quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ação de Graças pela Vida dos Santos Falhos – John Piper

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John Paton

Deus ordena que nos fixemos em sua glória, vagamente espelhada no ministério de seus servos falhos. Ele deseja que consideremos suas vidas, observemos as imperfeições de sua fé e contemplemos a beleza de seü Deus. "Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram" (Hb 13:7).

O Deus que forma o coração de todos os homens (SI 33:15) pretende que seus filhos reflitam sua verdade e seu valor. De Febe (Rm 16:1) a São Francisco, o plano continua o mesmo. Paulo falou sobre a vida do Faraó pagão: "Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra" (Rm 9:17). De Davi, o rei, a David Brainerd, o missionário, exemplos extraordinários e incompletos de piedade e sabedoria que estimulam a adoração da soberana graça no coração de santos remanescentes. "Ficará isto registrado para a geração futura, e um povo, que há de ser criado, louvará ao SENHOR" (SI 102:18).

A história do mundo é um campo coberto de pedras quebradas, as quais são altares sagrados designados para despertar a adoração no coração daqueles que investem tempo para ver e lembrar: "Recordo os feitos do SENHOR, pois me lembro das tuas maravilhas da antiguidade. Considero também nas tuas obras todas e cogito dos teus prodígios. O teu caminho, ó Deus, é de santidade. Que deus é tão grande como o nosso Deus?" (SI 77:11-13).

O alvo da providência de Deus na história do mundo é a adoração fluindo de seu povo. As milhares histórias baseadas na graça e na verdade servem para ser lembradas para o refinamento da fé, o sus¬tento da esperança e para nos fazer prosseguir sob a direção do amor. "Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança" (Rm 15:4). Aqueles que nutrirem sua esperança com a história da graça, viverão suas vidas para a glória de Deus.

A vida dos nossos heróis cristãos falhos é estimulante por duas razões: porque eles eram falhos (como nós) e grandes (diferentemente de nós). Suas falhas nos dão esperança de que talvez Deus também possa nos usar. Sua grandeza nos inspira a nos aventurarmos além do trivial. Como pode alguém comum romper com a rotina de uma vida enfadonha e fazer algo marcante? Isso comumente acontece quando nos inspiramos num homem ou numa mulher a quem admiramos.

Você tem algum herói? Lê sobre a vida de homens e mulheres que romperam com os padrões e escaparam da trilha de uma vida me¬díocre? Por que não tomar uma atitude agora, de ler a biografia de um cristão a quem Deus usou de forma grandiosa? Se você planejar isso, é provável que aconteça. Caso contrário, não irá acontecer.

Há alguns anos, na preparação para nossa conferência anual de pastores, em que proferi um discurso biográfico, li John Paton. O tema era digno de várias horas de meditação, ainda que tomássemos apenas um parágrafo. Quando ele resolveu ir até as inalcançadas tribos das ilhas do Pacífico Sul, em 1856, um cavalheiro cristão se contrapôs: "Você será comido por canibais!" A isso Paton respondeu: Sua própria expectativa é ser colocado em breve numa sepultura, e ali ser comido por vermes. Confesso a você que se eu ao menos puder viver e morrer servindo e honrando ao Senhor Jesus, não fará diferença ser comido por canibais ou por vermes, e no Grande Dia, meu corpo ressurreto se levantará tão belo quanto o seu, à semelhança do nosso Redentor.

Esse tipo de abandono pela causa de Cristo incendeia-me até os ossos. Se você não sabe por onde começar, pergunte a seu pastor quais biografias de cristãos ele recomendaria.

Obrigado, Senhor, pela vida dos santos falhos e cheios de fé! Obrigado, Senhor, por tua graça, maravilhosa graça, que salva e usa pecadores! Senhor, não nos deixes sonhar de forma tão medíocre a respeito de nossa vida. Não nos deixes limitar teu poder pelo que nós enxergamos em nosso espelho. Ajuda-nos a confiar no Senhor. Ajuda-nos, como William Carey disse, a esperar grandes coisas de Deus e tentar grandes coisas para Deus. Não somos grandes, mas o Senhor é. Teu poder se aperfeiçoa em nossa fraqueza. Renunciamos a toda pretensão mundana em nossa vida. Vem. Faze-nos úteis para a glória de Cristo. Em seu grande nome, nós oramos. Amém.


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Água Viva para o Sertão - Uma Experiência Missionária



O missionário Paulo Sergio Wegner acaba de lançar seu primeiro livro, "Água Viva para o Sertão. Uma Experiência Missionária." No livro Paulo relata as experiências de missões na seca no sertão do Piauí.
 
Toda a venda será revertida para a obra missionária.

