sexta-feira, 24 de maio de 2013

Como você vê o missionário?



Kelem Gaspar
Há crentes, ministérios, pastores e igrejas que veem o missionário como um cidadão de segunda classe, alguém que não “deu certo” aqui e aventurou-se pelo campo missionário por pura incompetência. Claro que se a visão é essa, ninguém tem o menor desejo de orar, contribuir ou ajudar. Dá-se qualquer coisa, doa-se para o missionário, sem o menor pudor ou vergonha, o ventilador sem hélice, a roupa usada em péssimo estado, a geladeira sem motor, o ferro sem resistência, enfim, tudo o que é sem valor ou que dificilmente teria alguma utilidade. Crentes semeando lixo na obra mais importante da terra, investindo sobras na obra pela qual o Cordeiro deu sua vida. Na verdade, eu não tenho medo de afirmar que essa história que missionário tem que ser miserável para provar sua devoção, que o missionário deve andar mal vestido, passar fome e, depender da caridade alheia para sobreviver nasceu no inferno. É do diabo essa forma de pensar, e ele tem feito um excelente trabalho de marketing, porque são muitos os cristãos que pensam dessa maneira. Uma vez, enquanto eu estava no campo missionário nas inóspitas selvas bolivianas, recebi de uma irmã um par de sapatos de cores e modelos diferentes, amarrados com uma cordinha e com um bilhete que dizia: missionária, aqui está esse par de sapatos, sei que são diferentes, mas você não se importa, não é? Afinal de contas, você é missionária...

Encontrei cero dia, um amigo, também missionário, em uma feira na cidade boliviana de Guajará Mirim, ele estava indo dirigir uma reunião com os índios quéchuas, quando parei para cumprimenta-lo, percebi que ele usava uma calça jeans muitos números maior que o seu manequim, quando lhe perguntei o porquê, ele me disse que uma irmã, proprietária de uma grande loja, havia percebido que ele só tinha uma calça e lhe ofereceu uma, que por sinal, ela nunca havia conseguido vender, por ser muito grande e feia. Olhe aí, o marketing do diabo dando certo novamente. Não presta? Doe para missões. Está velho demais? O missionário reaproveita. Quebrou? Dê para o filho do missionário. Rasgou? A missionária remenda. Uma oferta assim agride a santidade de Deus, Ele deu seu único filho por essa obra, Jesus deu sua vida para torna-la possível e nós não podemos desvalorizá-la ao ponto de nossa oferta ser uma vergonha diante dos céus. Quer abençoar um missionário, dê algo novo ou em perfeitas condições de uso, lembre-se, sua contribuição é uma excelente régua para medir seu compromisso.

Trecho do novo livro da missionária Kelem Gaspar. Kelem é missionária com anos de militância na obra do Senhor, no Brasil e em países amazônicos. Atualmente mantém uma creche missionária e uma escola de Missões em Maracanã, no estado do Pará.

Conheça o blog e o trabalho de Kelem Gaspar - 

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho que foi colocado mt sensancionalismo neste post ! Missionário não pode ser como um mendigo e nem tb receber 10 salarios minimos como mt querem fazer. Pb Roberto Rocha

Anônimo disse...

Sensacionalismo? Creio que não, mas respeito sua opinião irmão Roberto. Reflete a realidade de muitos que vivem distantes e precisam do sustento mensal das igrejas locais. Hoje vemos uma grande parcela de pastores locais que ganham esse valor que você menciona, 10 salários. Dificilmente encontrará missionários nesse mesmo padrão. Lógico, que como missionário integral, sou totalmente contra um obreiro viver com tamanha soma, mas sou a favor de um relacionamento mais próximo entre as igrejas/membros/pastores e seus missionários. Manter orfanatos, plantar igrejas, desenvolver ministérios prisionais, discipular universitários, trabalhar com dependentes químicos, entre muitos outros trabalhos, requer apoio intenso em oração, pastoreio e sustento. A obra precisa ser feita com qualidade, com excelência, e isso requer renúncia e investimento. Como adminstrador de empresas bem sucedido, hoje convicto do chamado missionário e entregue ao serviço integral, avalio que existem muitos joios em meio aos trigos, e para se saber de fato onde investir (qual missionário tem de fato exercido um ministério íntegro e eficaz), é necessário acompanhar de perto, avançando "ombro a ombro" junto a igreja local.

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