terça-feira, 16 de agosto de 2016

Não existem países fechados



Nenhum país está fechado para pessoas, mesmo sendo cristãs, que trazem produtos e habilidades necessários. Qualquer um que pode suprir os produtos e as habilidades de que o país precisa é bem-vindo. 
Se você diz a seu vizinho ou colega descrente que a Arábia Saudita ou a China são países fechados, ele vai perguntar: O que você quer dizer com isso? Conheço um monte de gente que vai lá e que trabalha lá. O que você quer dizer com fechado? 
“Fechado” é um termo muito restrito ao linguajar missionário. Ninguém usa essa palavra fora do contexto de crentes com visão missionária. Ela não faz sentido para os descrentes e nem mesmo para a maioria dos crentes. 
Se você diz que a Coreia do Norte é um país fechado, as pessoas irão compreender. O líder paranoico e despótico da Coreia do Norte, Kim Jong-un, limita quase totalmente a entrada de estrangeiros – mas não deixa de permitir a entrada de produtos e profissionais essenciais. E se você disser que Cuba está fechada para os americanos, as pessoas também irão entender. 
Na verdade, todo país precisa e deixa entrar produtos e experiência de fora, pelo menos até certo ponto. Muitos, contudo, não concedem vistos para religiosos profissionais, exceto para os que trabalham para a religião oficial. De 70 a 80% restringem a emissão de vistos para missionários, mas dão as boas-vindas a outros profissionais, sem ligar para sua religião. O mundo está aberto para profissionais cristãos com as habilidades e produtos de que necessita. Todos podem entrar legalmente. Não sabemos de nenhum país em que fazedores de tendas não podem entrar, incluindo a Coreia do Norte. 
As palavras influenciam o pensamento. A palavra “fechado” distorce nossa ideia de países fechados. Achamos que países fechados são maus e totalmente fechados ao evangelho. Mas isso é preconceito. Essas nações não rejeitam apenas o cristianismo, mas todas as religiões estrangeiras. Além disso, rejeitar o cristianismo não é a mesma coisa que rejeitar o evangelho. As pessoas de cada lugar nem podem deixar de considerar o cristianismo como religião estrangeira, enquanto não o virem sendo demonstrado e transmitido por testemunhas presentes. É por isso que fazedores de tendas são essenciais. Mesmo quando se permite a entrada de missionários, seu testemunho sempre é desvalorizado por se tratar de “religiosos profissionais remunerados”. 
Um taiwanês respondeu, quando perguntado sobre o que achava do trabalho dos missionários em Taiwan, que eles recebem para fazer convertidos. Somente fazedores de tendas podem apresentar a autenticidade e o poder do evangelho na vida diária. 
Todos os países são fechados para política, cultura e religião que vêm de fora e lhes são impostas. Eles querem decidir seu próprio destino e desenvolver a si mesmos como bem entendem. Sim, motivação maligna – ganância, privilégios, poder e posição – os corrompem e amarram muito. E nações totalitárias com frequência são as mais opressivas, corruptas e subdesenvolvidas. Mas o desejo dos povos de determinar seu próprio destino e criar valor verdadeiro é uma expressão da imagem de Deus em nós. 
Nós como cristãos deveríamos entender isso melhor que ninguém. Deveríamos parar de considerar essas nações totalmente fechadas para o evangelho. 
Dois outros pensamentos acompanham o conceito de países fechados: que, para espalhar o evangelho, os missionários é que têm de ir, e que precisamos preparar obreiros em tempo integral, sustentados por doações, para continuar a espalhá-lo. Em nenhum lugar a Bíblia ensina isso. Na verdade, a grande expansão do evangelho para além de Judeia e Samaria registrada na segunda parte de Atos foi efetuada por fazedores de tendas, isto é, por trabalhadores autossustendados que integravam trabalho com testemunho. 
Fazer tendas confere poder e credibilidade ao evangelho. A evangelização é multiplicada pela ativação de discipuladores leigos. E cria um padrão de liderança leiga e pastoreio sem que se precise esperar por sustento e treinamento profissional de ministros. Líderes leigos levantados por Deus servem de exemplos poderosos de discipulado, como súditos verdadeiros, não pagos, do Senhor dos senhores no mundo. E a estratégia de fazer tendas gera muito mais líderes para a igreja e a missão. 
Portanto, paremos de chamar os países de fechados ou de acesso restrito ou com outros termos que traem os óculos coloridos de obreiros em tempo integral. Devemos reconhecer o tremendo chamado e capacidade de trabalhadores leigos, tanto de fora como do lugar. E, por fim, entendamos que todos os países estão de braços abertos para cristãos que têm os produtos e as habilidades de que eles necessitam. 

Via Global Opportunities, Jan. 2014.  Tradução: Hans Udo Fuchs.

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