Peça pelo correio através do e-mail: paulodcw@bol.com.br
 
E Visite o blog do Paulo: http://www.paulowegner.blogspot.com/

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Protegido por Anjos

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 O Exército de Anjos - Guariento di Arpo

"...Ele dará ordem aos Seus anjos para protegerem você onde quer que você vá." – Salmo 91:11 NLT

A cada duas semanas um missionário ia à cidade para comprar suprimentos médicos para um pequeno hospital no campo onde ele servia. Em uma de suas viagens, ele viu dois homens brigando na rua. Um estava gravemente ferido, então ele parou, tratou dos ferimentos dele e compartilhou com Ele sobre o amor de Deus. Em seguida, ele começou sua viagem de volta para casa, fazendo uma parada na selva para passar a noite acampado. Quando visitou a cidade duas semanas depois, um homem se aproximou dele; o mesmo homem que ele havia ajudado na sua viagem anterior. O homem disse: "Eu sabia que você estava levando dinheiro e remédios consigo, então a nossa gangue seguiu-o até o seu acampamento planejando matá-lo para ficar com o dinheiro e as drogas. Mas quando estávamos para atacá-lo, vimos vinte e seis guardas armados cercando-o enquanto você dormia." O missionário respondeu: "Não, isso é impossível; eu estava sozinho." O homem retrucou: "Mas meus companheiros também os viram. Nós contamos um por um." Meses depois, quando o missionário contou esta história em sua igreja, um sujeito interrompeu-o: "Em que dia exatamente isso aconteceu?" Quando o missionário identificou o dia específico, o homem ficou impressionado. Ele disse: "Exatamente nessa noite, em que você estava na África aqui era de manhã, e senti um estranho impulso de orar por você. Era tão forte que telefonei para algumas pessoas para que viessem até à igreja para orar comigo. Será que todos os que estiveram aqui comigo naquela manhã poderiam se levantar? Um por um, o missionário contou-os. Eram vinte e seis, o número exato dos guardas armados. A verdade é esta: "Ele dará ordem aos Seus anjos para te guardarem em todos os teus caminhos."

Lembre-se que as misericórdias de Deus se renovam a cada manhã.

Fonte:  http://www.palavraparahoje.com.br

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Rádio ajuda a tranformar vidas em locais de difícil acesso

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Enquanto atingir pessoas fisicamente é um desafio, a rádio permite transmissões sobre a vida e a esperança em Jesus

Rádio ajuda a tranformar vidas em locais de difícil acesso
A instituição cristã “Feba Rádio” pede às pessoas para atender ao apelo da Organização neste Natal para ajudar a transformar as vidas das pessoas que vivem em locais de difícil alcance. 

A campanha "Doe rádio, doe vida" foi lançada para aumentar a consciência do papel vital da rádio na missão e ministério em áreas sem muitas ligações de comunicação com o mundo exterior. 

Jonathan Frank, que lidera a Feba Rádio no Reino Unido, disse que no Reino Unido há conteúdo, confiança inspiradora de uma variedade de meios de comunicação - imprensa, rádio, TV e online. "Mas para as pessoas nos lugares onde a Feba atua, nossas transmissões podem ser o único conteúdo que pode ter acesso. É neste contexto que a Feba leva às comunidades em toda a África, Oriente Médio e Ásia o rádio para melhorar sua vida material, social e vida espiritual, e ser transformado pelo poder do Evangelho”. 

Frank disse ainda que um dos ouvintes recentemente resumiu perfeitamente  o trabalho de toda a equipe. "A aldeia em que eu vivo não tem eletricidade, não tem acesso à televisão. O rádio é meu único amigo na escuridão da noite". 

Enquanto atingir as pessoas fisicamente pode ser um desafio, a Feba Rádio permite a transmissão de programas sobre a vida e a esperança em Jesus Cristo, bem como as questões da vida, como saúde e preparação de desastres por meio de suas transmissões.
Feba
É uma instituição de caridade cristã, que permite aos profissionais de saúde usarem o rádio para educar as pessoas sobre temas como nutrição, saneamento e saúde materna e infantil. Um programa pode falar para milhares de pessoas, espalhadas por uma grande área geográfica. É porque as transmissões são em sua língua "coração" local própria.
Para saber mais sobre o recurso de Natal, vá para www.giveradio.org.uk 

Fonte: Christian Today/ Redação CPADNews
Foto: site Giveradio

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Um poema missionário de Mário Barreto França

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Santa Cruz de La Sierra


“TEM DÓ, PAPAI DO CÉU!...”


Aos pioneiros de Missões Estrangeiras, e à menina Creusa,
Filha do casal Lígia e Waldomiro Mota, missionários na Bolívia.


Santa Cruz de La Sierra. O dia declinara,
Ornamentando o céu de uma beleza rara,
Pondo nos corações cansados de sofrer
Uma gota de luz e um pouco de prazer,
Pois no suave dulçor da tarde que morria
A bondade de Deus em promessas sorria...


Quando a noite desceu sobre a cidade o manto
De treva, uma notícia andou de canto a canto:
- “Vai haver pregação das doutrinas de Cristo,
Na pequenina igreja evangélica!...” – Nisto,
Um ébrio inveterado, erguendo-se do chão,
Falou: - ‘Vou acabar com essa reunião!...’


E seguiu, cambaleando, em direção ao templo...


