quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Como num certo estaleiro longe d’água...

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Antônio Carlos W. C. de Azeredo
in Revista Ultimato

Dificilmente algum empresário sensato pensaria em plantar um estaleiro para barcos de grande porte longe de águas em que eles pudessem ser jogados facilmente. Porém, como o evangelho é coisa de louco (foi Paulo quem disse...), não é de admirar que Noé tenha feito exatamente isso!

Quando começou a construção, Noé sabia que não era para já que Deus mandaria o dilúvio. Quando a estrutura da arca estava erguida e as tábuas, a meia altura, Noé continuava sabendo que o dilúvio ainda não era para já. Mas prosseguiu. Na fase do acabamento, deve ter pensado: “Agora já não vai mais demorar tanto...”.

Certamente Noé estava achando difícil conviver com o nível de apodrecimento moral daquela gente no meio da qual era forçado a viver, e por isso deve ter-se apressado, pois sabia que as águas prometidas por Deus não viriam senão quando o grande barco estivesse pronto. Por certo chamavam-no de louco por causa de seu estaleiro sem propósito e dos anos perdidos com aquele “elefante-branco”.

Afinal, pensava Noé, a execução da justiça de Deus pela via do prometido dilúvio de águas é que marcaria o começo de uma como que nova criação, e isso aconteceria num quase-já. Era só questão de tempo. E não parou: Noé sabia que cabia-lhe fazer o acabamento finalíssimo da arca para que as coisas acontecessem.

Muitos anos depois que o dilúvio aconteceu, os profetas sinalizaram um novo fim, do qual o dilúvio de Noé seria uma espécie de parábola. Vindo Jesus, reiterou o aviso e forneceu muitas pistas quanto ao final dos tempos. Tal como aconteceu no dilúvio, não marcou data nem hora.

Porém as pistas que Jesus deixou apontam para uma época cujos contornos são facilmente perceptíveis hoje. Entre elas, uma tem alvoroçado a igreja: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim” (Mt 24.14). Alvoroçado, sim, porque afinal, como nos dias de Noé, os filhos de Deus estão achando difícil conviver com a podridão moral do mundo em que vivemos.

E esse “não-é-pra-já” tem embalado o ânimo da igreja até bem pouco tempo atrás. Contudo a proliferação de guerras e doenças, a globalização e o alastramento das condições propícias ao aparecimento de fomes e mortandades, tudo isso pinta com cores muito vivas os esboços do cenário do fim predito por Jesus.

É nesse contexto que a igreja, percebendo-se como Noé na fase de acabamento da arca, vê que lhe compete fazer algo para “cooperar” com Deus no apressamento do fim deste estado lastimável de coisas. E lembra-se então de que foi dito que a chegada do fim só aconteceria quando o evangelho fosse pregado em todo o mundo.

Assim, crentes de visão se levantam para ir, ou para apoiar os que vão pregar nos confins onde o evangelho ainda não fez ouvir sua mensagem de libertação. Nesses confins é que estão contidos os últimos representantes “de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7.9), que estarão com Cristo quando ele vier restaurar os “novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2Pe 3.13). Para a glória de Deus!

Antônio Carlos W. C. de Azeredo é presbítero da Igreja Presbiteriana Nacional, em Brasília, DF.

Um comentário:

Evandro Salgado disse...

Olá, estou divulgando um blog com intuito de incentivar profissionais de saúde, ou outros, a se envolver com missões. Parabéns pelo blog. Abraço.
http://saudeemissoes.blogspot.com

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