sábado, 6 de outubro de 2018

UM RELATO DE EXPERIÊNCIA - Missão no Haiti



“Como são belos nos montes os pés daqueles que anunciam boas novas, que proclamam a paz, que trazem boas notícias, que proclamam salvação, que dizem a Sião: "O seu Deus reina!”
Isaías 52:7


UM RELATO DE EXPERIÊNCIA - MISSÃO NO HAITI

No dia 12 de janeiro de 2010, um terremoto de alta magnitude atingiu o Haiti, causando muita destruição e mortes. Após o terremoto, no mês de março daquele ano, eu, Dilene Lopes, e um grupo de missionários visitamos esse país, especialmente suas igrejas, as quais estavam em ruínas devido ao abalo sísmico.
Nos primeiros dias, em uma das igrejas que visitei, os membros me contaram que acontecera um culto, e me mostraram os locais onde estavam o púlpito e o coral no momento do ocorrido. Pude, também, visitar famílias que tiveram perdas de parentes e amigos. E numa dessas visitas, conheci um casal de pastores que haviam perdido a filha durante o terremoto.
Este casal nos recebeu com semblante de profunda tristeza, nos relatou que seus dois filhos estavam na escola no momento da tragédia e, sem forças, nos disse que havia perdido sua filha. O pai contou que o filho mais velho, o qual havia sobrevivido ao terremoto saiu à procura da irmã em meio aos escombros, poeira e à uma multidão de pessoas chorando e gritando, mas já tarde demais pois ela estava morta no meio de cimento e ferro da estrutura escolar.
E ele nos disse que após o ocorrido, muitas pessoas se levantaram contra ele questionando a Deus, dizendo: “onde estava seu Deus? Porque seu Deus permitiu isso? Porque seu Deus não salvou sua filha?”. E, então, oramos por eles.
Dias depois, visitamos um outro lugar bem distante. E para chegar lá, tivemos que ir de carro até parte do caminho e continuar a trilha à pé e de cavalo, pois não dava para ir de carro até o local durante todo o trajeto. Muito embora houvesse o obstáculo da distância, fizemos o percurso com alegria no coração, rindo e louvando a Deus com os irmãos nativos, mesmo com a dificuldade de cantar na língua deles.
Estivemos hospedados naquele vilarejo por três dias; tomamos banho de riacho; o banheiro era de latrina; à noite não havia iluminação e havia muitas baratas no local. Dormíamos em barracas e minhas costas passaram a doer muito! Tudo o que eu queria era um lugar mais confortável para eu me encostar...
Esse lugarejo era afastado de tudo. Pessoas vinham de lugares distantes para cultuar a Deus e muitas delas chegavam a viajar por 4h à pé para estarem ali. Tamanha era a sede daquele povo por Deus e a força de vontade de estarem reunidos para adorarem a Deus, juntos, mesmo em meio ao caos estabelecido! As crianças iam chegando e, em seguida, os mais velhos. Lembro-me, também, que havia um pastor idoso que chegou da mata muito alegre e cheio de vigor, exalando felicidade com a sua Bíblia na língua francesa, isso porque ele não tinha uma bíblia no seu dialeto.
Aquele pastor, em especial, chamou-me muito a atenção. Ele contou que viera ouvir o que Deus tinha a dizer através de nossas vidas, e estava grato por Deus ter enviado pessoas de tão longe, as quais deixaram o conforto de seus lares para levar consolação a um povo que estava sofrendo com a recente tragédia. Aquela gratidão, tão perceptível, mesmo em meio àquela notória destruição, perdas, epidemias, falta de alimentos, nos constrangeu de forma extraordinária!
Segundos depois, senti a voz do Espírito Santo me dizendo: “Olhe para os pés dele!”. Eu olhei logo em seguida e vi que ele estava com os pés descalços, sujos pela poeira do caminho, com os dedos machucados e com a pele cheia de rachaduras. Foi aí que, então, o Espírito Santo me disse: “Dilene, sabe os pés formosos? Os pés formosos que anunciam as boas novas? Eis que estão à sua frente. São os pés feridos, cheio de rachaduras, expostos ao solo, com calos, marcados pela dor e que necessitam de cuidados.”
E sabe, caro leitor, naquele momento entendi, e ainda me agarro nesse entendimento, de que a caminhada cristã não é fácil! De que não adianta querermos enfeitar nossos pés ou tentar deixá-los lindos, pois a verdadeira caminhada cristã vai nos deixar marcas. Ela vai nos parecer por vezes dolorida, sofrida, cheia de renúncias, perdas, traição, abandono, humilhação, rejeição, julgamentos, críticas e até mesmo a morte.
Vamos, muitas vezes, precisar de socorro e de nos submetermos ao tratamento médico. E, eu te digo: não queira mudar essa realidade! Talvez seu pé esteja machucado demais a ponto de sangrar, mas adiante de você ainda está uma longa caminhada a percorrer. Seu coração pode estar cheio de tristeza e amargura, e até perdido a alegria de servir ao Senhor. Ou quem sabe, sua força pareça estar sendo sugada todos os dias, seus amigos e igreja te abandonaram e sobre sua vida há um ataque de morte.
Como irmã na fé, encorajo-te a voltar para o que a palavra de Deus diz. Leia-a, ouça o que Ele tem a dizer-te e guarde-a no fundo do seu coração. O nosso Pai vai te carregar, Ele é como um médico que irá ao encontro do seu coração, trazendo o remédio e cura que precisa. Nosso Pai é capaz de renovar suas forças e te dar o ânimo necessário para viver um dia de cada vez. Ele está sempre presente e não te abandona! Nosso pai, o dono da vida não vai deixar você morrer.
Então, se o exército que se chama IGREJA um dia falhar com você, lembre-se: existe um exército no céu, os anjos do Senhor, que em nome D’Ele, não falharão! O inimigo não vai te vencer! Fique firme, calma, ande devagar, dê pequenos passos, pare, sente, descanse, chore, ore, ria, coma, durma, leia a palavra e continue, pois ainda não terminou.
Com amor. Sua conserva,
Dilene Lopes.
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Dilene Lopes é pastora e pedagoga.

Um comentário:

As Bênçãos de Deus disse...

Linda mensagem de esperança para nossos dias tão conturbados.

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