Na casa de oração, porém, um belo exemplo
De fé, a fulgurar nas asas da inocência,
Iria arrebatar a pequena assistência,
Que via em gesto audaz de crença e confiança
A manifestação de Deus numa criança...
É que a menina Creusa - a filha do pastor –
Pedindo ao seu papai uma Bíblia e um Cantor,
Pôs-se logo a cantar, numa voz que seduz,
Um hino que exaltava o poder de Jesus:


“No hay peligro,
No hay peligro,
Pra quien tiene fé
Em mi Jesus!”


Nesse instante assomou à porta o celerado;
E, em gesto ameaçador, ficou ali, parado,
À espera do momento em que iniciaria
A cobarde agressão...
                                         Mas a doce harmonia
Dessa voz infantil foi aos poucos quebrando
O pétreo coração daquele homem nefando
Que tirou seu chapéu, tornou-se reverente,
Seu semblante mudou, sorriu humildemente,
Sentindo dentro d’alma o conforto divino
Que lhe vinha do céu no cântico dum hino...


Quando Creusa parou de cantar, disse o velho:
- “Se cantares de novo, ouvirei o evangelho,
Deixarei, sem temor, todos os vícios meus
E virei sempre aqui para adorar a Deus!...” –


Animada de amor que se comove e canta
Dentro do coração, a Creusa se agiganta
E eleva a sua voz de místicas doçuras
Aos redoirados céus das divinas alturas,
Emocionando assim toda a congregação
Que a acompanha depois nessa meiga oração:
- “Papai do céu, concede a este bêbado velho
Um novo coração para o teu Evangelho!
Tem piedade, Senhor, desse infeliz incréu
E de su’alma atroz, tem dó, Papai do céu!” –


E um vislumbre de fé, e um roseiral de prece
Em cada olhar fulgura e em cada peito cresce,
Na congratulação dos pregoeiros da cruz
Por mais um pecador que se entrega a Jesus.


                                      *


Creusa! Tua missão é a missão dos pequenos,
Dos que vivem com Deus, dos que lutam serenos
No bendito mister de fazer caridade,
Pregando a Paz, o Amor, o Perdão e a Humildade;
Por que não fazem mal e não sabem mentir,
Pois vivem, na verdade, a cantar e a sorrir!...


Creusa! Tua missão é a missão dos remidos,
Consolando o que sofre ao peso de um labéu...
Vive, pois, a implorar por todos os perdidos:
- “Tem dó, Papai do céu! Tem dó, Papai do céu!...”


Mário Barreto França - Fevereiro de 1947


No livro O Louvor dos Humildes (Rio de Janeiro, 1953)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O primeiro e maior obstáculo para missões são os pastores

"O primeiro e maior obstáculo para missões são os pastores"


A frase acima é de ninguém menos que Oswald Smith, escritor dos bestselleres "Paixão pelas almas" e "Clamor do mundo". Ele foi pastor senior da Igreja dos Povos em Toronto, Canadá. Uma igreja local que sustentava mais de 800 missionários transculturais. Ou seja, ele tinha experiência no assunto!


E isso é mesmo verdade porque são os pastores locais que têm a incumbência de descobrir vocacionados, orientá-los, treiná-los, enviá-los aos campos não alcançados e sustentá-los dignamente. Posso dizer, por experiência própria e atual, que, na prática, a maioria deles se opõe a tudo isso, ainda que não declaradamente.


O caso é tão grave, que os congressos de líderes (ou seja, para pastores), nem incluem o tema missões na pauta. O amado pastor David Botelho, um dos maiores mobilizadores de missões no Brasil, relata num artigo que ficou muito surpreso ao ver que num congresso da SEPAL (www.sepal.org.br) com mais de mil pastores, que a palestra de missões atraiu somente 12 pessoas e 3 delas eram ele e os missionários Ken Kudo e Josué Martins. E esse quadro se repete em todos os outros grandes congressos de líderes (Leadership Summit, Silas Malafaia, etc), demonstrando que missões transculturais está enfrentando uma das maiores crises no meio de liderança brasileira. Algo radical tem que ser feito com urgência!


Na mesma linha da frase acima, George Peters diz uma verdade incontestável: "O mundo está mais preparado para receber o Evangelho do que os cristãos para propagá-lo". O filme Jesus é, hoje, o filme mais pirateado no mundo muçulmano. Ele foi apresentando na época do Natal em duas nações muçulmanas. Vários muçulmanos tiveram sonhos com Jesus e pedem missionários que os discipulem nos caminhos do Senhor, mas onde estão? Um presidente de uma nação muçulmana pobre pediu obreiros brasileiros à Missão Horizontes. Já imaginou isso?


Parece que chegou o tempo em que as pedras estão clamando... Estou vivendo a mesma experiência de Jeremias e não posso me calar diante de tantos fatos. 

