terça-feira, 12 de agosto de 2025

Como levar missionários, oficineiros e cursos de missões e evangelismo para sua igreja?

 


Uma excelente forma de mobilizar a igreja para missões é através de contato direto com missionários. Acontece que nem toda igreja, ainda mais aquela pequena, independente (não ligada a denominações estruturadas) ou ainda iniciando em sua visão missionária e em seus esforços nesta obra, possui missionários próprios, acessíveis ou acionáveis para ministrar em sua igreja. Assim, conhecer e contar com a presença de pessoal habilitado é uma excelente iniciativa. 

Em geral esses obreiros podem solicitar de apenas cobertura ou ajuda de custo nos transportes, a até um valor fixo; outros, contam com a venda de materiais (livros, apostilas etc.), para suprir custos e ajudar em sua missão. Ou um combinado desses métodos. E, a depender da distância, pessoa/instituição e disponibilidade, há quem vá sem custos.

Vamos conhecer um pouco das possibilidades? Basta clicar sobre os nomes que os hiperlinks direcionarão você até a página de tais missões ou pessoas, para que você possa conhecer o trabalho e iniciar o contato. Você pode ainda procurar as redes sociais de tais missões (instagram, Facebook etc.), e iniciar o contato por lá.

Há dezenas de possibilidades de contar com missionários que têm/tiveram experiência em campo, ou mesmo com mobilizadores missionários treinados e capacitados para representar o trabalho de uma determinada missão ou agência missionária. Em geral, você pode buscar contato com alguma agência missionária, seja denominacional (exemplos: SEMADI - Assembleia de Deus; JMN/JMM - Batistas; etc.), ou interdenominacional (MIAF, BASE, ALEM, MNTB, MOVIDA etc.).

Uma outra alternativa é buscar contato com igrejas de sua região que mantêm missionários em campo. Há igrejas medianas que possuem um sólido trabalho missionário, possibilitado pelo apoio tópico de outras igrejas da região. Quem sabe de seu convite não surge uma parceria?


IGREJA PERSEGUIDA

Um bom tema para mobilização é expor as agruras por que passa a chamada igreja perseguida ou igreja sofredora. Neste quesito, você pode entrar em contato com os escritórios brasileiros da Missão Portas Abertas (que possui representantes regionais) e a Ajuda Barnabás, ou a missão brasileira MAIS, que por sinal é associada a outra importante missão global de apoio à igreja perseguida, A Voz dos Mártires.


EVANGELIZAÇÃO

Há ainda missões ou ministérios independentes que estão habilitados a oferecer à sua igreja de pregações temáticas a cursos e oficinas com o foco principal em evangelismo e sua prática:

AMME Evangelizar - A AMME Evangelizar é uma missão de boa envergadura e focada em evangelização. Além de produzir materiais impressos, oferece cursos e capacitações, seja em sua base, seja ministrando em igrejas locais.

Visão Urbana - Mauro Bueno é um missionário e evangelista fluminense especializado em missões urbanas. Ministra pregações e oficinas à convite. Instagram: @maurobuenorj

Movimento Aleteia - Mantido por Daniel Pequeno, é especializado em evangelismo, ministrando cursos e oficinas sobre o tema. Instagram: @movimentoaleteia


sábado, 26 de julho de 2025

Stanley Jones em 450 Citações - Livro gratuito

 


Eli Stanley Jones (1884—1973) foi um missionário protestante, teólogo e autor norte-americano que dedicou sua vida ao trabalho evangelístico na Índia. Stanley chegou a ser chamado por veículos de mídia de “o maior missionário do mundo”, mas definia-se a si mesmo como um evangelista. Seu esforço de contextualização e promoção do cristianismo entre culturas orientais e seu ímpeto em busca da unidade cristã em prol da Grande Comissão encantaram e mobilizaram a muitos, não sem escandalizar a alguns. Sua luta contra o preconceito racial e social transcendeu fronteiras e religiões, influenciando líderes como Martin Luther King Jr., que se inspirou em sua biografia de Gandhi — de quem Jones fora amigo — para adotar a não-violência no movimento dos direitos civis.

Seus muitos livros — mais de 25 títulos —, alguns dos quais best-sellers, redundaram em lucros revertidos para a obra. Fiel aos preceitos de John Wesley, Jones foi incansável em pregar, em doar, em arder. Pregou mais de 60.000 sermões durante sua vida. Estadista do Reino de Deus, Jones foi um cristão global de fato e direito, décadas antes deste termo fazer sentido.

