejas foi o próximo do missionário necessitado?

Aquela Igreja que o socorreu! - respondeu-lhe o Pastor “sem visão”. E Jesus lhe disse: - Pois vá e faça a mesma coisa.

Autor: Pr. Derval Carneiro, Missionário da Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil

Fonte: http://www.evangelizabrasil.com

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Polícia Federal investiga postos missionários

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Uma equipe formada por agentes
da Polícia Federal e integrantes do Exército abordou na manhã da segunda-feira (dia 12 de Outubro) os missionários da MEVA (Missão Evangélica da Amazônia) que estavam nos postos de Parimi-u e Haricato-u. Os membros da operação, que chegaram sem aviso e armados às duas aldeias, apresentaram um mandado de busca e apreensão autorizando-os a recolher papéis e objetos relacionados a uma investigação sobre garimpos ilegais na região.

Em Parimi-u foram retidos CDs e cartões de memória de máquina fotográfica. Em Haricato-u não houve apreensões. O mandado também determinava que a investigação ocorresse nas instalações da MEVA em Auaris, onde há um quartel do Exército. No entanto, não havia nenhum missionário lá na hora da operação.
Não há muitos detalhes sobre a operação. O relato do ocorrido foi feito por rádio na manhã de ontem (dia 13). Os missionários que estavam nos postos se concentraram em transmitir à administração da missão em Boa Vista a solicitação da PF de que em 48 horas fosse apresentada à sede do órgão na cidade um documento da FUNAI autorizando a permanência dos missionários em Parimi-u e Haricato-u. A autorização já foi obtida e os missionários poderão permanecer nesses postos.

Asas de Socorro

No fim do dia, um piloto de Asas de Socorro e um casal de missionários da missão foram surpreendidos pelos agentes federais. O avião havia chegado de Mucajaí ao hangar da missão no Aeroporto Internacional de Boa Vista. No hangar foram apreendidos entre outros, laptop, GPS, pendrive e documentos. Ainda na manhã de ontem a equipe da missão conseguiu providenciar os documentos necessários para voar e retornou a operar.

Investigação

O número dos autos registrados no mandado de busca e apreensão refere-se a um processo que corre em segredo de justiça desde 2007. O que se sabe até o momento é que não foi apenas nos postos da MEVA que houve a abordagem. O jornal Folha de Boa Vista noticiou ontem que, na segunda-feira, agentes federais e membros do Exército fecharam dois garimpos ilegais operados por indígenas macuxis na reserva Raposa-Serra do Sol. A TV Roraima, afiliada da Rede Globo, informou que o Exército confirmara a existência da operação conjunta com a finalidade de investigar e remover garimpeiros das reservas indígenas de São Marcos, Raposa-Serra do Sol e Ianomâmi.

Trecho da matéria publicada hoje na Folha de Boa Vista:

A Polícia Federal e a 1° Brigada de Infantaria de Selva realizam a Escudo Dourado em parceria, com base em levantamentos de inteligência que apontaram a exploração ilegal de minérios nas reservas. Tropas do Comando de Fronteira Roraima do 7º BIS e do 12º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado também participam da operação, que tem apoio aéreo do Comando Militar da Amazônia (CMA), por meio do 4º Batalhão de Aviação do Exército, sediado em Manaus. O Exército não divulgou o número de homens na operação.
O general Carlos Alberto Barcellos, comandante da 1ª Brigada, explicou que a operação é feita anualmente. “Essa operação é realizada no contexto de uma operação dos pelotões de fronteira que acontece durante todo o ano. O objetivo específico é prevenir ou reprimir qualquer atividade ligada aos crimes transfronteiriços, garimpo ilegal, crime ambiental, narcotráfico, descaminho de combustível e contrabando. Vamos atuar especificamente na prevenção e repressão a esses crimes”, esclareceu.

Desconfiança antiga

A inclusão dos postos da MEVA na operação traz à tona uma acusação recorrente à missão. Em 1966, quando a maioria dos missionários da MEVA era norte-americana, um jornal de grande circulação no Brasil publicou uma matéria afirmando que havia um garimpo na região de Uaicás. O texto, que trazia inclusive nomes, chegava ao absurdo de afirmar que um jato aterrissava no local para levar as roupas dos missionários para lavar nos EUA.

A operação da Força Aérea Brasileira (FAB) decorrente dessa acusação iniciou uma aproximação entre a FAB e a MEVA. Hoje poucas pessoas sabem que as pistas de Uaicás, Auaris, Anauá, Surucucu e Parima A e B foram abertas em parceria dos militares com os missionários da MEVA, que falavam as línguas indígenas, o que possibilitava o contato dos militares com os povos. Missionários e militares tinham também um interesse em comum, a permanência de pessoas nessas pistas abertas em clareiras nas regiões de fronteira.

A Operação Parima, que coordenou a criação das novas pistas de pouso, tinha à frente o Coronel Camarão, posteriormente Brigadeiro da FAB, e que seria reconhecido como figura central na consolidação da presença militar nas fronteiras do Norte do Brasil. Mesmo não sendo cristão e não tendo nenhuma afinidade com a fé que movia os missionários, o coronel se tornou parceiro da missão por sua habilidade em conjugar os interesses das forças armadas com a proposta da MEVA de chegar a povos não alcançados.

Mesmo com anos de proximidade com a FAB, as acusações contra a MEVA nunca cessaram. Em Roraima correm de boca em boca histórias fantásticas de túneis e aviões invisíveis a radar. Para muitas pessoas a permanência dos missionário nas aldeias só se justificaria por um retorno financeiro alto, gerado por atos ilegais.

Tudo isso reflete a cegueira espiritual e a incapacidade do homem sem Deus de compreender que o amor à cruz de Cristo torna qualquer privação aceitável e que a salvação de almas vale mais do que qualquer bem material!

ORE PELA MEVA!

=> Pelas autoridades do nosso País, civis e militares.
=> Por esta operação. Que ela sirva para revelar às pessoas a seriedade e a correção diante da Lei do trabalho desenvolvido pela MEVA.
=> Pelos missionários que estavam nos postos durante a operação


Visite: http://blogdameva.wordpress.com/
Via SEPAL

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Traduzindo a Palavra, Transformando o Planeta - 2° Conferência de Tradução da Bíblia

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2a Conferência de tradução da Bíblia
Traduzindo a Palavra, Transformando o Planeta
Dia 21/11
Das 10:00 às 18:00 horas
Auditório da Sociedade Bíblica do Brasil - São Paulo

Para maiores informações, visite: http://alumi.org.br/tb/

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