Jamierson Oliveira - http://jamiersonoliveira.blogspot.com

domingo, 5 de dezembro de 2010

Jesus rompeu nossas muralhas de medo, ódio e depressão

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Diante de mim estão sentadas duas irmãs felizes e sem véu. Segundo o passaporte delas, elas são muçulmanas. Na verdade, são seguidoras de Jesus Cristo. Dimiana, 34 anos, e Miriam, 28 anos, são cristãs secretas. Os pais, amigos e vizinhos não sabem que elas são cristãs. Eles não sabem como o Senhor lutou para convencer essas duas mulheres de seu amor. Elas nunca puderam falar sobre isso antes. Até agora. Pela primeira vez, elas irão contar inteiramente suas histórias. Antes de o Senhor assumir o controle de sua vida, Dimiana estava trancafiada no ódio. Miriam tentou suicídio três vezes. "Nós estamos cheias de vida, mas não podemos dizer isso a ninguém".


Quando perguntei como elas se tornaram cristãs, Dimiana começou a contar sobre os incidentes dolorosos que enfrentou durante sua infância. Ela disse: "Fui abusada sexualmente e isso estragou minha vida. Eu tinha medo de todos os homens. Não queria ter relação de nenhum tipo com o sexo oposto. Não conseguia me relacionar nem com meus pais, com meus irmãos mais novos ou com minha irmã, Miriam. Eu me comportava agressivamente na escola. Meu pai me espancava todos os dias". 


Miriam e Dimiana foram criadas no islamismo. Dimiana disse: "Nossa mãe é uma muçulmana fanática. Ela até 'evangeliza' cristãos para conquistá-los para o islã. Ela está envolvida com feitiçaria e adivinhação. Ela nos ensinou sobre os cinco pilares do islã, sobre a importância de frequentarmos uma mesquita e de ter uma vida de oração. Ainda assim, eu não conseguia orar, por causa do abuso sexual que sofri, me sentia suja, culpada e indigna. Nunca poderia me aproximar de Alá. Quando completei 16 anos, comecei a fazer a terapia. Fui medicada com antidepressivos e, por causa disso, me sentia melhor". 


Após concluir os estudos, Dimiana começou a trabalhar como enfermeira em um hospital. "Havia muitos cristãos ortodoxos trabalhando ali e, algumas vezes, nós conversávamos sobre fé. Eu disse a meus amigos cristãos: 'Sinto pena de vocês, porque vocês irão para o inferno'. Mas, por alguma razão desconhecida, eu fiquei curiosa por conhecer a fé deles. Fiz várias perguntas a eles sobre o cristianismo.  Como Deus faz para gerar a vida de uma criança no ventre da mulher? Por que vocês adoram três deuses? Um dos médicos percebeu que eu estava buscando o Evangelho, mesmo eu não tendo percebido que estava fazendo isso. Ele me desafiou a pedir a Deus que se revelasse a si mesmo para mim". 


Peregrinação  


Dimiana começou a buscar o Senhor Jesus no Alcorão, mas não conseguia encontrá-lo ali. Pouco depois de ter completado 20 anos, a mãe de Dimiana fez a peregrinação à Meca. Ali, ela encontrou um egípcio que seria um bom partido para casar-se com Dimiana. A jovem pediu conselho ao médico, que agora era seu amigo. "Ele leu a Bíblia comigo, mas eu estava tão trancafiada em meu próprio mundo que não conseguia nem olhar para a Bíblia dele. Alguns dias depois, o médico teve que viajar para o exterior e pediu a um amigo que me ajudasse. Esse homem lia a Bíblia comigo frequentemente, mas eu entendia muito pouco dela. Eu constantemente lhe apontava o que acreditava serem contradições. Como era possível que no Antigo Testamento Deus dissesse que uma mulher adúltera deveria ser apedrejada, enquanto que no Novo Testamento ele dizia que ela era livre para ir? Nesse período, desonrando grandemente meus pais, rompi o noivado. Fui muito criticada por isso, mas perseverei."


Uma nova visão


Cristo ainda não tinha terminado a obra em sua vida. Em 1998, Dimiana teve uma visão. "Eu vi o Senhor Jesus andando com uma lâmpada a óleo nas mãos. No momento certo, ele colocou um pouco mais de óleo na lâmpada. Ele repetiu isso diversas vezes. Contei a meus amigos cristãos sobre essa visão. Eles me disseram: 'O óleo é sua fé e o Senhor tem mantido a chama da sua fé acesa e queimando, porque ela quase se extinguiu'. Eu neguei isso veemente." 


Deus quase conseguiu tê-la aonde ele queria que ela estivesse. Ela lhe pediu que ele se revelasse a ela. "Os cristãos acreditavam que era tempo de eu ser batizada, mas eu recusei. Eu pensava que o batismo era mais uma maneira de crucificação. Eles me explicaram o significado real do batismo e, então, concordei. Quando estava sendo submergida na água, senti como se um fardo muito pesado fosse retirado dos meus ombros. Sentia-me mais leve. Estava cheia de algo diferente e não conseguia entender o que havia acontecido. Somente mais tarde, passei a compreender, quando li Gênesis 1. Ali, naquele momento, Deus fez de mim uma nova criatura. A escuridão que havia em mim desapareceu e eu estava agora cheia de luz". 