Num tempo (ou numa sucessão de séculos!) de tantos teólogos preocupados apenas com o teologar, seguros em suas cátedras, púlpitos e urbes, sem maior ou ao menos inteiro compromisso com a Grande Comissão — observe a sua estante, é o caso de mais deles do que você imagina — o exemplo colossal de Jones é um modelo a ser admirado e replicado, se tivermos almas à altura do chamado que pesa sobre todos nós.

Neste e-book GRATUITO, apresentamos um apanhado do pensamento de Jones, na forma de 450 trechos (citações), coligidos de diversos de seus livros.

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quinta-feira, 24 de julho de 2025

O Ganso que amou o mundo das Galinhas - Uma ilustração missionária

 


O Ganso que amou o mundo das Galinhas

 

Em certa fazenda, um homem dedicava-se à criação de galinhas (frangos) de corte. Suas instalações eram famosas em toda a região, pela limpeza e conforto proporcionado às galinhas, sendo a fazenda detentora de vários prêmios e certificações.

Além das galinhas, criadas presas em amplos galinheiros, o fazendeiro mantinha um pequeno bando de gansos. Criados soltos, o objetivo dos mesmos era a vigilância e a guarda da propriedade. É conhecida a capacidade de alerta e até mesmo de ataque dos gansos, usados por isso como verdadeiros cães de guarda.

Mas um daqueles gansos, afastando-se de seu bando, se perdia por muitas vezes, observando o cercado das galinhas. A ração dele era oferecida uma única vez ao dia, em pequena quantidade; a ração das galinhas era farta, e disponível o dia inteiro. Nos dias de chuva ou de sol inclemente, ele precisava procurar abrigo sob árvores ou em cantos de muro; as galinhas estavam protegidas, e até a temperatura de seus criatórios, seguros e à sombra, era controlada, com ventilação nos dias de calor. Ele marchava sobre lama e solo seco, testando as patas contra pedras pontiagudas; as galinhas se esfalfavam sobre macia serragem de madeira, que se sobrepunha a um piso de alvenaria, liso e regular.

E aquele jovem ganso passou a dedicar seus dias, ao invés de andar pela propriedade com seus irmãos, a circundar os galinheiros, observando pelas telas de arame, e tentando mesmo entrar neles a cada vez que a porta era aberta para a entrada ou saída de funcionários. O prolongar daquele comportamento divertiu o fazendeiro, que resolveu um dia deixar o ganso entrar num daqueles espaços. Uma vez dentro, o animal rapidamente avançou para os cochos de ração, e não foi sem prazer que percebeu que a ração das galináceas, além de milagrosamente farta, era bem mais gostosa que a sua. As aves de início se espantaram com aquela presença. Mas, logo, percebendo que o ganso não era hostil ou ao menos viril como os demais dos gansos, se acostumaram com aquele folgazão.

Os dias se passaram, e a ave não demonstrava sinal algum de que desejava sair daquele espaço confinado, porém tão agradável.

Após o transcurso de seis meses, dezembro se apresentou, e com ele as festas de fim de ano. Muitas das galinhas foram levadas para o abate, dias antes – era afinal uma criação de corte, e não de poedeiras de ovos. O ganso observava aquela movimentação com certo espanto, assim como as demais galinhas que ficaram no galinheiro.  De toda forma, ele relaxou: O que quer que tivesse acontecido com as galinhas levadas, ele estava livre, afinal não era galinha, eleito que era de uma outra e melhor espécie. Ficara em paz com o que restara das galinhas, menores e mais magras – ou seja, seu domínio sobre o cocho de ração seria ainda mais absoluto.

Em véspera de Natal, a matriarca daquela grande família, sabendo de todos os filhos e netos que viriam da cidade e até do exterior para a grande confraternização familiar, resolveu apanhar algumas das aves da criação para o preparo da ceia. Ao adentrar o espaço, com surpresa notou que a maior e mais gorda ave do recinto era... um ganso. Tomou aquilo como um sinal da Providência – uma carne diferenciada e que daria um imenso assado, digno de figurar no centro das melhores das mesas!

Pego pelo capataz, a mando de sua patroa, o ganso de repente entendeu sua situação. Enquanto esperneava suspenso, tendo o pescoço e as duas asas manietadas, podia observar de um lado os nababescos cochos de ração, a melhor ração que já provara em sua breve vida; de outro lado, o de fora, pode fixar a vista nos campos à distância, e divisar, na linha do horizonte daquela imensa fazenda, seu bando de irmãos, os outros gansos, marchando pela relva, atentos e barulhentos, cumprindo sua rude, porém nobre missão. E ele se lembrou de sua designação, de sua comissão naquele sistema de coisas, naquele universo dito a fazenda. Invejando a sorte das galinhas, agora compartilhava de seu destino, do alto preço por toda aquela ração, sombra e conforto.

