sábado, 24 de maio de 2014

Uma descoberta surpreendente sobre a influência real dos missionários





Antonia Leonora van der Meer

Em janeiro, a revista “Christianity Today” publicou uma reportagem sobre o sociólogo Robert Woodberry, que fez uma pesquisa cuidadosa sobre a influência dos missionários no mundo. Vale a pena ler a reportagem completa, mas ressalto aqui alguns pontos importantes.

Woodberry ouviu uma palestra de Kenneth Bollen, que mencionou ter encontrado vínculos estatísticos entre democracia e protestantismo. Decidiu, assim, começar a pesquisar dados antigos sobre religião. Encontrou um atlas de 1925 com dados sobre todos os postos missionários do mundo. Viajou para Tailândia e Índia para consultar especialistas locais. Pesquisou arquivos em Londres, Edimburgo, Serampore (Índia), América do Norte, Ásia e África. 

Buscou saber por que algumas nações desenvolveram democracias representativas, nas quais cidadãos tinham o direito de votar e reunir-se em liberdade, enquanto países vizinhos sofriam sob ditaduras. Saúde pública e crescimento econômico também variavam de país para país.

Na Universidade de Togo, a biblioteca tinha poucos livros e a livraria só vendia canetas e papel. Um estudante explicou: “Não compramos livros; os professores leem os textos e nós copiamos”. Do outro lado da fronteira, na Universidade de Gana, havia prateleiras com centenas de livros. De onde surgiu esse contraste? No período colonial, missionários britânicos tinham estabelecido escolas e imprensas. Porém a França, poder colonial no Togo, restringia severamente o trabalho missionário.

No Congo, Woodberry fez uma descoberta dramática. Colonos nos dois países haviam obrigado nativos a coletar borracha na floresta. A desobediência era castigada com aldeias destruídas, homens castrados e crianças com membros decepados. No Congo Francês, houve poucos protestos. Porém o Congo Belga permitira a entrada de missionários protestantes. O casal John e Alice Harris tirou fotos das atrocidades e conseguiu contrabandeá-las para o exterior. Assim desencadeou-se um movimento de protesto.

Áreas onde houve presença significativa de missionários protestantes normalmente estão mais desenvolvidas economicamente, têm melhor cuidado com a saúde, menos mortalidade infantil, menos corrupção, mais alfabetização e melhor nível acadêmico (especialmente das mulheres).

Woodberry criou um modelo estatístico para testar a relação entre o trabalho missionário e a saúde das nações. Descobriu que o impacto de missões sobre a democracia foi enorme.

Na China, os missionários lutaram para acabar com o tráfico do ópio. Na Índia, lutaram para acabar com os abusos dos grandes latifundiários. Os missionários não pensavam em se tornarem ativistas políticos. Simplesmente amavam o povo e procuravam corrigir as injustiças.

A alfabetização e a educação em massa foram fruto da doutrina do sacerdócio de todos os crentes. Se todos são iguais perante Deus, todos devem ter acesso à Bíblia na própria língua.

O autor não nega que houve abusos de missionários. Contudo é bom perceber, por meio de um estudo sério, que a obra missionária trouxe mais proveito do que problemas.


• Antonia Leonora van der Meer (Tonica) é escritora e professora de pós-graduação em missiologia no Centro Evangélico de Missões (CEM).

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