A mudança 


A primeira pessoa a notar a diferença em Dimiana foi sua irmã, Miriam. "Antes da conversão de Dimiana, nós nunca conseguíamos nos dar bem. Nós não tínhamos realmente relacionamento algum. De repente, ela passou a me procurar. Eu não sabia o que estava acontecendo. Mas não rejeitei aquilo. Pelo menos havia alguém que estava me dando um pouco de atenção." 


Miriam começou a contar sobre sua juventude, quando ela tentou cometer suicídio três vezes. "Dimiana era a filha mais velha. Meus dois irmãos receberam uma quantia razoável de atenção, porque eram meninos, mas não havia ninguém que me desse o mínimo de atenção. Então, tentei em vão agradar minha mãe. Entre os 12 e 15 anos de idade, tentei triar minha própria vida três vezes. Tomei uma overdose de remédios e fiquei esperando até morrer. Se eu fosse para perto de Alá, talvez recebesse um pouco de amor, mas o mais importante de tudo era que deixaria essa vida para trás. No hospital, recebi uma lavagem estomacal e, para me proteger, os médicos não disseram aos meus pais que eu havia tentado suicídio". 


Face a face com a morte  Dimiana começou a batalhar em oração pela vida de Miriam. "Eu disse a Deus: 'Na Bíblia diz que é melhor dois estarem juntos. Por favor, dê-me minha irmã."


Miriam disse: "Fiquei realmente feliz com a mudança em Dimiana, mas eu ainda não queria saber nada sobre Cristo. Se eu viesse a crer nele, a desgraça sobre minha família seria grande demais. Então, me deparei face a face com a morte novamente. Durante uma viagem no ano 2000, o veículo que estávamos viajando se envolveu em um acidente e eu quase morri afogada. Durante o resto do feriado, pensei sobre a questão: 'Para onde eu iria se eu morresse. Será que eu iria para o céu?'." 


Miriam voltou deprimida do feriado. "Eu sabia qual era o caminho certo. Eu sabia que tinha que segui a Cristo, mas não queria fazer isso. Disse tudo isso a Dimiana e comecei a chorar." Então, Dimiana me disse: "Enquanto ela chorava, eu me regozijava por dentro. Ela não estava longe do Reino de Deus". 


Finalmente, naquele dia, Miriam disse a ela: "Quero ser batizada".  


Rebelião 


Dimiana e Miriam decidiram que não usariam mais o véu. Dimiana relatou: "Nossa mãe vê isso como um ato de rebeldia contra o Islã. Por causa disto, alguns anos atrás, ela nos expulsou da casa. Felizmente, outros familiares interferiram. Eles conseguiram um pequeno apartamento para nós. Fica exatamente abaixo do apartamento de nossos pais, mas, pelo menos, temos um teto para separar nossas cabeças".


Miriam disse: "Acho muito mais difícil agora, pois tenho que viver com duas personalidades. Não posso ser quem eu realmente sou. Nós fomos muito criticadas, porque deixamos de usar o véu. Agora, no período do Ramadã, sou obrigada a jejuar. Não posso falar de Jesus no trabalho. Tenho uma amiga cristã que é frequentemente desafiada pelos amigos muçulmanos e ela não sabe como responder as perguntas. Ela sabe que sou cristã e olha para mim implorando por socorro, mas não posso me expor. Algumas vezes, digo algo como: 'Eu li que...'. Mas mesmo isso é muito perigoso. As pessoas imediatamente querem saber porque li temas cristãos". 


Dimiana interferiu dizendo: "Quando conversamos sobre Deus, nós precisamos sempre usar linguagem islâmica. Algumas vezes, eu até cito algum versículo bíblico, mas não digo que retirei da Bíblia. Os muçulmanos são completamente surpreendidos pela sabedoria que ele expressa, mas se vierem a descobrir que veio da Bíblia, não aceitarão".


Oração 


Outro problema é que é muito difícil para elas encontrarem um marido.


Dimiana: "Um muçulmano não tem a permissão para se casar com um cristão. A única esperança é que Deus encontre um cristão para nós que seja ex-muçulmano, assim como nós. Será que você poderia orar por isso?". Respondi: "É claro que sim! Sobre o que mais podemos orar?"


Dimiana respondeu: "Por favor, ore por nossa família também. Seria muito bom se nossos familiares viessem conhecer a Cristo. Jesus rompeu nossas muralhas de medo, ódio e depressão. Peça que ele consiga fazer isso com eles também. Peça que sejamos mais livres. Queremos proclamar nossa fé, mas ainda nos sentimos aprisionadas".