 

*   *   *

 

Não inveje os sem-missão. Pior: Não inveje os que perecem. Não inveje o tolo que é mimado e engordado, em segurança e conforto, para o abate e o fogo. Tua função é guardar, atento e audaz, os campos do Senhor, e revirar o solo em busca de almas perdidas.


Sammis Reachers


quinta-feira, 17 de julho de 2025

Mobilizadores em Ação: Um chamado para transformar vidas (E-book gratuito)


 Maurício Bastos é Líder de Mobilização Missionária e Promotor de Missões Mundiais da JMM. Ele utilizou seu conhecimento e experiência para escrever o e-book Mobilizadores em Ação: Um chamado para transformar vidas

Confira um trecho da apresentação do e-book:

Você já sentiu no coração o desejo de fazer mais pelo Reino de Deus? Ser um missionário mobilizador é mais do que uma função; é um privilégio concedido por Deus para ser um instrumento de transformação.

A mobilização missionária é a arte de conectar a visão de Deus à ação humana, capacitando igrejas, líderes e indivíduos a se envolverem na obra missionária de forma prática e poderosa.

Ao longo deste e-book, vamos explorar os fundamentos, a importância e as ferramentas necessárias para que você possa ser um mobilizador preparado para atender ao chamado de Deus.


O e-book é GRATUITO, e para baixar o seu é preciso se inscrever neste link AQUI.


terça-feira, 8 de julho de 2025

Uma revista de literatura evangélica para download grátis - AMPLITUDE 6 - Jul/2025

 

 

Julho chegou e com ele o novo número (#6) de AMPLITUDE, sua Revista Cristã de Literatura e Artes. Neste número a base vem forte: ficção e poesia, bases, lajes e pilares desta revista, entram em campo com uma seleção especialmente de peso, com oito contistas e quatorze poetas unindo Brasil, Portugal e Moçambique. E mais: Orígenes Lessa, Jorge de Lima, Gióia Júnior, Stanley Jones, Israel Belo de Azevedo. E ainda livros gratuitos, resenhas, games e HQ. AMPLITUDE é eletrônica e é de graça. Leia e compartilhe!

AMPLITUDE oferece espaço GRATUITO para que empresas e pessoas que colaboram com Missões possam anunciar seus produtos e serviços. Se você acredita que se enquadra, entre em contato conosco no e-mail: sreachers@gmail.com


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sábado, 28 de junho de 2025

A motivação para a missão

 


Alan Bazilio

Missão Raabe


Se todo seu empenho e esforço missionário for baseado nas necessidades que você enxerga ao olhar para o mundo, inevitavelmente você será tragado pelas circunstâncias e se tornará um ativistas com motivações ideológicas.

A causa social é justa, real e inegável.
Mas a missão não existe por causa da fome, miséria, injustiça e guerras no mundo.
A missão existe porque "Deus amou o mundo de tal maneira que enviou o seu filho para salvar todo aquele que Nele crer".
A fome, a miséria, a injustiça e as guerras existem por causa do pecado.
A missão é Deus resgatando e salvando o homem pecador e esse novo homem agora em Cristo, por meio de Cristo e para a glória de Cristo, manifestar, tornar visível ao mundo a sua nova vida através de novos frutos.
Abandonando a maldade, a corrupção, a injustiça; ou seja, abandonando as obras das trevas, do pecado e a partir de agora andando na luz.
A missão deve ser feita com os olhos voltados para o Deus e não para as mazelas humanas.
A missão é muito mais que uma causa social.
A missão é uma obra divina, uma porta para a eternidade.
A missão não visa apenas o agora, o presente.
Não quer apenas justiça para quem sofre hoje.
A missão impõe a sua justiça sobre causas sociais sim, mas principalmente sobre o pecado.
Não apenas para que a humanidade não sofra hoje, mas principalmente para que não sofra na eternidade.
A missão de Deus não quer te dar apenas uma vida melhor agora.
A missão de Deus quer te dar vida eterna.
E isso nenhuma agência social, nenhuma ONG, projeto ou fundação pode fazer.
Só a missão de Deus pode oferecer a vida eterna para a humanidade.
E Deus faz isso por meio da sua igreja.
A igreja "não faz missões".
A igreja é o instrumento missionário usado por Deus para o cumprimento da sua missão no mundo.

terça-feira, 17 de junho de 2025

Fortaleça, Senhor, toda a cadeia de expansão do teu Reino

 


Fortaleça, Senhor, toda a cadeia de expansão do teu Reino

 

Fortaleça, Senhor, toda a cadeia de expansão do teu Reino


A dona Maria que ora pelos cristãos perseguidos de Myanmar enquanto está no ônibus, e vai quase sempre em pé de Nova Iguaçu à Barra da Tijuca


Seu Honório que, ainda recuperando-se dos prejuízos de um incêndio, destinou 15% do lucro deste mês de sua agência de carros para a construção de uma nova sala na base missionária em Moçambique

 

Fortaleça, Senhor, toda a cadeia de expansão do teu Reino


O pastor Ronaldson que, após relutar por duas décadas, hoje se rende ao chamado universal da igreja, e decidiu-se a preparar e enviar o primeiro casal missionário


Alessandra que tira xerox do informativo de missões de sua denominação e espalha entre os crentes de seu trabalho, na hora do almoço

 

Fortaleça, Senhor, toda a cadeia de expansão do teu Reino

 

O missionário José que, sob o sol argelino, após uma noite de crise desistiu de desistir, e segue agora para sua escolinha de futebol, onde ensina a nobre arte enquanto ora e fala com argúcia e suavidade sobre o amor de Cristo

 

Timothy, aluno destaque no MIT que neste momento está escrevendo novos padrões logarítmicos que facilitem ainda mais a tradução de textos por IAs

Timothy que luta contra a depressão e ama a tua palavra e quer vê-la traduzida para todas as línguas

 

Fortaleça, Senhor, toda a cadeia de expansão do teu Reino


O megapastor apostólico que do Brasil inaugurará uma sucursal de sua igreja neopentecostal em Berna, na Suíça, em bu$ca dos muitos brasileiros que lá habitam e pro$peram

Igreja que inadvertidamente salvará centenas de refugiados albaneses, afegãos e kosovares

Usa-o como usaste os corvos, o jumento e a mula ou outra qualquer besta do campo


Alexandre, adolescente cético que entrou na igreja atrás de uma namorada "bonita e direitinha" e agora, dependurado no pico da escada, coloca as bandeiras dos países para a Festa das Nações, pois naquela igreja conheceu e fez amizade com o Rei

Abençoe as aulas de bateria e a menina que o Senhor tem preparado para ele – revele-a logo, Senhor – e educa a ambos para as nações.


Fortaleça, Senhor, toda a cadeia de expansão do teu Reino.

 

Sammis Reachers



Do e-book gratuito Versos do Ide - Poemas Missionais

Baixe o seu exemplar AQUI.


sábado, 7 de junho de 2025

A mesma missão para uma Igreja em movimento: O que aconteceu no COMIBAM 2025



Evangelical Focus

Por Elsa Correia Pereira


A capital do Panamá sediou, de 22 a 25 de abril de 2025, a 5ª edição do Congresso Ibero-Americano de Cooperação Missionária ( COMIBAM ).

Com o tema A mesma missão para uma Igreja em movimento , o congresso reuniu cerca de 1.600 pessoas de 25 países e diversas organizações cristãs evangélicas.

Entre líderes, teólogos, pastores, missionários e intercessores, uma verdade se destacou: a Grande Comissão , "Ide por todo o mundo", continua sendo um chamado oportuno, urgente e global.

Ao longo dos quatro dias, os participantes não foram apenas informados sobre estatísticas e estratégias. Eles foram profundamente confrontados com a realidade espiritual de um mundo em transformação, onde o centro da fé cristã está se deslocando para o Sul Global e onde muçulmanos e outros povos antes considerados inacessíveis estão cada vez mais encontrando Jesus de forma pessoal.

Irmãos e irmãs de diferentes partes do mundo abençoaram os participantes com seus testemunhos de como Jesus continua a edificar Sua igreja, mesmo em meio à perseguição e às dificuldades.

Zaza Lima, Andres Duncan, Carlos Madrigal , Afeef Alasah e muitos outros estavam presentes, assim como dezenas de organizações missionárias comprometidas em equipar, enviar e treinar missionários, incluindo Crux Institute , Perspectives , Interserve , Pioneers , Frontiers e muito mais.

Eles também tiveram acesso a um espaço de oração com dezenas de referências a grupos étnicos e povos não alcançados, pelos quais fomos convidados a interceder. Houve inúmeros testemunhos de cristãos surpresos ao encontrar pessoas dos mesmos grupos pelos quais oravam.

A coragem de Urias e a omissão de Davi

A imagem de Urias, o hitita, fiel até a morte, vem à mente como símbolo de um dos perigos mais insidiosos da nossa época: o conforto espiritual. Urias estava na linha de frente da batalha, embora não fosse israelita de nascimento. Davi, o rei ungido, ficou em casa, descansando em seu palácio — e foi nesse conforto que ele caiu.

Essa comparação ressoou especialmente em mim quando refleti sobre os contextos europeu e ocidental, onde a igreja evangélica enfrenta não apenas a secularização, mas também a constante tentação da complacência.