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Dez razões para ser (ou não) um missionário


"Você adora Deus com todo o seu coração e é consumido pelo desejo 
de anunciar sua Glória"
Dez motivos para não ser um missionário:


1. Você quer que as pessoas pensem que você é aventureiro, corajoso e nobre;


2. Você tem medo de compartilhar o evangelho com pessoas da sua própria cultura;


3. Você deseja “civilizar” outras culturas, especialmente de acordo com a sua própria civilização;


4. Você já tentou outras coisas e não sabe mais o que fazer;


5. Você pensa que isso finalmente te trará a satisfação e a paz que você tem procurado;


6. Seus pais eram missionários e você quer continuar os negócios da família;


7. Você deseja ver o mundo;


8. Sua igreja é muito voltada para missões e você não quer parecer menos espiritual por não fazer o que todo mundo também está fazendo;


9. Você gosta de construir casas para as pessoas;


10. Você pensa que isso te fará mais justo perante Deus.



Dez motivos para ser um missionário:


1. Você adora Deus com todo o seu coração e é consumido pelo desejo de anunciar sua Glória para todos os povos;


2. Você ama compartilhar o evangelho com os não crentes ao seu redor e gostaria de fazer o mesmo em outra cultura;


3. Você deseja ver o arrependimento e a fé que vem de Deus salvando uma cultura tão necessitada quanto a sua;


4. Você sente um chamado irresistível para pregar o evangelho e compartilhar o amor de Deus em outro país, e amigos seus que são maduros na fé também vêem esse caminho para você;


5. Você sente tanta alegria e satisfação em Jesus que não consegue simplesmente não querer servir os perdidos ao redor do mundo;


6. Deus usou seus pais missionários para fazer crescer em você um amor pelos eleitos de Deus espalhados pelo mundo que nunca ouviram o evangelho;


7. Você quer ver o mundo cheio da alegria e da glória de Deus;


8. Sua igreja muito voltada para missões te convenceu que seus medos e seu egoísmo estão te impedindo de perseguir sua vocação missionária;


9. Você gosta de plantar igrejas que ensinam e doutrinam seus próprios membros para diversos serviços;


10. Você é justo perante Deus mediante Jesus Cristo e deseja compartilhar essa mesma verdade com os outros. 


Traduzido por Filipe Schulz 


Fonte: Iprodigo 

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O futuro do movimento de Lausanne - René Padilla


Os números relacionados com o Terceiro Congresso Internacional de Evangelização Mundial — que aconteceu na Cidade do Cabo, África do Sul, de 17 a 24 de outubro, sob o tema “Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo” (2 Coríntios 5:19) — são impressionantes. Estiveram presentes mais de 4 mil participantes de 198 países. Além disso, houve cerca de 650 sites de Internet conectados com o Congresso em 91 países e 100 mil “visitas” de 185 países. Isto significa que milhares de pessoas de todo o mundo puderam assistir às sessões por meio da Internet. Doug Birdsall, o presidente executivo do Movimento de Lausanne, provavelmente tem razão em afirmar que Cidade do Cabo 2010 foi “a assembleia evangélica global mais representativa da história”. Sem dúvida, este resultado foi alcançado, em grande medida, por meio de seu longo esforço. 

Igualmente impressionantes foram os muitos arranjos práticos que se fizeram antes do Congresso. Além do difícil processo de seleção dos oradores para as plenárias e para os “multiplexes” (seminários) e as sessões de diálogo, dos tradutores e dos participantes de cada país representado, havia duas tarefas que devem ter envolvido muito trabalho antes do Congresso: a Conversa Global de Lausanne, para possibilitar que muita gente ao redor do mundo fizesse seus comentários e interagisse com outros, aproveitando os avanços tecnológicos contemporâneos; e a redação da primeira parte (a teológica) do Compromisso da Cidade do Cabo, redigida pelo Grupo de Trabalho Teológico de Lausanne, sob a direção de Christopher Wright. 

Uma avaliação positiva de Lausanne III 
A melhor maneira de comprovar o valor de uma conferência como Lausanne III é analisar os resultados concretos que ela produz posteriormente em relação com a vida e missão da igreja. Por esta razão, a avaliação presente da conferência que acaba de ser realizada na Cidade do Cabo tem que ser considerada como nada mais do que uma avaliação preliminar. 

Cada um dos seis dias de programa (com um dia livre entre o terceiro e o quarto) tinha um tema: 

1) Segunda-feira – Verdade: Defender a verdade de Cristo em um mundo pluralista e globalizado. 
2) Terça-feira – Reconciliação: Construir a paz de Cristo em nosso mundo dividido e ferido. 
3) Quarta-feira – Religiões Mundiais: Testemunhar o amor de Cristo a pessoas de outras crenças. 
4) Sexta-feira – Prioridades: Discernir a vontade de Deus para evangelização deste século. 
5) Sábado – Integridade: Chamar a igreja de Cristo de volta à humildade, integridade e simplicidade. 
6) Domingo – Parceria: Formar parceria no corpo de Cristo rumo ao novo equilíbrio global. 

Cada um destes temas chaves, qualificados como “os maiores desafios para a igreja na próxima década”, era o tema de estudo bíblico e da reflexão teológica a cada dia pela manhã. O texto bíblico que se usava na série intitulada “Celebração da Bíblia” era a carta aos Efésios. Um dos aspectos mais positivos do programa foi o estudo indutivo da passagem do dia, em grupos de seis membros sentados ao redor de uma mesa. Isto deu aos membros do grupo a oportunidade de aprender juntos, de orar uns pelos outros, desenvolver novas amizades e construir alianças para o futuro. Ao estudo bíblico em grupos, seguia a exposição da passagem de Efésios selecionada para esse dia. Sem minimizar a importância da música, do teatro, das artes visuais, dos testemunhos e das apresentações multimídia, uma alta porcentagem dos participantes sentiu que o tempo dedicado a “Celebrar as artes” poderia ter sido reduzido para dar mais tempo para “Celebrar a Bíblia”, atividade que gostaram muito.

Cabe fazer uma menção especial aos vários testemunhos que foram dados nas sessões plenárias pela manhã por certas pessoas cuja experiência de vida ilustrava claramente o tema do dia. Quem que esteve ali poderia se esquecer, por exemplo, da jovem palestina e do jovem judeu que falaram juntos sobre o significado da reconciliação em Cristo acima das barreiras raciais? Ou da missionária estadunidense que falou sobre testificar do amor de Cristo a pessoas de outras religiões, contando como vários cristãos — incluindo seu esposo, médico de profissão — foram assassinados por muçulmanos enquanto regressavam de um povoado isolado onde haviam estado servindo movidos pela compaixão cristã no Afeganistão?

Nos “multiplexes” e nas sessões de diálogo de cada dia (à tarde), foram exploradas em profundidade as implicações práticas do estudo e da reflexão bíblicas da manhã. Certamente que o debate mais relevante sobre os diferentes temas não se realizava necessariamente dentro dos limites de tempo definidos no programa mas nas conversas informais fora do programa oficial. De qualquer maneira, é um fato que muita da reflexão mais rica sobre os assuntos relacionados com os problemas globais contemporâneos se dava nas sessões da tarde. Estas sessões participativas, nas quais se levavam em conta a compreensão da diversidade de perspectivas representadas; a contextualização de ideias, modelos, contatos e materiais; e o compromisso para articular planos de ação, serão a base para a segunda parte do Compromisso da Cidade do Cabo. O plano é publicar o documento de duas partes (a teológica e a prática) com um guia de estudo no fim de novembro. 

Dos vinte e dois multiplexes que se ofereceram durante o Congresso, houve especialmente três que enfocavam assuntos que poderiam ser considerados como os mais críticos para o hemisfério Sul: a globalização, a crise ambiental e a relação entre riqueza e pobreza. Estes três fatores estão vinculados intimamente entre si e, em vista do enorme impacto que produzem em milhões de pessoas no mundo das grandes maiorias, merecem muito mais atenção que receberam até o momento por parte do movimento evangélico. 

Sérias deficiências 
Segundo a definição oficial de sua missão, o Movimento de Lausanne existe para “fortalecer, inspirar e equipar a Igreja para a evangelização mundial em nossa geração, e exortar os cristãos sobre seu dever de participar em assuntos de interesse público e social”. Uma análise detalhada desta definição expõe a dicotomia que influenciou um grande segmento do movimento evangélico, especialmente no mundo ocidental: a dicotomia entre evangelização e responsabilidade social. Por causa desta dicotomia, relacionada estreitamente com a dicotomia entre o secular e o sagrado, o Movimento de Lausanne se propõe a “fortalecer, inspirar e equipar a Igreja para a evangelização” mas só “exortar os cristãos” a respeito de sua responsabilidade social. O pressuposto que está implícito é que a missão prioritária da igreja é a evangelização, concebida em termos de comunicação oral do Evangelho; enquanto que a participação em assuntos de interesse público e social — as boas obras por meio das quais os cristãos cumprem sua vocação como “luz do mundo” para a glória de Deus (Mateus 5:16) — é um dever secundário, para o qual os cristãos não necessitam ser fortalecidos, inspirados e equipados, apenas exortados. 

Na exposição bíblica de terça-feira, baseada em Efésios 2 (o segundo dia do Congresso), esclareceu-se, a partir do texto bíblico, que Jesus Cristo é nossa paz (v.14), fez nossa paz (v.15) e anunciou paz (v.17). Em outras palavras: em Cristo, o ser, o fazer e o proclamar paz (“shalom”, vida em abundância) são inseparáveis. A igreja é fiel ao propósito de Deus na medida em que ela prolonga a missão de Jesus Cristo na história, manifestando a realidade do Evangelho concretamente não apenas pelo que diz mas também pelo que é e pelo que faz. A missão integral da igreja está enraizada na missão de Deus em Jesus Cristo, missão que envolve toda a pessoa em comunidade, a totalidade da criação e cada aspecto da vida. 

A exposição bíblica baseada em Efésios 3, no dia seguinte, pôs em relevo a necessidade urgente que o Movimento de Lausanne tem de esclarecer teologicamente o conteúdo da missão do povo de Deus. Em contraste com o que se disse no dia anterior, o pregador designado para a quarta-feira afirmou que, se bem que a igreja se preocupa com toda a forma de sofrimento humano, ela se preocupa especialmente pelo sofrimento eterno e, consequentemente, está chamada a dar prioridade à evangelização dos perdidos. 