Quantos de nós hoje vivemos como Davi, abrigados em igrejas, estruturas seguras como palácios, debatendo doutrinas, discutindo posições políticas e eclesiásticas, enquanto os verdadeiros heróis da fé, como Urias, estão sozinhos na linha de frente, em contextos de perseguição, migração e pobreza, vivendo fielmente seu chamado missionário?

Povos não alcançados: entre pontes e muros

Um dos temas centrais da COMIBAM 2025 foi o crescente número de muçulmanos que se converteram a Cristo. Desde o ano 2000, mais muçulmanos se converteram ao cristianismo do que em todos os séculos anteriores juntos. Esse fenômeno foi abordado com profundidade e respeito, não com triunfalismo, mas com esperança.

Além das sessões plenárias, os participantes tiveram a oportunidade de escolher entre workshops e grupos de trabalho estratégicos que os ajudaram a entender melhor o contexto em que vivemos e a nos preparar para a missão.

Os tópicos incluíram missão policêntrica , apoio a imigrantes e refugiados , comunidades indígenas , diásporas , esportes e artes como campos e ferramentas de missão, religiões não cristãs, urbanização e muito mais.

Essa compreensão histórica, sociológica e teológica é essencial para dissolver mal-entendidos e construir pontes. Em vez de abordagens apologéticas agressivas, somos chamados a uma atitude de escuta, compaixão e encarnação.

Foi profundamente comovente ouvir quantos muçulmanos têm sonhos e visões de Jesus. Alguns reconhecem Sua voz antes mesmo de saber quem Ele é.

Quando descobrem que as palavras que os confortavam são os ensinamentos do Cristo dos Evangelhos, algo muda. A partir daí, ao ouvirem Suas palavras, sentem que sua alma encontrou um lar.

A hospitalidade como chave para a missão

Um dos conceitos teológicos mais recorrentes no congresso foi a filoxênia, o amor pelo estrangeiro. Hospitalidade bíblica não é caridade. É reconciliação. É profética.

Os cristãos do primeiro século transformaram o Império Romano não com a espada, mas com a hospitalidade. E hoje, o Espírito Santo parece sussurrar mais uma vez à Igreja: "Abre a tua mesa. Escuta antes de falar. Caminha ao lado".

Migrantes de religiões não cristãs na Europa não são mais acessíveis apenas por terem cruzado as fronteiras nacionais. Muitos obstáculos permanecem. No entanto, a autêntica hospitalidade cristã, sem intenção manipuladora, tem sido uma porta de entrada para a fé. Uma frase ecoou repetidamente: "O Evangelho chega primeiro pela mesa, depois pelo púlpito."

Isso representa um grande desafio para as igrejas evangélicas na Europa, especialmente em contextos pós-coloniais como Portugal ou Espanha. Abrir espaço para o outro, para o diferente, é mais do que um ato de tolerância — é um ato de fé.

Quando abrimos nossas casas e igrejas para aqueles que não creem como nós, estamos participando da missão do Deus Trino, que acolhe, ouve e se revela ao longo do caminho.

Caminhando com Deus

Três quartos do Evangelho de Lucas se passam na estrada. Jesus cura na estrada, ensina na estrada, chama na estrada. A missão não é um evento, mas um estilo de vida em movimento. Uma espiritualidade enraizada no discipulado, não meramente no pertencimento institucional.

Em minha pesquisa sociológica, estudei como as igrejas evangélicas oferecem espaços emergentes de sociabilidade para aqueles que se sentem excluídos pela sociedade acelerada (como descreve Hartmut Rosa) e pelo individualismo moderno.

Esse tipo de comunidade também é o que muitos migrantes não europeus buscam: um lugar de pertencimento, significado e conexão.

O desafio proposto pelo COMIBAM 2025 é claro: a missão é agora. E está aqui. Não é mais apenas "até os confins da Terra", mas também no prédio ao lado, na escola dos nossos filhos, na rua por onde andamos todos os dias. Se não formos, perdemos o passo e o ritmo com Deus.

Conclusão: Levante-se, veja e aja

Há um mover de Deus acontecendo em regiões que antes víamos como "difíceis". O Espírito Santo não é impedido por geopolítica, doutrinas ou traumas históricos. Ele continua a soprar onde quer.

Cabe a nós discernir os tempos, afinar os ouvidos e nos erguermos como Igreja para caminhar com o Deus que se move. Que nossa teologia não seja um álibi para a paralisia. Que nossa ortodoxia não nos impeça de amar concretamente.

E que a nossa fidelidade seja como a de Urias, leal até o fim, mesmo que ninguém veja, mesmo que ninguém nos aplauda. Pois o verdadeiro reconhecimento vem de Deus, o Senhor da missão.


Traduzido a partir de https://evangelicalfocus.com/world/31188/the-same-mission-for-a-church-on-the-move-learnings-from-the-comibam-2025-congress


terça-feira, 27 de maio de 2025

MESSIANISMO INDÍGENA NO CONTEXTO MISSIOLÓGICO - Onésimo Martins de Castro

 


Este artigo propõe resumir os fatos narrados no livro “Esperando a volta do Criador – Expectativa messiânica de um povo indígena ‘isolado’ na Amazônia, publicado em 2008 pela Transcultural Editora e Livraria e republicado neste ano com o mesmo título pela UICLAP Editora e Distribuidora Ltda.[1] Título inspirado na fala de um senhor indígena de aproximadamente 65 anos na época, perguntando ao missionário se ele havia visto o Porapohat (criador dos seus antepassados), que eles esperam um dia voltar para curar os doentes e ressuscitar os mortos.

Trata-se de relato fidedigno sobre os primeiros contatos com um povo indígena isolado na época, efetivado em 1987 e assistidos por uma missão Evangélica por um período de 04 anos, livrando-os do processo de extinção a que já estavam fadados. Aborda também os fatos relacionados à perseguição religiosa, que afetou drasticamente a vida dessa população, em nome de uma suposta preservação física e cultural. Porém negando-lhes o direito de conhecerem a mensagem do Criador, expectativa messiânica inerente à sua cosmovisão.

 

RELATO HISTÓRICO

 

No final da década de 1970 e início de 1980, uma equipe de assistência aos povos indígenas localizou-se na cidade de Santarém, na confluência dos rios Amazonas e Tapajós, no Oeste do Pará. Tinham como objetivo definido o mapeamento da região quanto à existência de etnias carentes de atendimento físico, social e espiritual. Eram filiados a uma Instituição Evangélica, que a cerca de 40 anos prestava relevantes serviços aos povos indígenas no Brasil em parceira com o antigo SPI – Serviço de Proteção aos Índios e posteriormente com a FUNAI- Fundação Nacional dos Povos Indígenas.

Estando devidamente preparados e qualificados para essa tarefa e firmados no princípio de amor a Deus e ao próximo, empreenderam viagens aéreas, por estradas, rios e matas à procura dessas etnias. Vários grupos indígenas ainda necessitados desse atendimento foram localizados e passaram a ser assistidos in loco por membros dessa instituição conveniada com a Funai.

         Nesse tempo, tomaram conhecimento de um povo ainda isolado da sociedade envolvente, nas imediações do rio Cuminapanema[2] ao norte do rio Amazonas. Região explorada apenas por castanheiros, balateiros (extratores de borracha) e caçadores, que singravam suas águas. No final dos anos 1970, trabalhadores de uma companhia de exploração mineral (IDESP)[3], acamparam-se em uma savana conhecida como Campos Gerais[4], bem próximo das cabeceiras desse rio. Certo dia, enquanto sobrevoavam o local, depararam com uma aldeia encravada na mata, distando apenas 08 km de seu acampamento.

A Funai que, até então desconhecia a existência desse grupo, foi até a região para averiguação e possível aproximação com essa população. Mas abandonaram o projeto, alegando falta de recurso e com o argumento de que a tribo não sofria ameaça que justificasse a realização do contato. No entanto, ignoraram o fato de que a presença desses exploradores da floresta poderia ter contaminado essa gente com malária ou outras doenças e colocando suas vidas em risco.

         De posse desses dados e levando a sério seu objetivo assistencial a todos os povos necessitados de socorro externo, esses obreiros foram até às cidades vizinhas em busca de mais informações a respeito. Nessa pesquisa, foi confirmada a existência dos indígenas isolados naquela região, inclusive, com relatos de que alguns caçadores haviam se aproximado das aldeias e até encontrado alguns deles na mata. Diante disso, entenderam ser urgente a efetivação do contato para prestar-lhes socorro em tempo ainda oportuno.

Tão logo possível, empreenderam viagem rio acima e posteriormente pela mata até próximo dessas aldeias. E, como estratégia de segurança e com anuência da Funai, construíram uma pista de pouso e uma base de apoio assistencial, que recebeu o nome de Base Esperança.

Isso depois de longos oito anos de árduo trabalho preparatório, envolvendo viagens por um rio caudaloso e tomado de cachoeiras. Depois abriram caminho pela mata até onde construíram uma pista de pouso de 600 metros de comprimento em plena selva amazônica. Trabalho feito com apenas machados, enxadas, enxadões e um motosserra para atorarem os troncos mais grossos. Porém movidos pelo amor de Deus pelos indígenas, se deram de corpo e alma, deixando esposas e filhos na cidade, para que um dia essas pessoas pudessem conhecer o Evangelho.