Uma séria deficiência de Lausanne III foi não dar tempo para a reflexão séria sobre o compromisso que Deus espera de seu povo em relação à sua missão. Lamentavelmente, não houve tempo para dialogar sobre o Compromisso da Cidade do Cabo, sobre o qual o Grupo de Trabalho Teológico, dirigido por Christopher Wright, tinha trabalhado por um ano com a intenção de circulá-lo no começo do Congresso. Compartilhou-se o documento apenas na sexta-feira à noite, e não foram tomadas medidas para que os participantes escrevessem pelo menos seus comentários pessoais antes do encerramento da conferência em resposta a perguntas específicas. Segundo o Comitê Executivo, não havia tempo para isso! A postura negativa assumida pelos organizadores do programa a respeito da recomendação de um grupo de participantes anciãos interessados em conseguir que todos os participantes vissem o documento como algo seu, não apenas conspira contra esse propósito. É também um sinal de que o Movimento de Lausanne está ainda muito longe de alcançar a parceria sem a qual não tem base para se considerar um movimento global. 

Em comparação com o tratamento que recebeu o documento produzido pelo Grupo de Trabalho Teológico, dedicou-se, na quarta-feira, toda uma sessão plenária à estratégia para a evangelização do mundo nesta geração — uma estratégia elaborada nos Estados Unidos baseada numa lista de “grupos de povos não-alcançados” preparada pelo Grupo de Trabalho Estratégico de Lausanne. Tal estratégia refletia a obsessão pelos números, típica da mentalidade de mercado que caracteriza um setor do movimento evangélico dos Estados Unidos. Por outro lado, segundo muitos participantes do Congresso que conhecem de primeira mão as necessidades de seus respectivos países em relação à evangelização, a lista de grupos de povos não-alcançados não fazia justiça à situação real. Curiosamente, não constava na lista nenhum grupo não-alcançado nos Estados Unidos! 

Outra deficiência de Lausanne III foi que, como destacou o Grupo de Interesse em Reconciliação, não se fez nenhuma menção oficial ao fato de que o Congresso estava sendo realizado num país que até poucos anos estava dominado pelo Apartheid e ainda sofre a injustiça social resultante desta política. Na realidade, o Congresso realizou-se no Centro Internacional de Convenções que foi construído sobre o terreno que se reivindicou com os escombros do Distrito Sul da Cidade do Cabo quando, em 1950, esse distrito foi declarado uma zona exclusiva para brancos. Consequentemente, cerca de 60 mil habitantes negros foram expulsos da área à força e seus lares foram arrasados por completo. Entretanto, os organizadores da Cidade do Cabo 2010 fizeram ouvidos surdos ao pedido do Grupo de Interesse em Reconciliação que rechaçasse oficialmente “as heresias teológicas que deram sustento ao Apartheid” e lamentasse “o sofrimento sócio-econômico que é o legado atual do Apartheid”. Alguém pode se perguntar quão sério são os líderes do Movimento de Lausanne em seu compromisso com o Pacto de Lausanne, segundo o qual “a mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam” (parágrafo 5). 

A parceria na missão e o futuro do Movimento de Lausanne 
Um fato que hoje reconhecem e mencionam com frequência aqueles que têm interesse na vida e missão da igreja em nível global é que, nas últimas décadas, o centro de gravidade do cristianismo se deslocou do Norte e do Ocidente para o Sul e o Oriente. Apesar disso, com demasiada frequência os líderes cristãos do Norte e do Ocidente, especialmente nos Estados Unidos, continuam considerando que eles são os encarregados de desenhar a estratégia para a evangelização de todo o mundo. Como se afirma na página sobre o “Sexto Dia – Parceria” do livro que contém a descrição detalhada do programa do congresso, “o centro da liderança organizacional, do controle financeiro e das tomadas de decisão tende a permanecer no norte e no ocidente”. 

Tristemente, o maior obstáculo para implementar uma verdadeira parceria na missão é a riqueza do Norte e do Ocidente; a riqueza que Jonathan Bonk, em seu importante livro sobre “Missions and Money” [Missões e dinheiro], descreveu como “um problema missionário ocidental”. Se é assim, e se o Movimento de Lausanne vai contribuir significativamente com o cumprimento da missão de Deus por meio do seu povo, chegou o momento de que a força missionária conectada com este movimento, incluindo seus estrategistas, renuncie ao poder do dinheiro e modele a vida missionária na encarnação, no ministério terreno e na cruz de Jesus Cristo. 

- Texto enviado pelo autor para Editora Ultimato. Traduzido por Novos Diálogos.


• René Padilla, autor de O Que é Missão Integral?, é um dos teólogos e pensadores protestantes latino-americanos mais conhecidos em todo o mundo. Nascido no Equador e residente em Buenos Aires, Argentina, é fundador e presidente da Fundação Kairós e da Rede Miqueias.

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