Suas esposas, verdadeiras heroínas nesse empreendimento, ficavam na cidade com seus filhos ainda pequenos. Para elas, além da saudade e do peso das situações envolventes, havia a falta de comunicação direta com eles. Desde quando tomavam uma embarcação no porto de Santarém para uma cidade vizinha e de lá seguiam por rios e matas em direção ao objetivo proposto, a ausência de notícias era torturante. E, por se tratar de contato com um povo isolado, não sabiam o que poderia estar lhes acontecendo. Porém na dependência do Senhor, cumpriram fielmente sua parte no sublime propósito de Deus para com essa gente.

O primeiro encontro com esses indígenas se deu quando ambos caminhavam pela selva. Momento de muita tensão, emoção e grande realização, vendo o resultado de todos esses anos de luta e ações de Deus. Graças à intervenção divina e o fato de que nos encontros anteriores não houve atrito dos indígenas com os exploradores da região, esse contato foi pacífico. Embora tenso e sem nenhum entendimento na comunicação verbal, essas indígenas foram bem amistosas e cordatas com os visitantes, sendo o contato efetivado no final de 1987.

Até porque, nos encontros relâmpagos que ocorreram anteriormente, os caboclos da região fugiram deixando para trás machados, facões e rede de dormir, que eles pegaram, usaram e estavam ansiosos para novamente adquiri-los. Encontrando-se de novo com quem possuía esses objetos, seu desejo pelos bens de consumo tão essenciais às suas atividades cotidianas foi aflorado. Por isso, logo vieram à base missionária em busca desses utensílios, que tanto desejavam possuir.

Após virem com suas famílias e os obreiros levarem também suas esposas e filhos até o local, o relacionamento mútuo foi solidificado. Mas, quando visitaram as aldeias perceberam que essa população já havia entrado em sério processo de extinção. Isso devido à malária, possivelmente contraída das pessoas que transitavam até próximo de seu habitat.

Graças à ação de Deus e determinação desses obreiros, indo de aldeia em aldeia tratando os doentes, essa moléstia foi sendo aos poucos erradica. Resultando no crescimento dessa população de 119 pessoas no primeiro censo para 136 no final dos 04 anos de permanência da equipe missionária entre eles.

Ao contrário do que se propaga nos meios de comunicação, o contato efetivado com esse povo, conhecido posteriormente como Zo’é (gente legítima), foi preponderante para a preservação da vida e da saúde dessas pessoas. Caso contrário, talvez nem mais existissem, como aconteceu com tantos grupos isolados no Brasil e no mundo.

No entanto, depois de dois anos do contato efetivado, desencadeou-se uma forte perseguição contra a Missão e seus membros. Um dos sertanistas da Funai, declaradamente contrário ao trabalho missionário entre os indígenas, criou o Departamento de Índios Isolados (DII) dessa Fundação, e se fez diretor. E, a partir de 1989, juntamente com outros sertanistas de mesma ideologia, fizeram uma primeira expedição oficial a essa localidade, já com propósito de intervenção no trabalho em andamento.

Nesse mesmo ano, uma antropóloga belga e seu orientando de mestrado iniciaram incursões naquela terra indígena. Juntando-se a esses opositores, produziram falsos relatórios, na tentativa de tornar verdadeiras as calúnias contra os servos de Deus que ali atuavam. Sem conhecimento suficiente da língua, levaram os indígenas a rememorarem as mortes ocorridas a longo do tempo e atribuíram a maioria delas ao período de atuação da Missão entre eles. No entanto, quando esses dados foram analisados por um perito no assunto, veio à tona os graves erros cometidos por esses elementos, tais como:

 

pessoas que foram mortas duas ou três vezes; elemento do sexo masculino que morrera por problema de geração de filho; dor de dente alistada como causa mortis; muitas pessoas que, se estivessem vivos naquela época, teria mais de cem anos, quando a expectativa de vida entre eles era de apenas 56 anos.[5]

 

A mídia anticristã, com jornalistas e diretores tendenciosos, passaram a publicar matérias recheadas de acusações infundadas contra pessoas que estavam gastando suas vidas no socorro àquela população. Não foram poucas as vezes que a Missão teve que ir a público contestar documentalmente tais declarações, para que o povo brasileiro não ficasse ludibriado por tamanhas aberrações.

Em abril de 1991, os antropólogos acima citados, enviaram ao ex-diretor do Departamento de Indígenas Isolados, recém nomeado presidente da Funai, um projeto financiado por “instituições internacionais”, com “levantamento cartorial e requerimentos minerais” e com “monitoramento via satélite”. E, como inimigos da cruz de Cristo, estabeleceram que a condição para implantação de sua proposta seria a retirada da Missão.[6] Isso caiu como uma luva nas mãos desse sertanista e de outros que, juntos articulavam o fechamento do trabalho missionário nessa etnia.

Coincidentemente, em outubro desse mesmo ano, a Missão foi surpreendida com a ordem de que sua equipe deveria deixar a Base Esperança dentro de três a quatro dias. Isso, em um fim de semana, quando as repartições públicas estavam fechadas e sem nenhum processo legal que justificasse tal atitude. E sem ao menos ouvirem a comunidade indígena, como prescreve a legislação indigenista.

Todavia, os Zo’é, mesmo desconhecendo que o Art. 231 da CF preceitua que “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre suas terras que tradicionalmente ocupam...” (grifo nosso), apelavam insistentemente para que seus amigos de quatro anos de convivência não saíssem. E, como legítimos donos daquela terra, propuseram que os representantes da Funai poderiam se estabelecer em outra aldeia, contanto que os missionários permanecessem entre eles, sendo isso registrado no relatório do líder daquela expedição.

 

[...] os Índio em número bastante elevado, mostrando-se exaltados, colocaram o Coordenador em um círculo (...) mandando que voltássemos imediatamente, porque aquele lugar não foi a Funai que construiu, e sim os missionários junto com eles (...) que as pessoas seus conhecidos, puderiam (sic) ficar (...) indo morar na aldeia Keiñã contanto que a Missão continuasse onde estava... [7]

 

Assim, em 23 de outubro de 1991, com os corações partidos, mas esperançosos de um dia voltarem, tiveram que deixar a Base Esperança, não obstante ao apelo constante dos indígenas, que em prantos diziam:

 

—Não vão embora! Vocês foram os primeiros a chegar aqui e, quando estávamos doentes e morrendo de malária, foram vocês que nos deram remédio e saramos; se vocês forem embora nós voltaremos a morrer.[8]

 

No entanto, mesmo saindo com a promessa de que dentro de pouco tempo a equipe poderia retornar, não puderam nem mesmo ir buscar seus pertences que lá ficaram. Consequentemente, a expectativa messiânica dos Zo’é foi retardada, visto que aqueles que possuíam a mensagem do Criador e haviam prometido lhes anunciar e desenhá-la em sua língua, foram afastados do seu convívio.

 

 

REFLEXÃO

 

Infelizmente, essa situação tem perdurado por longos anos e, até o momento, nenhum missionário evangélico tem acesso a essa etnia. Até mesmo os líderes de igrejas indígenas dessa região têm sido impedidos de visitar os seus patrícios.

Uma constante batalha tem sido travada junto às autoridades constituídas para que os direitos constitucionais desse povo sejam contemplados, dentre eles a oportunidade de ouvir a mensagem do Porapohat (o Criador), que tanto esperam.

Assim sendo, conclamo aos amados leitores e a todo o povo de Deus a um movimento de intercessão por essa etnia e tantas outras ainda não alcançadas. Para que o Todo-Poderoso, que tem o coração dos reis em Suas mãos”, derrube as barreiras existentes e levante novos trabalhadores para a Sua Seara.

E com o mesmo empenho, ouvindo atentamente o desafio do Senhor, por meio do profeta Isaias: “A quem enviarei e quem há de ir por nós?” Oxalá possamos também dizer: “Eis-me aqui, envia-me a mim!” - Isaias 6:8 – preenchendo assim as vagas ainda existentes nos campos brancos para ceifa. E dessa forma, participando da colheita final, quando “todas as nações, tribos, povos e línguas” estarão representadas diante do trono do Cordeiro.  Apocalipse 7:9

 

 

Onésimo Martins de Castro

Agência Presbiteriana de Missões Transculturais - APMT

 


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NOTAS

[1] 📖 Formato físico - https://loja.uiclap.com/titulo/ua87956; 📖 Formato e-book - https://a.co/d/5iwyndg

[2] Principal afluente do rio Curuá, que por sua vez lança suas águas em um dos muitos lagos à esquerda do rio Amazonas, nas imediações da cidade de Alenquer.

[3] Dominique T. Gallois e Luís Donizete 13. Grupioni, Aconteceu Especial 18, Povos Indígenas no Brasil 1987/88/89/90. São Paulo: CEDI, 1991, p.210

[4] . Lugar de vegetação baixa semelhante ao serrado de Goiás.

[6] Carta de Dominique Gallois a Sidney Possuelo em 17/04/91

[7] Relatório do sertanista João Evangelista de Carvalho, em 23/11/91

[8] Dados contidos em gravações em fita cassete em outubro de 1991

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